Jo Stein 16/08/2023
"O tatuador de Auschwitz é a história de duas pessoas comuns, vivendo em um tempo extraordinário, privadas não apenas de sua liberdade, mas de sua dignidade, seus nomes e identidades, e é o relato de Lale sobre o que precisavam fazer para sobreviver. Lale levou sua vida segundo o lema 'Se você acordar pela manhã, é um bom dia.' (...)"
O que somos capazes de fazer para sobreviver?
Como amar em meio à dor, à morte, ao sofrimento, à crueldade? Levado ao campo de concentração em Auschwitz, Lale logo aprendeu o ofício que poderia lhe salvar a vida, o de tatuador. E dentro dessa prisão de terror, ele conheceu Gita, seu grande amor.
É uma obra linda, apesar do enredo referenciar um período trágico de sofrimento extremo dos judeus e de outros grupos, e descrevendo com bastante munuciosidade algumas cenas, aproximando o leitor daquela realidade descrita - chocante e torturante até mesmo de se ler. No entanto, há beleza, uma luz diante desse ambiente de lascerante dor, e essa surge quando o autor é conduzido a presenciar uma história simplória de amor e até mesmo superação de um casal que surge diante de um contexto completamente improvável, com adversidades que comprometem diretamente a vida.
Lale contratou Heather Morris para escrever sua história com Gita e fico imaginando como ela, enquanto escritora, deve ter se sentindo ao ouvir essa narrativa de primeira mão.. Como deve ter sido conhecer e encarar a pessoa que passou por toda aquela tortura, e conseguiu perseverar, se refazer, e estava ali revivendo tudo aquilo para que o mundo conhecesse seu testemunho de uma época que jamais deve ser repetida.
"E, no entanto, ele está ali agora. Dois anos haviam se passado. Ele vive em uma comunidade em grande parte dividida em duas -judeus e romanis-, identificadas pela raça, não pela nacionalidade, e aquilo é algo que Lale não consegue entender.
Nações ameaçam outras nações. Elas têm o poder, elas têm as forças armadas. Como uma raça espalhada em múltiplos países pode ser considerada uma ameaça? Por mais que ele viva, seja pouco ou muito, ele sabe que nunca compreenderá aquilo."