Gisele @abducaoliteraria
06/07/2018Uma leitura diferente e gostosaVocê está pronto para ler a melhor história de amor (também divertida, incomum e cheia de aventuras) já escrita?
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Esperava várias coisas de A Princesa Prometida, mas o livro em si me entregou muito mais. Sobre todas as surpresas, a narrativa recheada de sátiras e um humor descomedido foram o que mais me empolgaram durante a leitura.
Pode-se dizer que o livro nos apresenta duas histórias. Sobre A Princesa Prometida, é claro, e também a de William Goldman, que ao contrário do que se espera, se diz não ser o autor da obra. Segundo ele, o grande criador se chama S. Morgenstern. William nos envolve contando sobre a sua relação pessoal com a história, mostrando o porquê ela é tão especial para ele, e consequentemente, o motivo dele querer publicá-la. Por hora, o que você precisa saber é que, segundo o autor, ele conheceu essa história aos 10 anos, quando seu pai decidiu ler para ele.
Só que não foi uma leitura comum. Willian conta que, muito mais tarde ele descobre a forma com que seu pai decidiu contar essa história: excluindo as partes chatas e se concentrando somente nas partes boas. Naquela época, o que o entusiasmou de verdade foi tudo o que seu pai prometeu sobre a leitura. "Esgrima. Luta. Tortura. Veneno. Amor verdadeiro. Ódio. Vingança. Gigantes. Caçadores. Homens maus. Homens bons. As moças mais bonitas. Cobras. Aranhas. Criaturas de todos os tipos e formas. Sofrimento. Morte. Homens corajosos. Homens covardes. Os homens mais fortes. Perseguições. Fugas. Mentiras. Verdades. Paixões. Milagres". Então, quando a história de A Princesa Prometida de fato começou, eu também esperei por tudo isso.
Buttercup é uma das mulheres mais lindas do mundo, e tem o potencial para se tornar a número um. Só que antes de chamar a atenção do príncipe Humperdinck de Florin, seu coração pertencia ao garoto da fazenda, que anos antes partiu para a América com o intuito de enriquecer e oferecer a ela um bom futuro. O garoto, no qual se chamava Westley, morre ainda a caminho do seu sonho, e com isso, o coração de Buttercup perde a vida junto com o seu amor verdadeiro. Agora, prestes a ser apresentada à sociedade como a noiva de Humperdinck, Buttercup acaba atraindo diversos olhares, alguns deles com intenções nem um pouco boas.
A história se torna ainda mais interessante quando conhecemos uma gangue constituída por três personagens incomuns. Vizzini, Inigo e Fezzik. A princípio, não dei muita importância a eles, imaginei que seriam algo próximo aos trapalhões, mas a história surpreende mais uma vez quando resolve desenvolvê-los, em especial Inigo e Fezzik, que acabaram se tornando meus personagens favoritos. Fezzik, o gigante turco de bom coração, que o que tem de tamanho, não tem de cérebro, mas que ao mesmo tempo adora fazer rimas. E Inigo, o bruxo espadachim que só pensa em se vingar do assassino de seu pai. A história dá uma guinada e de repente você se vê torcendo para os supostos vilões.
Não é um livro para se levar totalmente a sério, então não se espantem com as inúmeras situações inverossímeis que ele apresenta, porque o autor brinca e satiriza diversas situações comuns em histórias de romance ou fantasia. Morgenstern e William compartilham de um humor atípico e semelhante um do outro (até demais), e a narrativa se torna um tanto duvidosa. Falhei ridiculamente ao tentar distinguir até que ponto aquilo que estava diante de mim era verdade, ou se estavam tirando uma com a minha cara (desconfio que foi muito mais a segunda opção). O pior de tudo é que isso também foi muito hilário, e o meu consolo é saber que não fui a única a ser enganada, muito pelo contrário, essa é uma consequência quase natural para qualquer leitor dessa história.
Mas não se equivoquem, a trama não é somente divertida. Mais para o final do livro, algumas coisas tensas começam a acontecer, e eu fiquei com o coração muito apertado. Me senti um tanto traída. Não era para ser uma história leve, divertida , beirando o ridículo com tantos absurdos? Deixem meus personagens queridos em paz! Mas a moral da história, e o que Willian tenta nos ensinar, é que a vida não é justa e nós precisamos aprender a lidar com isso. Então, preparem-se.
A Princesa Prometida é sim, uma história sobre sobre "Esgrima. Luta. Tortura. Veneno. Amor verdadeiro. Ódio. Vingança. Gigantes (…)". Enfim, sobre tudo aquilo que o pai de William prometeu a ele, contada através de uma narrativa deliciosamente cômica que arranca gargalhadas; é quase impossível passar uma página inteira sem rir. A intromissão de Willian com textos em itálico compartilhando sua própria experiência de leitura, nos alertando do que está por vir ou justificando algum corte da "obra original" torna a leitura muito incomum e surpreendente.
Logo quando estava no finalzinho do livro, aproveitei para conferir o filme. Ele é bem legal e fiel, principalmente na caracterização dos personagens (com exceção de Humperdinck) mas é óbvio que o livro entrega muito mais coisa. Senti falta principalmente de alguns backstories e do temível Zoológico da Morte. E obviamente a narrativa espirituosa, que é o grande diferencial do livro, também se perde na adaptação. Então, se você já gosta do filme, a leitura se torna indispensável, porque com certeza irá amar o livro. Foi uma das leituras mais gostosas e diferenciadas que já fiz e não vejo a hora de fazer uma releitura.
E só para complementar: essa é uma das edições mais lindas que tenho na minha estante, está magnífica! ❤
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