Kamylla Cristina 12/05/2020Esse livro é sobre escolhas, identidade, redescoberta, família, mas também é sobre libertar-se e viver a vida em sua plenitude.Uma tarde tediosa leva os irmão Varya, Daniel, Klara e Simon em busca de uma vidente, que pode lhes dizer a data de sua morte. ‘A mulher’ fascina e amedronta as crianças, e a profecia quebra o último elo de afeto entre os irmão, que se tornando cada dia mais distantes. Ao longo dos anos eles vão em busca de suas vidas, mas o peso do ultimato paira sobre eles.
Simon não tem muitas ambições e seu futuro está determinado, assumir a alfaiataria do pai e cuidar da dependente mãe viúva. Porém, ele não se enquadra nessa vida, e ao que parece não se enquadra em lugar nenhum. Em São Francisco ele busca encontrar sua identidade, e irá desbravar as dificuldades de um homem no mundo da dança enquanto uma doença devasta a comunidade gay nas ruas da cidade.
Klara sempre foi fascinada por mágica e pela avó, que conheceu apenas por fotos. Sua única ambição é ser uma mágica reconhecida como a avó foi, mas ser mulher em um ramo dominado por homens é um grande desafio. Klara embarca junto com Simon para São Francisco, e se dedica a colocar em prática tudo o que aprendeu desde sua infância. Para Klara, a mágica não é apenas um show, mas uma forma de ver o mundo e uma fonte de inspiração, e é esse sentimento que ela busca despertar em seu público.
“Alguns mágicos dizem que a mágica despedaça nossa visão de mundo. Mas eu acho que a mágica é o que mantém o mundo inteiro. É matéria escura; é a cola da realidade, a argamassa que preenche os buracos entre tudo que sabemos ser verdade. E é preciso mágica para revelar quão inadequada a realidade é.”
Daniel tornou-se um médico, responsável por atestar a saúde de jovens que desejam entrar para o exército. Casou-se com Mira, uma mulher extraordinária, que o apoia em tudo, exceto no desejo de ter filhos. Quando seus superiores começam a questionar o baixo número de aprovações médicas para os alistados, Daniel se vê em uma berlinda ética.
Varya precisou se dividir entre os cuidados com a mãe e a vontade em dedicar-se à ciência. Mesmo com suas limitações ela conseguiu se tornar uma notável cientista, e comanda a área de estudos sobre longevidade, focada em controle de ingestão de calorias em primatas alterando o padrão de envelhecimento dos animais. A pesquisa tem um prazo total de vinte anos e suas conclusões podem revolucionar a história. A ciência é sua vida, e sua inspiração e dedicação refletem em sua vida pessoal em um nível tão forte que não se pode separar a mulher e sua pesquisa.
“[…] homens constroem calçadas, vendem carros usados, fazem trabalho corporal e reparos -, mas mesmo que o mundo pare de fazer calçadas, mesmo que ninguém nunca mais use carros, qual é a coisa que vai permanecer tanto quanto os serem humanos? Nosso desejo por saber. E pagamos qualquer coisa para isso.”
Apesar de suas crenças, cada irmão absorveu e refletiu em suas vidas a profecia da vidente de uma forma totalmente diferente, e essa foi a grande mágica do livro. Existem muitos tópicos levantados durante a narrativa que me fizeram refletir bastante. Esse livro é sobre escolhas, identidade, redescoberta, família, mas também é sobre libertar-se e viver a vida em sua plenitude.
A Harper Collins manteve o design da capa original e acertou em cheio na decisão! A revisão está muito boa e encontrei dois errinhos que não incomodaram em nada a leitura. A narrativa foi escrita em primeira pessoa, de acordo com o personagem. O livro está dividido em partes, uma para dar início a história e uma para cada irmão.
Se você soubesse o dia de sua morte, o que faria com essa informação?
Reflitam!