de Paula 16/10/2020
Leah completamente fora da órbita
A quem se pergunte, por mais que se passe no Simonverso, essa história é completamente diferente de "Com amor, Simon", principalmente porque a protagonista é a Leah, e convenhamos, quem leu o livro do Simon sabe muito bem o jeitinho dessa melhor amiga.
Leah não consegue perceber o quão incrível ela é, como aprendeu a tocar bateria sozinha, desenha muito bem, é amada pelos seus amigos, intimida os inimigos, muito inteligente (como ela mesma fala, praticamente uma Rory Gilmore), talvez ela perca muito tempo se autodepreciando e se achando pouco.
Gosto dos temas que a autora propõe em seus livros, porque ela mostra o quanto as minorias sofrem preconceitos, velados ou não (né, Morgan?), e o quanto isso pode desestabilizar alguém, principalmente um adolescente. A Leah tem em mente que gosta de si como é, gosta do seu corpo, da sua sexualidade, enfim, mas, ao mesmo tempo, se sente coagida o tempo todo, tentando ser boa o suficiente, quando já é maravilhosa. Mais ou menos como Simon se sente sobre sua sexualidade, até ser arrancado do armário.
Leah é uma personagem muito autêntica, dona de si, com um humor muito ácido, que ela usa para se defender na maioria das vezes. Ela pensa que precisa mostrar que é uma rocha, mas na verdade, está tudo bem em ser uma manteiga derretida também. Gosto dos seus posicionamentos, seu senso de justiça, sua força e como é dedicada aos seus relacionamentos. Ela é uma personagem muito empoderada, embora, ela não tenha a ínfima consciência disso.
A relação com a sua mãe é muito bonita e verdadeira, diga-se de passagem, um lugar confortável em meio ao caos que tudo é na sua vida. Saber que elas dividem tudo, que Leah contou primeiro para mãe sobre sua sexualidade, poder compartilhar a vida com a sua progenitora é uma dádiva que poucos tem. Muito embora, Leah fique louca com as intromissões que ocorrem, principalmente nas fofocas da escola.
Gostei muito da experiência, principalmente por não me sentir lendo o mesmo livro, numa nova versão. Abby, como sempre, desempenha o papel de coadjuvante protagonista, como com Simon, mas achei uma boa forma de conhecê-la melhor. Indico muito esse livro!