Rauecker 25/04/2024
Kallocaína
Quando eu vi a capa do livro por algum motivo eu imaginei que era algum tipo de lançamento e pensei ?ótimo parece ser uma distopia das boas?, bem, é uma distopia das boas, mas não é lançamento de fato, o livro foi escrito antes do tão famoso ?1984? e algo que não compreendo é como esse não fez tanto sucesso quanto, são questões a se pensar com certeza.
Na narrativa temos um cientista que também é um cidadão-soldado (como as pessoas são chamadas nos livros), e Leo Kall começa sua narrativa da prisão e dizendo que este livro não vai levar ninguém a lugar algum. Bem, ele conta de como iniciou seus estudos em uma espécie de droga da verdade, e o livro é todo sobre esse flashback e de como essa droga vai funcionar nas pessoas.
O entendimento é simples e perturbador onde o próprio protagonista completamente alienado ao Estado nos explica, tendo em vista que toda a sociedade já estava dominada por um único poder (Estado-mundial), e todas as casas tem câmeras monitoradas pela polícia e exército, o único lugar onde cada indivíduo ainda podia esconder algo era em sua própria mente. Ou seja, com essa droga até o mais íntimo das pessoas seria de total controle do Estado.
A autora bebe de muitas fontes como ?admirável mundo novo?, mas não deixa em momento algum ser completamente original e racional, eu achei essa obra muito mais assustadora que 1984, sem sombra de dúvida alguma.
Única coisa que me incomoda nessas obras é a interpretação completamente obtusa que muita gente tem, achando que são livros que criticam o socialismo ou qualquer ideologia de esquerda. Além da própria autoria ser socialista é claro que o livro é um alerta para que o povo nunca deixe ser dominado por qualquer regime totalitário, que pode surgir de qualquer espectro político facilmente. Basta ver a alienação em nosso próprio país ou na grande potência capitalista o EUA.
Citação preferida:
?Pouco a pouco, inexoravelmente, acabamos nos perguntando por objetivo e método do que fazemos e dizemos, para que palavra nenhuma caia ao azar.