Soliguetti 31/08/2018MehO título da resenha é uma palavra que poderia facilmente ser usada para descrever "O Quarto em Chamas" de Michael Connelly. "Meh". Não é um livro ruim. Mas está longe de ser um livro realmente bom também.
O primeiro ponto que pode ser abordado é o enredo. Nele, os detetives Harry Bosch e Lucia Soto investigam um crime ocorrido dez anos atrás, quando uma vítima é alvejada mas não morre imediatamente, e só vai piorando em decorrência do crime ao longo dos anos. Até aí tudo bem. Temos um conflito a ser resolvido.
O problema é quando cai no colo dos detetives um outro caso, envolvendo um incêndio. A partir de então, o foco começa a se perder. A um dado momento somos apresentados a tantos personagens que se lembrar qual coadjuvante pertence a qual caso acaba exigindo um certo esforço. Pra completar, ambos os crimes têm uma boa amarração, mas o autor se perde ao desenvolvê-las. A impressão que fica é que, nas últimas páginas, Conelly teve pressa em concluir o livro, deixando de explorar muitas possibilidades que ele próprio elaborou tão bem.
Além disso, temos os personagens. Bosch tem um enorme background, pois vem de outros volumes de uma série policial. Já sua parceira, Soto, é muito mal explorada. Sem carisma, parece uma sombra de Bosch, sem qualquer tipo de postura firme ou opinião própria. Aqui, somos também apresentados à filha de Bosch e a possíveis casos amorosos, que apenas se apresentam ao leitor, mas não se desenvolvem.
Não que "O Quarto em Chamas" seja um livro ruim. Possui uma boa escrita, distrai quem está lendo. Mas é facilmente esquecível, já que nada no decorrer de suas páginas realmente marca o leitor. Nem bom e nem ruim. Apenas "meh".