Pri | @biblio.faga 25/07/2020
“O quarto em chamas”, lançado no ano de 2014 [e disponibilizado em agosto de 2018 pela TAG Initos], é o 17º volume sobre Hieronymus “Harry” Bosch (nome em homenagem ao pintor holandês do século XV) – pintor que já deu “as caras” em uma obra da TAG Curadoria.
Admito que ler o livro que pertence ao universo de uma (longa) série pode assustar no começo, contudo, ao meu ver, a história se mostra suficientemente independente e se sustenta bem.
No livro, somos apresentados a um detetive já experiente, com uma carreira sólida no Departamento de Polícia de Los Angeles (CA) e próximo à aposentadoria, cujos relacionamentos profissionais e interpessoais já estão consolidados, mas que está aprendendo a lidar com sua nova parceira, a novata Lucia Soto, e a dividir sua atenção entre dois grandes casos.
Por ter experiência como ex-repórter policial especializado na cobertura de crimes, a escrita de Michael Connel mostra extremamente verossímil. O escritor rompe com a ideia de uma investigação cheia de emoções e com constantes reviravoltas, o que, para alguns, pode deixar a narrativa lenta ou “enfadonha”, para mim, foi revigorante, pois, nem só de momentos de tirar o fôlego é feito um bom romance policial.
Compromissado com a realidade, o desenvolvimento da investigação é muitíssimo crível, pois, embora, tenha momentos de tensão e adrenalina, é permeado por barreiras burocráticas, orçamentárias e politicas que são comuns à realidade investigativa.
Perseguir pistas improdutivas; revisar atentamente várias e várias vezes antigos documentos; papelada a preencher; superiores a agradar; metas a bater; o cuidado com suspeitos poderosos, especialmente, se políticos; como lidar com a imprensa e, especialmente, o fantasma da incerteza de ter provas forenses concretas e suficientes para uma prisão.
Ao final, tenho algumas ressalvas, mas são observações que, em regra, já notei em outros livros do gênero policial.
~ Obs: O protagonista foi apresentado ao público no romance de 1992, “The Black Echo”, o primeiro de uma série, agora com 23 romances publicados.
Com um sucesso estrondoso, os livros foram adaptados para uma série televisiva (“Bosch” da Amazon) e inspiraram duas adaptações cinematográficas: “O poder e a lei” e “Dívida de sangue”.
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