Luan Coutinho 10/04/2024O cântico das vítimasApesar da nota baixa, tenho que admitir que esse livro é sensacional. Em termos de escrita está um pouco datado e as vezes é um pouco formal demais, mas tem muitos elementos nele que ajudam a cumprir o seu papel de manipulação das massas.
Inimigo comum: até hoje bastante utilizada para vendas. Assim como Hitler conseguiu propagar o Nazismo com eficiência quando culpou os fracassos da primeira guerra à comunidade judaica, aqui os autores decidem apontar a burguesia como o principal mal que deve ser combatido.
Comprometimento: para combater esse mal, os autores criam uma série de pequenos passos que, naturalmente, levam a um compromisso maior.
Reciprocidade: dar o poder praticamente total ao Estado e em troca ser retribuído, de forma igualitária, de acordo com suas necessidades.
Prova social: acho que essa é a principal, o fato de criar algo que seja igual para todos principalmente em termos de trabalho e educação. Na teoria, é aqui que está o ouro dos tolos...
Autoridade: nas palavras dos autores "Abolição da propriedade privada, abolição de todo direito de herança, imposto pesado progressivo ou gradual, aplicação de todos os aluguéis de terra para fins públicos, centralização dos meios de comunicação e transporte nas mãos do Estado". Em outras palavras, o Estado passaria a ter poder absoluto e serviria como se fosse um grande irmão cuidando de uma adorável família! Que lindo, não?
Simpatia: aqui tem um trecho do livro que foi o único que admito ter me identificado, mas não durou muito "Você nos incrimina de querer terminar com a exploração das crianças pelos pais? Deste crime, confessamo-nos culpados... Educação gratuita para todas as crianças em escolas públicas. Abolição do trabalho infantil em fábricas do modo atual." É IMPOSSÍVEL você não concordar com isso, já não tem a ver nem com lado político e simplesmente com bom senso.
Escassez: "Os comunistas lutam para alcançar objetivos imediatos, para dar força aos interesses momentâneos da classe trabalhadora." Criar senso de urgência não é novidade para ninguém, mas basicamente todo o livro é um preparo para chamada de ação.
Unidade: "Proletários de Todos os Países, Uni-vos!" Não precisa de explicação, né?
Como eu disse no início, esse livro é uma AULA de técnicas de manipulação, usa literalmente todos os conceitos de persuasão para vender sua visão de forma magistral. Tudo é muito bem pensado, até o tamanho da leitura que é bem curtinho então seria de fácil aceso para as massas. Cria uma imagem de que "vale a pena tentar", o que é um peido para quem está na merda?
Eu particularmente imaginava que o apelo seria um pouco mais tentador, mas acho que as pessoas se acostumaram a fantasiar muito mais do que a própria leitura disponibiliza. A gente costuma ouvir muito de que "na teoria é lindo", mas nem na teoria é tão lindo assim. Claro que dá para entender a revolta de classes, a vontade que dá de simplesmente ter um trampolim social sem esforços e só satisfazer os desejos momentâneos, mas a forma como tudo é "solucionado" é simplesmente retirando o Individualismo do Ser e dando o Absolutismo ao Estado. Isso é distopia escancarada, e sempre foi assim...
Apoiá-lo, principalmente nos dias atuais, onde já se sabe "o que aconteceria" é praticamente desumano e subversivo, e isso é o que mais me incomoda nele. Saber que até hoje as pessoas, por ignorância ou maldade, utilizam como base de argumentação.
"Você pode ignorar a realidade mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade" - Ayn Rand
Meus pêsames à todos que morreram por conta desse pensamento político tão vil:
União Soviética (62 milhões de vítimas)
China comunista (35 milhões de vítimas)
Camboja (2,2 milhões de vítimas)
Vietnã do Norte e Coréia do Norte (1,6 milhões cada)
ex-Iugoslávia (1 milhão)
Etiópia (725 mil)
Romênia (435 mil)
Moçambique (198 mil)