Nay C 06/03/2022
A angústia de uma terra remota
A grande solidão é um livro que trata de um tema sério, que é violência doméstica num emaranhado de dependência, raiva, amor e nostalgia. No caso, o marido tem episódios em que bate e oprime sua esposa, que tolera isso por amá-lo e por se agarrar às lembranças de como ele era antes de se empreitar na guerra do Vietnã, na qual os horrores presenciados fizeram com que ele desenvolvesse um comportamento agressivo e o deixasse paranoico com a questão de sobrevivência, se mudando com a família para o Alasca, pois lá eles poderiam ser livres.
Na história acompanhamos Leni, a filha desse casal, de sua infância até a vida adulta, e o impacto do comportamento dos pais por toda sua vida. Há um romance envolvendo Leni, que é essencial para a evolução da história, mas achei os momentos iniciais mal desenvolvidos, o que deixou a história menos crível do que deveria ser. Acontecem várias tragédias ao longo da história, que são consequências das atitudes dos personagens, e chegam como avalanches.
As descrições das paisagens do Alaska são bonitas e silenciosas, mas às vezes me sentia oprimida, me passavam uma sensação de aperto, principalmente quando descrevia a rotina da família, de trabalho, trabalho e mais trabalho, uma vida muito dura. Isso achei um ponto positivo na narrativa, pois a autora conseguiu passar o sentimento de angústia.
O final foi um pouco corrido, apesar de ser conforme o esperado, entretanto um ponto específico foi além de desnecessário, mal desenvolvido, penso que poderia ter sido encarado de outra forma e só serviu para meu descontentamento.
É meu segundo livro da autora, meu primeiro foi O rouxinol, que gostei bastante, talvez as expectativas advindas do meu primeiro contato tenham ofuscado um pouco minha experiência com A grande solidão, é um caso para se pensar, mas ainda assim, no geral, é um bom livro.