Larissagris 10/04/2024A GRANDE SOLIDÃO (KRISTIN HANNAH)A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que enganamos a nós mesmos." - Jean-Jacques Rousseau (Pág. 8)
Às vezes, no entanto, sobretudo em dias como aquele, Leni sentia medo. Era como se sua família estivesse se equilibrando à beira de um altíssimo penhasco que podia desmoronar a qualquer segundo, desabar como as casas que caíam nas encostas instáveis e encharcadas de Seattle. (Pág. 15)
[...] você não deixa de amar uma pessoa quando ela está machucada. Você fica mais forte para que ela possa se apoiar em você. (Pág. 16)
Pelo amor de Deus, estamos em 1974. Eu tenho um emprego. Ganho dinheiro. E uma mulher não pode ter um cartão de crédito sem a assinatura de um homem. O mundo é dos homens, filhota. (Pág. 28)
- Bom, você precisa ser durona aqui, Cora Allbright. Por você e pela sua filha. Não pode apenas confiar no homem. Precisa ser capaz de salvar a si mesma e a essa sua linda menina. (Pág. 44)
Sabem o que falam sobre encontrar um bom homem: Deus disse que eles estariam em todas as esquinas do mundo, então fez a Terra redonda. (Pág. 57)
Não queria alimentar falsas esperanças. Ter as esperanças frustradas era pior do que não ter nenhuma. (Pág. 77)
O Alasca é assim. Invernos longos e bebidas demais podem levar um homem a fazer coisas loucas. (Pág. 103)
- É assustador como as pessoas simplesmente param de amar você, sabia? (Pág. 114)
Ele lhe ensinou algo novo sobre amizade: ela recomeçava exatamente do ponto em que havia parado, como se não tivessem ficado um momento separados. (Pág. 121)
Alguns medos você tem que carregar sozinho. (143)
Ela viu como a morte impactava as pessoas, viu a expressão vidrada em seus olhos, a forma como balançavam a cabeça e como suas frases se interrompiam, como se eles não conseguissem decidir se o silêncio ou as palavras iam libertá-los da tristeza. (Pág. 156)
A morte fazia você chorar, enchia você de tristeza, mas, nos seus melhores livros, havia paz também, redenção, uma sensação de história terminando como deveria. Ela viu que na vida real não era assim. Era tristeza rasgando você por dentro, mudando como você via o mundo. (Pág. 156)
A mãe era como a linha de uma pipa. Se a pessoa não era segura por ela com firmeza, podia simplesmente flutuar para longe, se perder em algum lugar em meio às nuvens. (Pág. 156)
Leni de repente viu como a esperança podia quebrar alguém, como era uma isca reluzente para os incautos. O que acontecia se você esperasse muito pelo melhor e obtivesse o pior? Era melhor não ter nenhuma esperança, se preparar? Não era sempre essa a lição de seu pai, se preparar para o pior? (Pág. 161)
Essa era uma péssima situação que ela nunca tinha imaginado. Perder a calma, sim. Um punho? Sangue? Não... Você devia se sentir em segurança em sua própria casa, com seus pais. Eles deveriam protegê-lo dos perigos externos. (Pág. 164)
A mãe queria que Leni olhasse para o outro lado com a mesma facilidade que ela. Perdoar mesmo quando as desculpas oferecidas eram tão finas quanto linha de pesca e tão frágeis quanto uma promessa de melhorar. (Pág. 166)
Durante todo esse tempo o pai ensinara a Leni como o mundo exterior era perigoso. A verdade era que o maior perigo de todos estava dentro de sua própria casa. (Pág. 166)
Ali estava ela: a triste verdade. A mãe o amava demais para deixá-lo. Mesmo agora, com o rosto roxo e inchado. (Pág. 169)
Eles estavam aprisionados pelo meio ambiente e pelas finanças, mas sobretudo pelo amor doentio e distorcido que unia seus pais. (Pág. 207)
A mãe nunca deixaria o pai, e Leni nunca deixaria a mãe. E o pai nunca as deixaria partir. Nesse nó terrível e tóxico que era sua família, não havia escapatória para nenhum deles. (Pág. 207)
Os adultos apenas olhavam para o mundo e viam o que queriam ver, pensavam o que queriam pensar? As evidências e a experiência não significavam nada? (Pág. 209)
Às vezes é preciso retroceder para avançar. Essa verdade eles conheciam, por mais jovens que fossem. Mas havia outra verdade, uma que eles evitavam, uma da qual tentavam proteger um ao outro. Às vezes era perigoso voltar. (Pág. 259)
Ela precisava de Matthew, mas não para salvá-la, completá-la ou reinventá-la. Seu amor por ele era a emoção mais nítida e forte que já havia sentido. Era como abrir os olhos ou crescer, perceber que você tinha dentro de si mesma a capacidade de amar assim. Para sempre. Por todo o tempo. Ou por todo o tempo que você tivesse. (Pág. 344)
Amor e medo. As forças mais destrutivas da Terra. O medo a virara do avesso; o amor a tornara estúpida. (Pág. 362)
Leni era sua estrela-guia. Sabia que isso parecia estúpido, infantil e romântico, e que as pessoas iam dizer que ele era jovem demais para saber dessas coisas, mas não era. Quando sua mãe morria, você crescia. (Pág. 369)
No silêncio, Leni se perguntou se uma pessoa podia mesmo salvar outra ou se era o tipo de coisa que você tinha que fazer sozinho. (Pág. 411)
Era assim que as mudanças aconteciam, supôs: no silêncio de coisas não ditas e verdades não reconhecidas. (Pág. 413)
Você acha que sabe o que significa selvagem. É uma palavra que você usou a vida toda - para descrever um animal, uma criança indisciplinada. No Alasca, você aprende o que selvagem realmente significa. (Pág. 441)
- O amor não desbota ou morre, filhota. As pessoas dizem que sim, mas isso não acontece. Se você o ama agora, vai amá-lo daqui a dez anos ou daqui a quarenta. De maneira diferente, talvez, uma versão esmaecida, mas ele é parte de você agora. E você é parte dele. (Pág. 442)
Havia escolhas das quais você não se recuperava; tinha idade suficiente para saber disso. (Pág. 447)
Você não pode se forçar a amar, imagino, e também não pode se forçar a deixar de amar. (Pág. 460)
Minha mãe estava errada em relação a muitas coisas, mas ela estava certa sobre a durabilidade do amor. Ele permanece. Contra todas as probabilidades, diante do ódio, ele permanece. (Pág. 503)
Se você aprendeu alguma coisa com sua mãe e com o que aconteceu, é que a vida e a lei são duras com as mulheres. Às vezes fazer a coisa certa não ajuda em nada. (Pág. 503)
Alguém certa vez me disse que o Alasca não criava caráter; ele o revelava. (Pág. 551)
Local: Kaneq, Alasca