Bianca 16/08/2020Kristin rainha; o resto, nadinhaConfesso que não faço ideia de como começar essa resenha. Já tem umas duas semanas que eu terminei “A grande solidão” e até hoje eu penso sobre o livro e sobre tudo o que aconteceu na história. E acontecem no mundo atual.
O livro fala de um assunto extremamente sensível e necessário: violência doméstica. Mais do que isso, ele retrata com tanta precisão o ciclo da violência, suas fases e diversas manifestações, que várias vezes eu precisei parar a leitura para respirar.
Apesar de narrado em terceira pessoa, seguimos a maior parte do livro sob o ponto de vista de Lenore (Leni) Allbright, uma garota que presencia o relacionamento tóxico dos pais e, apesar de ter consciência de como aquilo é ruim, não consegue se livrar dele por diversos motivos.
A história tem como pano de fundo o Alasca, que é quase que um outro personagem da história: congelado, desconhecido e selvagem. Há mil formas de morrer em um ambiente hostil como esse e tudo piora quando o inverno chega e as pessoas precisam conviver com a grande solidão de 18 horas de noite. Para os Allbright, o perigo maior não mora na neve lá fora, mas dentro de casa.
A Lenore do início do livro tem 13 anos e mal se lembra do Ernt Allbright (seu pai) antes da guerra do Vietnã. Segundo a mãe, ele mudou porque ficou anos refém dos inimigos e passou por coisas demais.
É aí que a autora “peca”, na minha opinião. Ernt não se transformou em um monstro ensandecido por causa do Vietnã. É óbvio que a guerra mexe com a cabeça dos soldados, temos milhares de estudos e depoimentos sobre isso, mas a questão é que ele não foi procurar ajuda nenhuma e, em sua realidade distorcida, ele estava certo.
O “peca” do parágrafo anterior ficou entre aspas porque essa justificativa é apresentada como o ponto de vista da mãe da Leni, não como uma explicação oficial da escritora. Por mais que eu não concorde com ela, faz muito sentido que Cora Allbright acredite nisso. Ela foi, durante anos, vítima de uma pessoa completamente desequilibrada.
Além do trio Allbright, temos personagens fundamentais para o desenvolvimento da história como um todo. Eu fiquei apaixonada pela Marge Gorda (MULHERÃO DA PORRA!), quase morri de chorar junto com Tom e Matthew Walker (várias vezes) e quis matar o moço Earl Maluco por dar ouvidos às coisas que o Ernt inventava.
Essencialmente, é uma história sobre o amor: em sua pior e melhor forma. É assustadora, tão bem construída que dói, te deixa sem fôlego em quase todas as páginas. Quando você pensa que não tem como a autora piorar sua condição psicológica, ela vai lá e... piora. Quando você acha que seu coração não aguenta mais ser esmagado, Dona Kristin Hannah vai lá e quebra tudo. Um dos favoritos da vida, com certeza.
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