Gabs 15/07/2020
Sobre aquilo que não devemos repetir
"Não sou capaz de me absolver da acusação de que fui, em parte, responsável pela morte dos meus pais e dos meus filhinhos. O mundo compreende que eu não poderia ter adivinhado, mas, em meu coração, persiste o terrível sentimento de que eu poderia, de que eu deveria, tê-los salvado." Com essas palavras Olga inicia seu relato sobre os dois intermináveis anos em que ficou presa em Auschwitz, após decidir, voluntariamente, acompanhar seu marido, recrutado pela SS, levando consigo seus pais e seus dois filhos.
Um relato sincero, emocionante e, sobretudo, inocente de uma jovem que não consegue crer nas informações que chegavam da Alemanha. Um ano após a libertação dos campos de extermínio, Olga publica sua experiência dramática contando ao mundo sobre os horrores que presenciou com a leveza de quem escreve um diário - mesmo que não fosse essa a sua pretensão. Uma obra rica em detalhes sobre como Auschwitz era uma selva, sobre como a comida era tratada como ração dada aos cães e, principalmente, como eram iludidos com palavras pomposas sobre uma realidade inexistente.
//É um livro para tirar o fôlego, parar para respirar fundo e sentir a garganta seca. Uma rica fonte de informações surpreendentes sobre o holocausto e um lembrete extremamente necessário para que isso jamais ocorra novamente e que essa crueldade caia no esquecimento. "Eu tinha, então, duas razões para viver: primeiro, trabalhar com o movimento de Resistência e me manter em pé o máximo que podia; segundo, sonhar e rezar pelo dia em que seria libertada para contar ao mundo: "Foi isto o que vi com meus próprios olhos. Não devemos permitir que isso jamais aconteça outra vez"" (p.91)