Ana 17/08/2023
"Ela era a personificação da vontade da biblioteca"
Sempre achei muito difícil ler fantasias com protagonistas femininas (lê-se: qualquer fantasia) porque sempre me irritava muito facilmente com os dilemas delas. Eu não conseguia entender, ainda que não tivesse noção disso na época, o que as movia; no que elas acreditavam; por que elas queriam sair do ponto A e ir para o ponto B (além do fato de ser um mundo mágico e elas quererem fazer parte disso).
Com Sorcery of Thorns, isso foi diferente. Elisabeth não é personagem cansativa, chata. Ela é uma personagem que tem seus dilemas, que foi criada em um universo e precisa enfrentar as suas crenças mais básicas para sobreviver após uma coisa horrível acontecer. Eu consegui entender as decisões da Elisabeth, e ainda que ficasse irritada em alguns momentos, eu consegui empatizar e gostar dela. Ela não estava ali por estar, ela tinha um arco e uma importância.
Agora, os personagens secundários...
A primeira coisa que eu notei foi que Nathaniel não tem um arco. O livro todo é narrado do ponto de vista da Elisabeth, e isso nos dá um conhecimento muito raso dos propósitos, crenças, tudo relacionado ao Nathaniel. E, considerando que ele é um Thorn, como no nome do livro, eu esperava um protagonista mais presente, cujo ponto de vista e histórias fossem valorizadas. No fim, a história dele foi bem rasa e decepcionante, e senti como se um personagem apaixonante tivesse sido desperdiçado.
O mesmo acontece com o Silas, que era um personagem tão cheio de camadas e que, honestamente, merecia um livro só para ele. Mas assim como Nathaniel e Katrien, teve um grande potencial desperdiçado pela mera escolha da autora de não fazer mais de um ponto de vista.
Tirando isso, nem mesmo o fato de o vilão ser revelado com 20% de livro me incomodou — a forma como a história foi conduzida fez valer a pena, mas, novamente, encontramos um rombo na história: como passamos pouco tempo vendo ele, na pele dele, não tem como entender o motivo por trás da sua vilania.
Apesar disso, foi uma leitura que valeu a pena e que eu recomendo!