Wal - Ig Amor pela Literatura 02/02/2019Perfeito!Sempre gostei dos livros da Lygia; confesso, no entanto, que não era aficionada pela obra da autora, mas isso foi mudando aos poucos. Todos nós, dos igs literários, sabemos do imenso amor que o Synval, @synvalbarreiros, tem por tudo que diz respeito à Lygia – ele consegue fazer com que a gente queira conhecer mais e mais os seus livros – todos os dias, por meio de suas postagens, lembra-nos da grandeza dessa diva da Literatura. Foi assim que fui ficando cada vez mais interessada em conhecer sua escrita. Comprei vários livros dela e, recentemente, adquiri esse livro de contos.
Já havia lido muitos deles, mas fiz uma nova viagem ao universo criado pela genialidade da Lygia e, agora, compreendo perfeitamente bem toda a admiração que cerca sua obra. Há décadas, Lygia já escrevia o universo feminino sob um olhar moderno, destruindo o falso moralismo que sempre subjugava a mulher à visão da sociedade machista. Suas personagens carregam uma força imensa e caminham em um universo de monólogos potentes e desafiadores. A perfeição da autora não se restringiu a falar somente da temática feminina, ela abordou assuntos, na época polêmicos, como homossexualidade, adultério, drogas... além de escrever contos que uniram o fantástico à realidade do espaço urbano.
Alguns contos são inesquecíveis: "Uma branca sombra pálida"; "Apenas um saxofone"; "A confissão de Leontina"; "Que se chama solidão"; "O Cristo da Bahia"; "Helga"; "As cartas"; "Papoulas em feltro negro"; "As formigas"; "Se és capaz"; “A estrutura da bolha de sabão”; "Anão de Jardim"; "O menino", "O Jardim Selvagem" e tantos outros.
“Ele era a minha juventude mas naquele tempo eu não sabia, na hora a gente nunca sabe nem pode mesmo saber, fica tudo natural como o dia que sucede à noite, como o sol, a lua, eu era jovem e não pensava nisso como não pensava em respirar. Alguém por acaso fica atento ao ato de respirar? Fica, sim, mas quando a respiração se esculhamba. Então dá aquela tristeza, puxa, eu respirava tão bem...” – excerto do conto “Apenas um saxofone”.
A genialidade da Lygia esculhambou algumas certezas dentro de mim, mas fortaleceu outra: Lygia Fagundes Telles é eterna, atemporal, para sempre genial...