rxvenants 11/03/2019"(...) alguém precisa fazer esse trabalho. E alguém precisa fazê-lo bem."Trabalho fantástico de T. Christian Miller e Ken Armstrong.
Falsa Acusação não trata apenas de histórias pesadas de sobreviventes de abusos sexuais, mas fala também dos mitos que envolvem esse tipo de agressão e os estigmas que ainda cercam casos de estupro.
São abordados vários materiais de apoio sobre casos assim. Todas as dúvidas que alguém poderia ter sobre esse assunto (Existe padrão de reação das vítimas? Quais os danos neurológicos depois de um trauma como esses? Como abordar o assunto? Como ajudar essas pessoas?) são esclarecidas com comentários de especialistas sobre o assunto.
Miller e Armstrong deram uma voz única para a questão de como "nas investigações de agressões sexuais, a credibilidade da vítima é tão debatida quanto do acusado."
Foi EXTREMAMENTE difícil ler sobre Marie e não me sentir péssima. Como mulher, foi horrível me colocar no lugar dela e imaginar o quão terrível dever ter sido ter seu relato calado por pessoas que deveriam te acolher e proteger.
O livro é fantástico na sua proposta de apresentar como a descrença nas palavras das vítimas pode influenciar investigações e machucar ainda mais uma pessoa em um estado tão delicado.
É complicado demais ler sobre todos os kits de estupro não analisados e todos os casos não levados à justiça, mas livros como esse me dão a esperança de que pelo menos discussões sobre isso estão sendo feitas.
A narrativa sobre o casos O'Leary é perturbadoramente brilhante. Edna e Stacy foram excepcionais em seu trabalho de investigação.
O cuidado com a escolha de palavras e nota dos autores é muito tocante. Tudo foi descrito de forma bem cuidadosa para que o livro em si não abrisse ainda mais as feridas das mulheres envolvidas.
Falsa Acusação mexeu tanto comigo, que minha cabeça tem milhões de coisas para falar, mas não consigo achar as palavras certas para falar sobre todos os aspectos que merecem maior visibilidade.
Eu entendo que a leitura pode ser muito difícil para pessoas que não conseguem lidar com esse assunto, mas é muito, MUITO importante ler histórias como a de Marie, Doris, Amber, Sarah, Lilly e tantas outras para entendermos como essas sobreviventes não devem e não podem ser silenciadas pela descrença de pessoas que nunca tiveram que travar uma batalha pela sanidade de seus corpos e mente.
Caminhamos aos passos de tartarugas, mas espero ansiosamente pelo dia em que vítimas ao redor do mundo serão tratadas com mais empatia e confiança e que estas, mortificadas, mas não apagadas, consigam cada vez mais denunciar seus abusos e lutar pela justiça que tanto merecem.