Tati Iegoroff (Blog das Tatianices) 07/11/2023“Independentemente do que viesse a acontecer, eu não conseguiria esquecer”A ideia do livro é muito interessante: após um término difícil de superar, o protagonista decide escrever cartas aos seu ex, numa tentativa de colocar em palavras aquilo que está dentro de si e de compreender o que ele está vivendo.
Por meio dessas cartas, conhecemos melhor o protagonista. O de hoje, o que namorou o tal ex, e o de antes desse relacionamento. Antes de namorados, os personagens foram bons amigos. Mas relacionamentos podem nos mostrar facetas de uma pessoa que antes não imaginávamos existir.
Aos poucos vamos recebendo mais detalhes sobre essa amizade e sobre o relacionamento que ela gerou, além de conhecer melhor as características de cada um dos personagens, o que levanta uma questão importante para a obra: o racismo.
Mas a distância (física e emocional) também faz o protagonista perceber o quão abusivo era aquele relacionamento, narrando inclusive episódios que podem ser gatilho para algumas pessoas.
Mesmo com a história sendo contada por apenas um dos lados, porém, é possível perceber como nenhum deles (afinal ambos são humanos) tem total razão: o narrador assume alguns de seus erros ao longo das cartas e é interessante poder ver também essa sua faceta ao longo do livro.
O fato da história ser composta por cartas, além de alguns outros acontecimentos ao longo deste livro, nos lembra de uma coisa muito importante: o poder da escrita, principalmente como uma forma de compreender nossa história e nossos sentimentos.
A necessidade de se reencontrar também se faz presente, como não poderia deixar de ser em uma história como essa. O autor inclusive nos lembra da importância de nos conhecermos melhor antes de entrar em um relacionamento.
O tempo é bem marcado pela data das cartas, claro, mas mesmo os acontecimentos anteriores que nelas são contados também seguem uma ordem cronológica fácil de acompanhar.
O final me surpreendeu. Não sei bem o que eu estava esperando dele, mas com certeza não o que veio. Um final que choca (mas, infelizmente, não surpreende).
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