Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - VIDAS SECAS


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Caio 17/11/2022

Temos aqui a história de uma família nordestina lutando para sobreviver. Eles são retratados de modo bastante animalizado. A figura mais humanizada é a cachorra, Baleia. Aos poucos, porém, eles vão se humanizando, num processo bastante doloroso, expondo a humilhação e os bloqueios impostos aos simples.

O texto é seco e bruto com as vidas que retrata. Nas personagens, enxergamos o que há de desumano em nós e o que pode se humanizar, também, na mediação do sonho e da esperança.

Percorremos, com isso, a aridez da vida e da linguagem que tão bem a traduz. As vidas secas se fazem presentes e contundentes nas dores a um só tempo individuais e universais. Nas filigranas de relações brutas, porém, emerge a humanidade naquilo que possui de essencial.
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Adriana Pereira Silva 20/12/2019

Vida que seca
“Vidas secas” pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época. Utiliza, para isso, do discurso indireto livre, narrativa não-linear, nomes dos personagens, denunciando as mazelas sociais do sertão nordestino.
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos nesta narrativa, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. Assim, ao escrever esta obra, utiliza-se de um narrador seco, com fala áspera e seca, dura a fim de que o leitor entendesse a dureza da vida dos personagens.
Mostra o drama de uma família nordestina, retirante, que vive fugindo da seca. É composta por Fabiano, sua esposa Sinha Vitória, o filho mais velho e o mais novo e a cachorra Baleia, fugindo da seca, encontram refúgio em uma fazenda abandonada e, logo que chegam, a chuva vem e traz vida a tudo. Assim, Fabiano acaba como vaqueiro desta propriedade. Assim, o narrador começa e termina a obra descrevendo a fuga desta família da seca, demonstrando que vivem um movimento cíclico.
São narrados episódios esporádicos da vida dessa família, considerado, por isso, um “romance desmontável”, pois há possibilidade desse ler de maneira desordenada cada capítulo. Contém um capítulo especial destinado à cachorra Baleia, personagem personificado da história, é como se fosse um membro dela.
A miséria é retratada pela seca geográfica e pela miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da região, mostrando como vive essa família, à margem da sociedade. Assim, o narrador descreve 2 antagonismos: a seca da natureza, que tira a vida de tudo, e a seca da sociedade, que permite uma distribuição injusta e cruel da terra, deixando tantas famílias em absoluta miséria. Como o escritor foi influenciado pela ideologia marxista, há uma defesa à revolução socialista, vista nesta obra.
Portanto, a obra mostra como compreender a natureza é difícil, mas tanto quanto compreender a sociedade, os homens brancos, que eram homens distantes, da cidade, que podiam ser tão cruéis como a natureza com a seca.
A família de Fabiano era analfabeta, com exceção de Sinha Vitória, sempre viveram isolados e não conhecem nenhuma outra forma de vida, que não seja de exploração e de miséria. Além disso, vivem quase como bichos, não conseguem nem conversar corretamente. Fabiano, por exemplo, muitas vezes não consegue verbalizar o que pensa, o que sente ou deseja, não conseguindo nem se defender de uma sociedade que o explora, humilha e, muitas vezes, o ignora.
Assim, “Vidas secas” é um romance que traz essa denúncia social e também revela a humanidade que existe por dentro dessas pessoas tão humildes e castigadas, fazendo-nos mergulhar na alma deles e vendo a força interior de cada um, mesmo da cachorra Baleia, e seu caráter.
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OssosDePapel - Instagram 28/11/2022

Eu me sinto estranho quando gosto de algo que me faz sofrer, e foi assim com esse livro. Especialmente com o capítulo Baleia, uma das coisas mais tristes que já li na vida. A personagem, sem dúvida, me marcou para sempre.

Confesso que a princípio a objetividade da escrita me assustou. Achei direta demais. Porém, à medida que avançava na leitura, ia captando a sensibilidade do autor e percebendo que a dureza do texto não só era condizente com a história, como também a deixava mais imersiva. Desse modo, o leitor pode sentir a hostilidade do universo que cruelmente exaure a família de retirantes

Entrar nas mentes simplórias (só que não) desses sertanejos, e até mesmo na da cachorrinha, foi uma jornada psicológica dolorosa. Recomendaria como exercício de empatia para muita gente.
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Suzana Mendonça 03/07/2022

Clássico da literatura brasileira
Clássico da literatura brasileira que conta a história de uma família de retirantes no Nordeste em busca de melhores condições de vida no formato de contos dedicados a cada personagem. O ponto alto do livro certamente são os momentos focados na cadela da família, Baleia.

A edição comemorativa de 80 anos do lançamento da obra é extremamente agradável aos olhos, com diagramação amigável e detalhes de trechos escritos à mão por Graciliano Ramos.
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Daiana Ângelo 25/03/2020

Exploração e Segregação social
"Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não envergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os meninos, havia a cachorrinha."(Vidas Secas)
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Gabriel Abib 26/01/2024

Frustração Fabiana
Realidade cruel que a familia habita, aqui temos como destaque as figuras de Fabiano e Baleia. A cachorrinha é a componente mais carismática da família, apesar de levar a vida com mais leveza que os demais é a que tem o desfecho mais implacável. Já Fabiano é aquele que mais sofre do peso da vida em seus ombros, por trás de uma fachada carrancuda sofre da mais voraz indignação contra o mundo, contra seca, contra a migração, contra os abusos do patrão e do banco, da polícia, das aves, além do temor pelas suas responsabilidades com todos, inclusive a Baleia. Quanto mais sofre, quanto mais pensa, mais se sensabiliza pelos injustiçados, a si próprio, a mulher que nunca viu uma cama, ao sofirmento da Baleia, e até mesmo do cavalo abandonado.
Uma reflexão sobre a dureza das VIDAS SECAS no sertão, do miserável explorado, do jubilo que aflinge até os animais, materializado na figura do Fabiano e dos seus.
Leitura rápida e tranquila, ótimo para começar estudos de livros nacionais, ou para crianças/adolescentes.
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Pri 20/03/2022

Vidas Secas
Considerada a obra mais famosa do autor Graciliano Ramos, Vidas Secas retrata o drama de uma família nordestina, que deixa a sua terra em busca de melhores condições de vida, como os personagens Fabiano, Sinha Vitória, o irmão mais novo e o mais velho, além da cachorra Baleia. Uma leitura forte e atual.
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Laura 10/09/2022

Obra significativa pra cultura literária brasileira. Retrata de forma fiel a luta dos retirantes no século xx. A exploração e a arbitrariedade por parte de alguns personagens, infelizmente, ainda são presentes na sociedade atual.
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Gi Olivia 14/06/2022

Vidas Secas, especial 70 anos
Primeiro que essas fotografias passam uma segunda história misturada com a história do Fabiano e Sinha Vitória, são incríveis
A forma como esse cotidiano do sertão e passado, as associações feitas entre o homem e o animal e como o Fabiano é tratado pelo patrão,pelo soldado e a forma como ele mesmo se vê na sociedade é de uma simplicidade verdadeira e real.
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Nay 02/01/2022

Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais?
É incrível com uma obra consegue perdurar, e depois de tantos anos, continua prendendo a atenção do leitor. Vidas Secas é uma leitura dura, seca e ao mesmo tempo emocionante pois retrata bem o sofrimento do nordestino, e as suas lutas, sejam elas internas ou externas.
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Gabriel 01/11/2021

Mais do que uma história, uma DENÚNCIA social.
Esse livro é mais do que uma simples história, é uma denúncia social. Entristece ter que reafirmar que as denúncias estabelecidas aqui ainda perduraram na contemporaneidade. A falta do comprometimento governamental ao tratar as populações mais carentes social, marca a linha tênue entre atitudes racionais e irracionais que convergem durante toda a narrativa ? e é uma ressalva que torna explícita como a falta do investimento na educação universal, inferioriza pessoas que carecem apenas de oportunidades. Esse livro é lindo, é triste, é cruel, É REAL. E precisa ser lido para encarar a realidade de outrem para qual nós fechamos os olhos.
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Jonathan.Queiroz 20/03/2021

Emocionante
Muito emocionante. Histórias que tratam do sertão e dos trabalhadores rurais sempre têm um poder maior sobre mim, pois penso nos meus pais, avós e demais ascendentes. Todos enfrentaram a seca e as dificuldades do trabalho no sertão nordestino. Então, ao ler a história de Fabiano e sinhá Vitória, eu posso muito bem imaginar os meus avós, que passaram por situações parecidas. Definitivamente é uma história que recomendo a qualquer pessoa, até porque ela é mais fluida de ler do que eu imaginava. E mesmo que você não curta alguns dos capítulos, o capítulo da Baleia vai te deixar no chão. Certeza.
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Vitória 24/08/2020

Citações favoritas
Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. (Pág. 46)

Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha. (Pág. 50)

Como podiam os homens guardar tantas palavras? (Pág. 157)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. (Pág. 181)

Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. (Pág. 185)

Que juro! O que havia era safadeza. (Pág. 188)

Estava ali o que ele não conseguiria nunca decifrar. Aquele negócio de juros engolia tudo, e afinal o branco ainda achava que fazia favor. (Pág. 217)

O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinha Vitória e os dois meninos. (Pág. 245)
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Luiz 27/10/2019

Vivo e dinâmico
Livro cheio de cores, tons, a princípio tentei ler encadeando fatos e criando uma linha do tempo, mas percebi que isso não era o foco, ficou bem melhor quando assumi a posição de espectador de vários quadros coloridos e cheios de detalhes, que vão dos pensamentos e aos elementos da natureza. É pra ler com calma e deixar o seu subjetivo construir em cima das palavras. :)
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