Maira Giosa 09/09/2021Imaginem um livro que não tem exatamente começo, meio ou fim, mas que é capaz de contar uma estória com todas as suas minúcias, nas pequenezas dos acontecimentos cotidianos. As aventuras de Anne de Avonlea seguem um ritmo constante, ora aproximando-nos de suas angústias diárias, ora levando-nos a observar o mundo com outros olhos.
Pois, embora Anne tenha crescido até os 17 anos, ela continua sendo uma menina sonhadora, que se encanta com as belezas do dia a dia e se deixa enlevar pelas alegrias da natureza - um dourado dia de outono, o por do sol que arroxeia as montanhas, as árvores carregadas de flores, o tapete branco deixado pela neve...
Somos levados para o lado dela e dos seus, conhecendo cada intimidade de seus corações que, embora atribulados, não deixam de agraciá-la com sabedoria, alegria e um amadurecimento latentes. E assim, quase sem perceber, Anne de Avonlea acaba no meio de uma curva, quando a vida da moça segue o curso plácido de um rio.
Fiquei ansiosa pelas tantas possibilidades à frente. Os novos lugares, as novas pessoas e os novos sonhos! Como se eu mesma pudesse reviver minha juventude com certa nostalgia, pois - embora eu mesma nunca tenha sido tão otimista quanto Anne - nada como o tempo para esquecer as partes ruins e saudar aquela menina curiosa de 17 anos que ainda habita em mim.
A leitura, enfim, é deliciosa, rápida e não se sente até que o livro acaba e nos deixa com uma sensação de melancolia por Anne estar crescendo rápido demais. Que maravilha poder viajar e viver com esses personagens, ver essas paisagens - que minha imaginação faz serem paradisíacas - e poder reaprender a sonhar acordada!
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