O Relatório de Brodeck

O Relatório de Brodeck Manu Larcenet




Resenhas -


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Yago Grassini Prevot 21/02/2020

#ESTANTEPN
Edição, arte e roteiros incríveis.
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Gárgula 03/12/2019

O Relatório de Brodeck, de Manu Larcenet
Talvez as melhores leituras sejam aquelas que te perseguirão pelo resto de seus dias. Não, a palavra talvez encerra em si uma dúvida e por isso é a palavra errada. São as melhores leituras, com certeza. Cabe a nós o fardo de suas mensagens.

O Relatório de Brodeck é uma dessas leituras, que nunca mais esqueceremos. Ela nos lembra apenas que o horror da alma humana, dormente e terrível, está esperando seu momento de despertar. Se não estivermos atentos sempre, será de nossas almas que os monstros sairão. Somos sim, os portais do inferno.

O Relatório de Brodeck, traz a arte e argumento de Manu Larcenet, inspirados no romance de Philippe Claudel. Sua arte é tão rica que enreda o leitor de uma maneira impossível de não se ver imerso na sinistra situação que nos é apresentada. A tradução fica ao encargo de Pedro Bouça, enquanto a publicação é responsabilidade da Pipoca & Nanquim, que vem fazendo um trabalho ímpar no mercado nacional.

Poderoso demais ler um quadrinho assim. Algo que precisamos sempre para nos lembrar do quão falhos nós somos. Precisamos ser os nossos próprios vigias, atentos e incansáveis.

Larcenet (e Claudel, obviamente) nos fazem perceber o quão cruel é entendermos que a sociedade só é suportável enquanto vestida pelos tecidos maleáveis das mentiras. A verdade ao final, é uma nudez agressora, terrível e implacável.

Brodeck não só escreve um relatório, mas faz sim um mergulho corajoso no cerce social humano. Ao leitor, cabe no final a pergunta: Você aguentaria se ver despido verdadeiramente em um espelho tão cruel? Não precisa responder nada. Apenas leia O Relatório de Brodeck e tire suas conclusões.

Não tenho como não lembrar de meu velho pai após essa leitura. Ele sempre dizia que, ao final da vida, todos somos obrigados a nos sentar em um banquete de consequências. Ali, teremos de degustar a comida que nós mesmos preparamos e seu sabor estará de acordo com nossos atos.

Uma leitura dura, necessária e atual. Vivemos dias difíceis e cabe a nós decidir se seremos aldeões calados ou se escrevemos o relatório.

Boa leitura.

Essa resenha foi publicada no blog Canto do Gárgula em 03/12/2019

site: https://cantodogargula.com.br/2019/12/03/o-relatorio-de-brodeck-de-manu-larcenet/
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30/07/2019

Nada incomoda mais o ser humano do que ver a própria podridão refletida de volta.
Num certo dia, aparece um visitante num vilarejo distante. Não se sabe nada sobre ele, nem seu nome. Ele passa os dias desenhando, na dele, sem incomodar ninguém. Mas nada disso conta quando você carrega a maior ameaça de todas: o desconhecido.

E é aí que o ser humano se revela. A podridão vem à tona. Os habitantes desse lugar acabam matando o estrangeiro e pedem para que Brodeck, o escrivão, altere a história em seu relatório oficial. Ele passa a sofrer ameaças constantes e só vamos entendendo aos poucos o motivo. Brodeck também tem a sua história dolorosa.

A HQ não menciona lugar nem data, mas sabemos que se passa durante e depois da Segunda Guerra Mundial, num vilarejo afastado em algum lugar da Europa. Os nazistas estão presentes também, retratados como monstros, literalmente. Pode parecer que o que ocorreu durante a ocupação nazista influenciou o comportamento daqueles habitantes, mas tem gente que precisa só de um empurrãozinho para fazer coisas abomináveis. Infelizmente a crueldade é algo inerente ao ser humano.

HQ incrível com uma das artes mais lindas que eu já vi.
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Leonardo1263 23/09/2023

Tenso, tenso e tenso!
Tive o prazer de devorar o quadrinho alternativo, O RELATÓRIO DE BRODECK. Uma adaptação de @manularcenetestamour da obra de Philippe Claudel. Edição fantástica trazida pela @pipocaenanquim

Por aqui o leitor é jogado em meio a um vilarejo entre as montanhas, lugar pacato e afastado, algum lugar próximo da Alemanha pós 2ª Guerra para ser suficientemente afetada por esse momento. Brodeck funcionário do vilarejo é responsável por registrar tudo sobre a fauna e a flora do local, um trabalho muito tranquilo.

No dia errado, na hora errada, Brodeck vai até a mercearia local e encontra todos os homens reunidos, após um acontecido... Agora, intimidado e encurralado pela massa de homens nervosos, Brodeck é encarregado de fazer um relatório do acontecido, um relatório conveniente, um relatório da "verdade" sobre o que aconteceu naquela noite.

Brodeck se sente ameaçado, se sente perseguido, as palavras possuem poder, e se manipular da forma errada isso pode comprometer sua vida. Ser o único inocente no meio dos culpados, é tão ruim quanto o inverso.
Além da verdade desconfortável que o protagonista carrega, as indiretas, os olhares e intimidações, Brodeck em meio ao relatório narra a história de sua vida, os 2 anos que passou no campo de concentração e todas as atrocidades que o ser humano é capaz de fazer.

Além da história por si só ser algo fantástico, Manu Larcenet trabalha com uma narrativa gráfica como poucos. Em muitos quadros sem diálogos, o silêncio incômodo e o sentimento de perseguição e um sentimento de certa claustrofobia atinge o leitor direto no peito. Tudo tem muita significância, todos os olhares, todo aquele silêncio em meio ao frio e a neve, é tão acusador e vigilante quanto qualquer discurso... E tudo porque o novo incômoda, o outro, o diferente, sendo ele bom ou não.

Tê-lo por perto causa desconforto e se torna inconveniente. Faz com que comparemos a nós mesmos e deixa nossa consciência mais pesada.
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raf_dcs 23/04/2024

O ser humano não vale nada?
Um início confuso, muitos nomes, nomes em alemão, muitos relatos antigos, vai e volta no tempo o tempo todo mas eventualmente você entra no ritmo da história.
E os desenhos são como um presságio do que estar por vir, desenhos sombrios e profundamente angustiantes que mostram rostos tristes e rostos de seres humanos porcos.
Terminei de ler o livro me sentindo frustrada, havia acabado de ler mais um exemplo de como o ser humano não vale nada, que mesmo depois de ter sido testemunha de uma das piores atrocidades da humanidade o ser humano não aprende nunca e a felicidade do outro incomoda, principalmente quando o outro é um estranho.
O fim é um alívio, como se você finalmente estivesse indo embora daquele vilarejo amaldiçoado.
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Yuri93 09/06/2023

NOSSA!
O Relatório de Brodeck trata-se do mais puro caso de dissonância cognitiva
Pesado, claustrofóbico, melancólico. Nunca li uma HQ de tanto impacto.

E dizem que o livro é ainda melhor?
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Emilly473 03/04/2023

É interessante o modo em que o leitor é envolvido com a história, fazendo com que ele queira saber mais sobre o que irá acontecer e o que aconteceu no passado.
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RaphaNC 25/10/2021

Incrível
O ponto forte da obra é a arte, as paginas texturizadas passam a impressão de que aquilo foi desenhado a mão unicamente para você.
Vale muito a pena
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Dhiego Morais 05/03/2019

O Relatório de Brodeck
O frio do inverno açoitava o seu rosto. Recolhido contra o próprio corpo e abraçado pelos agasalhos esfarrapados, ele seguia pelas vielas sombrias do vilarejo inóspito a estranhos. Mesmo sozinho, havia algo naquele lugar, naquele momento que não o fazia se sentir só. Ainda que não pudesse vê-los, ele sabia que estavam por ali. Estavam o observando, monitorando, o acompanhando passo a passo. E num lugar tão pequeno quanto aquele, em que todos se conheciam um pouco, as informações vazavam mais rápido do que a água que escorre pelos dedos. Sabia o que tinha que fazer; haviam sido muito claro. O passado deixa um gosto amargo na boca de algumas pessoas, mas são as tormentas da guerra, os percalços do medo que resgatam tudo o que há de enterrado na alma dos homens. Ele sabia muito bem o que deveria fazer. Mas o modo, o modo ele decidiria. A verdade às vezes precisa ser escrita com sangue. E dessa tinta todos tinham um pouco.
O Relatório de Brodeck foi o último lançamento da editora Pipoca e Nanquim em 2018, e, assim como foi veiculado pelos editores e pelo público fiel, é facilmente a melhor HQ do ano, de fato.
“É preciso entender que a guerra ainda estava dentro de nós. Ela destilara nos sobreviventes uma feroz desconfiança que agitava seu sangue e tripas.”
Adaptado do romance e obra-prima de Philippe Claudel por Emmanuel Larcenet, em dois tomos entre 2016 e 2017, aqui conhecemos a história de um vilarejo empobrecido e de seus moradores, pouco tempo depois dos eventos de uma grande guerra. Embora nada seja dito explicitamente, não fica difícil ao leitor calcular a época como sendo pouco tempo depois da Segunda Guerra Mundial, em um ambiente que pode se estimar como o antigo Império Austro-Húngaro, entre uma fala ou outra das personagens. Claro que é tudo muito proposital. Tanto Claudel quanto Larcenet mantêm os ares de dúvida, e é justamente isso que atribui o caráter não somente atemporal da obra, como também o de adaptabilidade à época e espaço.
Brodeck é o nosso protagonista, um tipo de escrivão, responsável por produzir relatórios que são enviados à administração de outra vila, responsável pelo vilarejo humilde. Por sua condição alfabetizada, Brodeck é intimado a redigir, talvez, o relatório mais importante de sua vida: após voltar do armazém com a manteiga solicitada, ele se dá conta de que um assassinato foi cometido; um estrangeiro foi morto e cabe a Brodeck transcrever um relatório que assegure a necessidade de o vilarejo ter ceifado a vida do homem. Assim, ele passa a ser o advogado de todos. O tempo é escasso e logo a demora por detalhes para a composição do relatório promove a ebulição de inúmeros medos nos mais variados moradores, que transformam não somente as pessoas, mas o vilarejo como um todo.
Em O Relatório de Brodeck, Manu Larcenet reconta por meio de suas ilustrações espetaculares uma série de momentos que envolvem a pequena vila. Por meio das memórias do protagonista, o leitor mergulha nos eventos que antecederam a guerra e suas consequências para com o vilarejo. A forma como os soldados são retratados ao aportarem ali, como monstros — ainda que de início não se apresentem assim —, lembra muito a maneira figurada utilizada em Maus, outra importante história em quadrinhos sobre o período da guerra. Entre os flashbacks, o leitor também tem vislumbres do horror dos campos de concentração, das barbaridades impostas aos “estrangeiros sujos”, a raça inferior, e dos momentos finais da guerra, do abandono, da letargia da liberdade e das transformações incutidas na mente dos camponeses, encorajados a denunciar estrangeiros, inimigos da pátria e mulheres, muitas delas e deles somente para arrefecer a sede de sangue dos soldados.
“Sou o único inocente em meio a todos. O único. Escrevendo essas palavras, subitamente me dou conta do perigo que isso representa. Ser inocente em meio aos culpados... É, em suma, muito parecido como ser o único culpado entre os inocentes.”
Aproveitando que falamos da arte de Manu, é imprescindível comentar sobre o impacto de suas ilustrações na mente de quem lê. Utilizando-se apenas do preto e branco, o autor dá vida a uma obra dolorosa e que reconstrói os pesadelos que se acometeram contra os mais humildes, aqueles mais afastados das capitais e dos eventos mais famosos da guerra. Foram essas pessoas que sentiram as mudanças em corpo e mente intensamente. Com um realismo que impressiona, o nanquim esconde as feições quando assim são necessárias, dão corpo a um clima que mescla a tristeza e a soturnez próprias do enredo. Toda a desconfiança é habilidosamente tingida nas personagens, que as vestem e dão singularidade a cada personagem. É assombroso o que Larcenet faz com o pincel, como traduz magistralmente a essência do romance de Claudel.
A chegada do estrangeiro é narrada em O Relatório de Brodeck, bem como o reflexo que a figura corpulenta e de poucas palavras, mas muitos sorrisos e notável curiosidade promovem no vilarejo. Nesse ponto, a metáfora do medo do desconhecido, do que não é nativo é visível.
Temerosos pela consequência de seus atos, o vilarejo vê na oportunidade do relatório de Brodeck a chance de se esquecer de todo o carma e do ocorrido. É a confissão de homens marcados pelos horrores da guerra. Mas cabe ao protagonista produzir o relatório certo. E certo pode adquirir muitos significados ali.
“Eles estão todos os domingos na minha igreja, e eu vejo o rosto impassível daqueles hipócritas! Vejo a sua fachada de humildade, forçada, exagerada, e conheço todas as indignidades deles, seus segredos mais asquerosos... Também sinto o cheiro do suor deles, Brodeck, acre e rançoso... Não é água benta o que lhes escorre do cu, pode acreditar em mim! É o medo.”
Com diálogos impecáveis, como a conversa entre Brodeck e o padre, bem como de cenas sem qualquer fala, mas igualmente impressionantes, O Relatório de Brodeck é certamente um dos melhores quadrinhos que já tive a oportunidade de ler e, tão certo de como o romance do qual foi adaptado é uma obra-prima, seria imperdoável não estender tamanho elogio a obra de Larcenet.
Dotado de toda a carga emotiva e angustiante de que se encontra em Maus, por exemplo, além de uma composição quadro-a-quadro pensada com maestria, O Relatório de Brodeck é facilmente uma das melhores adaptações em quadrinho em muitas décadas, uma obra que deve se manter imortal, ainda que a memória de quem leia se esvaia.


site: http://skullgeek.com.br/resenhas/resenha-o-relatorio-de-brodeck-manu-larcenet/
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Jivago 15/02/2019

Chegou a era pós-HQs
"O relatório de Brodeck" nos força a pensar numa era pós-historia em quadrinhos. Estamos diante da diluição de fronteiras entre o romance, a pintura e a narrativa gráfica. O horror do pós-guerra e as marcas da barbárie dos Campos de concentração são retratados com esmero que talvez não encontre paralelo precisamente pela proeza da diluição dos gêneros. It's a must!
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Arthur Sayão 06/01/2019

O frio da intolerância
Num vilarejo isolado de tudo, frio, marcado pela presença de um invasor autoritário (nazistas) durante a guerra recentemente encerrada, um viajante exótico chega. Diferente de todos, excêntrico. Um assassinato e um pedido compulsório de um relatório ao morador mais marcado pela presença nazista no vilarejo. São pequenos retalhos dessa narrativa fria, comovente e intrigante. Começando bem o ano com esse #gibi adaptação do livro de Philippe Claudel, com a arte incrível do, também francês, Manu Larcenet. Traços originais que passou a crueza gélida de um lugar, amostra do mundo, onde a sensibilidade traz incompreensão, medo e violência. A história é muito mais que isso. Vale o desfrute dos lindos desenhos. As paisagens e animais foram os preferidos.
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@Spreadthereading 30/12/2018

Espetacular
Uma obra-prima em forma de HQ ??
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