Rute.Lessa 31/03/2024
República de Gilead - Uma alta expectativa
O livro aborda temas como opressão, controle governamental, feminismo e liberdade individual. É considerado uma obra clássica da literatura distópica e com adaptação para uma série, que ainda não assisti, e foi base para o TCC da minha amiga leitora Adriana Souza.
A narrativa acontece em meio a uma distopia, seria algo em torno dos anos 90, ou algo do tipo, mas isso não interessa muito porque o mundo está irreconhecível uma sucessão de acidentes nucleares, desastres naturais e epidemias gravíssimas dizimou boa parte da população dos Estados Unidos tornando os cidadãos que sobreviveram na boa parte deles inférteis. Retrata uma distopia que descreve os eventos após todas essas catástrofes, onde uma crise política transforma o estado de direito americano em um governo totalitário baseado na teocracia. Esta mudança radical é uma representação da instabilidade política que frequentemente segue grandes crises na história da humanidade, resultando em transformações drásticas na forma de governo e na estrutura social.
A obra retrata um estado teocrático fundamentalista, a República de Gilead, onde a autora, Margaret Atwood, provavelmente se inspirou na revolução islâmica do Irã para criar essa atmosfera opressiva. Nesse contexto, a liberdade das mulheres foi drasticamente reduzida, refletindo a opressão enfrentada por elas em sociedades fundamentalistas islâmicas. Assim, ao ambientar sua história em um regime totalitário cristão, Atwood proporciona uma visão do caos através da perspectiva feminina, destacando o protagonismo das mulheres na resistência e na luta pela liberdade.
A história é narrada exclusivamente do ponto de vista de uma personagem chamada aia, cuja perspectiva é parcial e não completamente confiável. Nessa distopia, o enredo se desenrola em um estado teocrático fundamentalista, orientado por uma interpretação ultra-radical da Bíblia, o que resulta em consequências significativas nas esferas política, econômica e militar. O foco principal da narrativa é a situação das mulheres após a revolução, que se tornou ainda mais grave com a perda de seus direitos. As aias são retratadas como escravas sexuais destinadas à procriação, oferecendo uma visão crua e perturbadora da opressão feminina nessa sociedade distópica.
Particularmente, não gostei muito da obra. Saliento que gosto muito de ler distopias e as desgraças ou possibilidades da humanidade.
Claro que se trata de uma obra um tanto cruel, torço para não chegarmos a essa realidade, mas não gostei muito da narrativa porque achei muito mórbida e quando acreditava que uma ação poderia acontecer, uma ação para que me prendesse na leitura, uma fuga, não aconteceu e quando havia uma faísca de possibilidade, ficou apenas em pensamento, levada pela narradora.
Embora ultra-radical tendo como referência a Bíblia, nossa narradora constantemente recorda do seu passado, e muito do que ela lembrava não foi explicado, como sua antiga família, o que me deixou um tanto chateada, a obra não é fechada e constantemente nos leva a pensamentos sexuais. Não esperava por bons acontecimentos, por conta do sistema, me deixou desconfortável, mas acredito que criei muita expectativa.
Não é um livro ruim, recomendo, mas eu como leitora, ansiava por mais.