Se a rua Beale falasse

Se a rua Beale falasse James Baldwin




Resenhas - Se a rua Beale Falasse


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Flávia Menezes 04/08/2023

???? SLAVE TO LOVE (ESCRAVO DO AMOR).
?Se a rua Beale falasse? foi publicado em 1974, e é o quinto romance de James Arthur Baldwin, um dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e crítico social estadunidense, nascido no Harlem, Nova York. Em 2019, foi feita uma adaptação para filme desta história, que foi dirigida e produzida por Barry Jenkins, e recebeu 3 indicações para o Oscar, tendo a atriz Regina King vencido na categoria "Melhor Atriz Coadjuvante".

Baldwin traz em seus trabalhos grandes dilemas pessoais fundamentais repletos das pressões sociais e psicológicas, que ele vai abordando através de temáticas fortes (e polêmicas!), envolvendo assuntos como a masculinidade, sexualidade, raça e classe, que vão se entrelaçando a alguns dos movimentos políticos de meados do século XX que buscavam por uma mudança social na América.

Confesso que o motivo pelo qual eu comecei a ler esse livro, foi exatamente por conta do seu título. Beale Street é o nome da famosa rua no centro de Memphis, Tennessee, que foi berço da história do blues, e onde o líder Martin Luther King (que foi amigo do autor) foi assassinado, em um quarto de hotel, em abril de 1968. E como eu tenho uma grande paixão por Memphis, não pensei duas vezes em iniciar essa leitura.

Mas apesar do título, a história tem como plano de fundo o Harlem, em Nova York, onde acompanhamos a história de duas famílias negras que se unem por conta de uma prisão injusta que afasta o jovem Alonzo ?Fonny? Hunt da mulher da sua vida, a adolescente Clementine ?Tish? Rivers.

A história é narrada em primeira pessoa, e quem nos conta é a jovem Tish. A intensidade da escrita de Baldwin é tão grande, e a ternura que ele consegue colocar em cada uma das suas palavras é tão impressionante, que desde as primeiras linhas eu me senti plenamente arrebatada para dentro desse drama, sofrendo e sentindo cada instante da vida desses personagens como se fosse na minha própria pele.

Antes de começar essa leitura, eu vi uma resenha que dizia que os personagens não foram bem desenvolvidos, mas eu confesso que após encerrar, eu não consigo entender exatamente o que a pessoa quis dizer com isso, porque eu consegui visualizar cada um dos personagens com tanta clareza, como se estivessem diante de mim. Aliás, a forma como o autor os descreve é tão realista, que é possível até sentir o cheiro da sua pele.

E esse é um ponto forte do Baldwin. Sua escrita é visceral, e tudo nela é intenso. Podemos sentir o medo, a violência, a dor tanto quanto podemos sentir a ternura, o amor e o sexo com a mesma força. As cenas são tão visuais, reais e com uma dose exata de cinestesia que não há como não se sentir parte pertencente de tudo o que está sendo narrado. Somos parte dessas famílias, e o seu drama passa a ser o nosso drama também.

Aliás, o quesito família aqui é de uma beleza sem igual. A forma como o pai de Tish se coloca na vida da filha, a aconselhando e amparando, sempre tão carinhoso e compreensivo, é de emocionar. Sem falar que aqui, o papel das mulheres é tão ativo, que a mãe e a irmã de Tish nos mostram o quanto o amor nas famílias pode ser o único (e o mais importante!) sustento nos momentos em que a vida nos prova da forma mais dura e dolorosa possível.

Uma das coisas que mais me encantaram nessa história é a forma como o autor traz a figura do homem viril (Fonny), em contraponto com a mulher frágil (Tish), mas que não se intimida ao ser chamada para vir em defesa do homem que ama, sem precisar se colocar acima dele.

Baldwin colocou tanta força nessa relação dos dois. Apesar de jovens, um homem e uma mulher nascem no momento exato em que se apaixonam, e se entregam um ao outro de forma a se tornarem um só. Aliás, a cena em que os dois fazem amor pela primeira vez é de uma beleza que não tenho palavras para traduzir, e a qual deixou todo o romantismo de lado para descrever uma entrega real, de uma parceria e um cuidado (da parte de Fonny) que me impactou a ponto de ter que deixar o livro um pouco de lado para poder ter tempo de processar essa cena.

Baldwin tem uma escrita que nos toca profundamente, e traz reflexões existenciais que me deixaram sem fôlego. E se me permitem, gostaria de trazer aquela que mais me impactou:


?Mas os homens não têm segredos, exceto com relação às mulheres, e nunca crescem da maneira que as mulheres crescem. É muito mais difícil, e toma muito mais tempo, para um homem crescer, e ele jamais seria capaz de fazê-lo sem as mulheres. Esse é um mistério que pode apavorar e imobilizar uma mulher, e é sempre a chave para a sua agonia mais profunda. Ela precisa observar e guiar, mas ele tem que liderar, e o homem sempre parecerá dar mais atenção real a seus companheiros do que a ela. Porém, esse relacionamento ostensivo e ruidoso entre homens os capacita a lidar com o silêncio e aquele segredo que contêm a verdade de um homem e o liberam?.


Não é bonito isso? Aliás, o masculino e o feminino aqui são trazidos em sua essência mais profunda. E para pessoas como eu, tão old school (à moda antiga), foi um conforto que mais parecia um carinho na alma. Eu gosto assim, e a cada cena eu só queria mais e mais e muito mais, porque quem dera na vida tivéssemos mais homens assim.

Será que posso deixar a minha ?romântica irrecuperável? aflorar aqui, e partilhar uma cena que é muito a minha cara? Como eu não resisto, vou ter que colocar.


??Ah Tish, você me ama?

? Eu te amo. Eu te amo. Você tem que saber que eu te amo, assim como sabe que esse cabelo crespo está crescendo na sua cabeça.

? Estou feio?

? Bom, eu queria te agarrar. Pra mim você está sempre bonito.

? Também queria te agarrar?.


Ai, Baldwin... Você acabou mesmo com o meu coração!?

E nessa história, o blues vai surgindo como uma referência musical que é pai de todos os outros estilos musicais afro-americanos, se expressando de forma profunda, trazendo em si a compaixão e a eloquência dolorosa, que se traduzem nessas vozes repletas de honestidade e paixão, a ponto de facilmente nos emocionar. A mesma força e beleza que vemos em cada uma das palavras dessa leitura.

As únicas partes negativas dessa história é que ela acaba, além de uma cena em que a intolerância religiosa se converteu em graves blasfêmias que foram até dolorosas de ler. Mas de resto, ela é simplesmente perfeita, e tudo o que eu tentar dizer aqui não será nem 1% de toda a sua magnitude.

Baldwin é um artista muito talentoso, e sua narrativa é pincelada de emoções que nos fazem encerrar essa história sentindo aquele vazio de quem queria muito mais desse amor que não tem nada a ver com romantismo, mas sim com o sentimento paradoxal de ser livre para sentir e viver tudo o que ele oferece, ao mesmo tempo que significa pertencer (unicamente) a alguém.

E como alguém um dia cantou: "Eu quero mais, e tanto faz, se tudo o que eu mais quero é ter você pra mim".??
Ana Sá 07/08/2023minha estante
Amigaaa, o trecho sobre "masculino x feminino" vai contra a perspectiva que eu tenho sobre relações de gênero (rs), essa ideia de justificar certa imaturidade masculina me irrita demais (rs), MAS, como sempre, sua resenha foi tão generosa nos detalhes que acho que vou adicionar à lista "apesar de"... Estou querendo um livro pra suspirar um pouco de amor...??


Flávia Menezes 07/08/2023minha estante
Mas amigaaaa? exatamente por esse motivo seria legal você ler. Porque eu fico curiosa?exatamente pelo que você disse? de você me falar o que você vai ver. Até porque me surpreendeu pelo fato do autor trazer as diversas relações e nesse, ele foi muito feliz sobre o amor desses dois protagonistas. Pode confiar e colocar na sua lista! E depois me conta tudo! ???


Ana Sá 07/08/2023minha estante
Concordo... exatamente por isso tb vale a pena! ;) Flávia e sua missão de "bagunçar" constantemente a minha meta de leitura 2023 hahaha


Flávia Menezes 07/08/2023minha estante
Amiga, essa é a troca: eu bagunço a sua e você a minha! ?




Danni 13/06/2019

A face de um racismo que não conheço
Eu inicio essa resenha com uma das muitas passagens interessantes desse livro.
? O estupro é o ápice da afirmação de uma masculinidade hegemônica que perpassa a história desse livro e organiza uma relação de hierarquia social, sexismo e violência?. Embora o a história do livro traga o estupro o racismo em suas piores facetas, esse livro trata-se de amor. E isso foi algo que me surpreendeu durante a leitura, pois achei que fosse um livro denso, falando de cenas horrendas, mas não. O livro passa pelas tentativas de Tish de tirar seu amor Fonny da prisão, sob a acusação de estupro, simplesmente pela sua cor de pele. O relato da obra faz você ter uma mínima percepção do que é ser negro em países onde as escravidão de africanos foi tão forte. Assim como Fonny, um jovem negro nos EUA foi preso em 2010 e só foi libertado em 2013 sem provas e cometeria suicídio em 2015, na verdade, Baldwin antecipa a veracidade da historia desse garoto, 60 anos após o romance ser escrito a narrativa é a mesma.
Por fim, mesmo que a dominação masculina seja evidente na obra, são as mulheres que conduzem, lutam e tecem a trama e as ações, num protagonismo que ousa desconstruir a ideia de passividade.
A obra te faz viver a angústia de Tish todos aqueles dias, mas senti uma certa pressa do autor em terminar a obra, o final foi lindo, embora, sem tanto entusiasmo.
Etiene ~ @antologiapessoal 13/06/2019minha estante
tá na minha wishlist !!! ??


Danni 13/06/2019minha estante
Muito bom!


Regyana.Alice 15/06/2019minha estante
Muita boa resenha Cunha, já vai pra minha lista haha


Danni 15/06/2019minha estante
É lindo!!




suellen 28/01/2022

o livro é incrível e melancólico. o que mais gostei foram as referências musicais, internamente fiquei cantarolando com o ray charles, billie holiday e aretha franklin. visualizei toda a história e me peguei triste com a narrativa, mas sei que infelizmente o ocorrido acontece com inúmeras pessoas negras pelo mundo afora.

?ela diz que foi estuprada por um negro, e aí puseram um negro no meio de uma porção de caras de pele mais clara, e por isso, obviamente, ela diz que foi você?

impossível ser mais doloroso do que isso.
@limakarla 28/01/2022minha estante
MULHER COMO ASSIM TU TERMINOU




a.bookaholic 07/02/2019

"Nem o amor nem o terror deixam a gente cega: só a indiferença faz isso."
Que livro impactante!

O livro conta a história de Fonny, um rapaz negro nos EUA dos anos '70 que foi erroneamente preso acusado de um estupro. Sua namorada grávida e a família dela entram numa desesperada jornada para tentar provar sua inocência, num ambiente nada favorável para ele.

O que realmente aconteceu foi que Fonny foi preso não por estar próximo do local do crime; e sim porque ele estava se mudando para um bairro predominantemente de brancos e um policial cismou com ele. O policial já o tinha confrontado antes e Fonny só não havia sido preso porque foi defendido por uma comerciante do bairro. Então, quando surge na delegacia uma moça porto-riquenha denunciando um estupro cometido por um homem negro, esse policial prontamente vai atrás de Fonny para levá-lo entre outros homens para que a vítima identifique. O problema é que Fonny foi o único negro entre todos eles e, por isso, a moça identificou ele como o agressor.

A família Fonny propriamente dita não faz muito esforço para tentar tirá-lo da cadeia, mas é a de Tish, namorada de Fonny, que move montanhas para isso. Tish pensa até mesmo em se prostituir para conseguir mais dinheiro. Mas o que eles precisam mesmo é tentar fazer a vítima entender que cometeu um erro e mudar o depoimento.

Com isso temos duas realidades conflitantes: a da família de Tish que tenta a todo custo provar a inocência de Fonny e uma moça violentada, traumatizada, aterrorizada que quer simplesmente esquecer essa história toda, deixar tudo para trás. Só que essa paz de espírito dela será paga com o estrago de outra vida inocente.

Esse livro foi baseado na história de um amigo do autor que, em situações parecidas, foi preso injustamente por um homicídio. Além de toda a questão do racismo e abuso policial, ainda somos inseridos num ambiente de medo constante que é o prisional, onde regras e hierarquias são criadas pelos próprios presos.

Fiquei muito impactada com essa leitura e recomendo muito! É daqueles livros que te deixam pensando, pensando, pensando...
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carolmndss 03/03/2019

Um livro que deveria ser lido por todos
Resenha feita originalmente no blog Virando Amor

Tish conhecesse Fonny desde que eram crianças. Eles cresceram juntos, e parecia certo (apesar da mãe dele discordar) que eles ficassem juntos. E tudo indica que é assim que vai ser, porque eles estão noivos e Tish está esperando um filho. Mas por uma crueldade do destino, ela tem que dar essa notícia pra Fonny na cadeia.

Fonny foi hostilizado por policiais e acusado de estuprar uma moça porto-riquenha. Então ele foi preso – sem ter nada que o incrimina e nem ter um julgamento – e tem que aguardar atrás das grades enquanto sua noiva não mede esforços pra tentar provar sua inocência.

O livro é contado sob o ponto de vista das memórias de Tish, nos contando sobre seu relacionamento com Fonny, sobre estar grávida. E aí temos uma família, a de Tish, que consequentemente é a de Fonny pois eles cresceram juntos, tentando libertá-lo a todo custo. O pai de Fonny, Frank, se preocupa muito com o filho, algo que não é tão aparente vindo da mãe e das irmãs.

É muito triste pensar que em 40 anos desde a publicação original, que foi em 1974, a história consegue ser tão atual e real (...)

LEIA A CONTINUAÇÃO NO BLOG VIRANDO AMOR!

site: https://www.virandoamor.com/2019/02/resenha-se-rua-beale-falasse.html
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Jean Bernard 09/03/2019

I have a dream...
A cor da pele não deveria ser requisito para se prejulgar um ser humano. Mas infelizmente foi, e ainda é, uma realidade dolorosa e desumana. Com essa infeliz realidade, é na Nova York dos anos 70 que se passa o enredo da obra. O racismo permeia essa sociedade, segregando e criando o medo.
?Um idiota nunca diz que é um idiota.?
A narrativa segue como música, poética e ritmada. Baldwin agride ?como se fosse uma peça de metal rasgada, entortada, gélida, trazendo com ela sua carne e seu sangue?. Mas agride com ternura e amor. Mas o amor conseguirá suplantar o ódio?
Uma leitura essencial, diria mais, obrigatória!
I Have a Dream?
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Vinicius 10/03/2019

A vontade de viver
Quando o amor sobressai a todos os tipos de exclusão e preconceito não existe indiferença. Tish foi guerreira e apesar de varias possíveis escolhas, aceitou acreditar. Em tempos de sofrimentos acreditar no amor nos salva de tudo.
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Mariana Knorst 30/03/2019

Se a Rua Beale Falasse
James Baldwin, conhecido por ter escrito O Quarto de Giovani (romance homossexual vanguardista), também é o autor de Se a Rua Beale Falasse, livro que inspirou o filme homônimo indicado a algumas categorias do Oscar 2019.
A história acompanha o drama do jovem casal Fonny e Tish, na década de 70, nos Estados Unidos, e traz ao leitor a mais dura realidade sobre o forte preconceito racial do período.
A trama inicia com Fonny preso e Tish revelando sua gravidez ao noivo e às famílias. A partir dessa premissa, a história se desenrola com a tentativa de livrar Fonny da prisão, em tempo de acompanhar o nascimento do bebê.
Contudo, a essência do filme não se encontra no drama aparentemente comum, e sim nas entrelinhas, em que encontramos situações de abuso, preconceito e segregação racial.
O autor embala a história no ritmo de gêneros musicais desenvolvidos através de raízes africanas, como blues e soul, e coloca diversas canções no papel de personagens influentes. Artistas como Aretha Franklin, Marvin Gaye e Billie Holiday são mencionados ao longo da história em diversas oportunidades.
Uma playlist com as músicas mencionadas no livro foi criada por mim, no Spotify, e está disponível nos stories (vou deixar nos destaques “Spotify”).
Se a Rua Beale Falasse, apesar de distante temporalmente, se mostra ainda muito atual, ainda que mascarada através de condutas hipócritas da sociedade. É uma história necessária, que oferece inúmeras reflexões, de âmbito social, moral e jurídico.
Como leitura semelhante, posso recomendar A Confissão (@rocco), de John Grisham, que relata a história de Donté Drumm, um jogador negro de futebol americano, que está no corredor da morte, como punição por crime que não cometeu.

site: https://www.instagram.com/p/BuPifnRAyLZ/
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jung.fe 29/04/2024

Uma boa história
Um enredo que traz histórias reais e que tocam muito. Podemos sentir as angústias e as injustiças que envolvem os personagens.
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Mariana Dal Chico 17/04/2019

“Se a rua beale falasse” de James Baldwin foi recentemente adaptado para o cinema e ganhou uma nova edição pela @companhiadasletras contando com um posfácio muito interessante de Márcio Macedo, bem como um breve perfil de James Baldwin.
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O tema central do livro é o amor entre duas pessoas que tentam manter a esperança de que a situação ruim vai melhorar. Fonny, noivo de Tish foi preso injustamente. Quem conta a história é Tish, que junto com sua mãe e irmã tomam a frente para a libertação de Fonny.

O autor não dá voltas para falar sobre a hipersexualização do corpo negro: a mulher repleta de luxúria com seu corpo à disposição e o mito do homem negro estuprador de mulheres brancas, que rondavam o imaginário popular.

O racismo é abordado de diversas formas, inclusive dentro da própria comunidade/família.
A mãe e irmãs de Fonny tinham pele mais clara que a dele, logo Fonny e o pai eram alvo de desprezo dessas mulheres, bem como Tish e sua família, que tinham a pele ainda mais escura e eram consideradas inferiores.
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A musicalidade está presente desde o título - Rua Beale é tida como o berço do blues -, até as palavras de encerramento da obra.
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Minha única crítica quanto ao livro é a forma como o final é desenvolvido, não me incomoda ele ser levemente aberto, mas a velocidade que as coisas são resolvidas nas últimas quatro páginas poderia ser a mesma usada na parte anterior da história. É como se passasse da velocidade 1 para 2,5.
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Como leitora, meu maior sentimento durante o livro foi de revolta e um imenso pesar. O livro foi publicado na década de 70, tantos anos se passaram, algumas coisas melhoraram, mas outras permanecem iguais.
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Gostei demais da leitura, Baldwin é um autor excepcional que influenciou uma geração de autores e merece ser lido. Quero imergir em suas outras histórias. Entre os dois livros que conheço dele, “O quarto de Giovanni” é meu preferido.
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Instagram @maridalchico

site: https://www.instagram.com/p/BwXOv7CA3fJ/
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Sil 26/04/2019

Lindo.
Olá,



Essa é a história de Tish e Fonny, dois adolescentes que se conhecem desde a infância, que cresceram sabendo que pertenciam um ao outro, e que agora vão ser pais! Fonny, com 21 anos é acusado de estuprar uma mulher porto riquenha e é preso por isso. Tish com 19, acredita na inocência do seu marido e decide que vai lutar para tê-lo em casa até o nascimento do seu filho.

Tish conta com o apoio da sua família para enfrentar todos os obstáculos que irão surgir e não vão ser poucos, pois apesar da acusação não possuir provas concretas da culpa de Fonny, estamos falando de um policial branco acusando um jovem negro na década de 70. Afinal, conforme descrito, parece que o cidadão negro já nasce culpado de alguma coisa, e uma acusação dessas parece mais do que normal (Vamos deixar claro que isso é o que o livro deixa transparecer. Não é a minha opinião).

Podemos perceber que a família de Tish é extremamente unida e bem estruturada, onde a mãe é o pilar principal da família. O pai de Tish é agora um homem bom e participativo, mas dá a entender, por alguns trechos que ele nem sempre foi assim. Acredito que o pai de Tish, foi como quase todo homem na década de 70: trabalhava para pôr comida na mesa, e deixava o resto para a mulher fazer, porém levava todo o crédito pela prosperidade da família inteira. Tish possui uma irmã extremamente inteligente e corajosa, confesso que foi uma personagem diferente, que me surpreendeu e deu um toque especial ao livro.

Já a família de Fonny é terrível. Sua mãe e as duas irmãs são metidas a mulher branca, por possuir uma cor menos negra. Isso acaba sendo mais um problema do que uma vantagem, (no livro, ser branco é vantagem okay? Não sou eu que estou dizendo que ser negro é desvantajoso. Afinal, estamos falando de um livro sobre preconceito), pois conforme mencionado por Tish: “O homem que queria se casar com uma mulher branca, queria uma mulher branca de verdade. E o homem que queria se casar com uma mulher negra, queria uma mulher negra de verdade”. Nesse sentido, elas não serviam para nenhum dos casos. Isso significava que elas já tinham idade para estar casadas, mas não estavam casadas. Esse fato desagrada muito todas elas. A mãe de Fonny é uma fanática religiosa que constantemente tenta converter o marido, porém sem sucesso. Podemos dizer, que o único sensato na família do Fonny, é o pai dele, porém novamente percebemos que este homem também nem sempre foi assim.

A história acontece na década de 70, e mostra o constante sofrimento enfrentado pelos negros diariamente, esfregando na nossa cara o racismo que permeia as ruas, seja entre pessoas ou até mesmo dentro do governo. Não é de hoje que sabemos da grande rivalidade entre policiais brancos e negros existente nos Estado Unidos, e este livro descreve muito bem dois casos: o de Fonny, apanhado por vingança por um policial, após o desenrolar de uma situação; e a de Daniel, amigo de Fonny, preso duas vezes sem ter feito nada em nenhum dos casos. Nessa situação também percebemos diferentes rumos: Fonny, que possui pessoas dispostas a lutar por ele e que acreditam na sua inocência; e Daniel, sozinho, com uma mãe doente esperando por ele em casa.

É um livro extremamente interessante e bem-humorado em alguns trechos, apesar do tema pesado apresentado. Aborda o preconceito como tema base, porém tem várias diversificações como a violência contra a mulher, empoderamento feminino, estrutura familiar entre outros. Uma constatação triste é de que o livro foi escrito em 1970, e nós estamos em 2019 e ele continua sendo atual e necessário, pois as mesmas coisas continuam acontecendo. E a gente pensando que ia estar discutindo problemas novos...

site: www.revelandosentimentos.com.br
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Luiza Helena (@balaiodebabados) 06/05/2019

Originalmente postada em www.oquetemnanossaestante.com.br
Se a Rua Beale Falasse foi adaptado para o cinema no fim do ano passado. Situado na década de 70, a história é narrada por Tish, contando como seu namorado Fonny foi acusado de estuprar uma mulher e foi preso injustamente. Quarenta anos depois, eu lendo essa história e percebi que ela é tão atual que chega a assustar.

Falar sobre esse livro é um tanto complicado. Você se sente impotente diante as situações de injustiça e preconceito; a vontade de entrar no livro e sair defendendo Fonny prevalesse durante toda a história. E são nesses momentos que você percebe que nada mudou no espaço de tempo em que a história foi publicada e a sociedade atual.

Tish como narrador onipresente foi uma boa jogada do autor. A inocência e esperança da personagem te conquistam. Apesar desses detalhes, ela não é completamente alheia à sua realidade como mulher negra e nem os motivos pelos quais Fonny foi indiciado. Na sua condição de grávida, ela ainda tem esperança que seu amor consiga ser inocente

Achei interessante como o autor também colocou a questão do racismo entre a própria comunidade negra. Por terem a pele mais clara, a mãe e irmãs de Fonny tratam seu pai e ele como pessoas inferiores, assim como a família de Tish.

O livro é dividido em duas partes e foi escrito com se fosse um diário em que Tish narra não somente sua vida, mas a dos outros personagens. Apesar do tema central da história, a escrita de Baldwin é bem fluída e tem um toque poético, e é por isso que os tapas que são dados em algumas passagens doem mais.

Um único detalhe que até agora não sei como me sentir em relação foi o final. Por estar tão envolvida na história, ele termina de uma forma abrupta e deixa em aberto o destino dos personagens, principalmente de Fonny. Creio que foi esse detalhe que me fez dar nota máxima ao livro e colocá-lo na lista de favoritos de 2019.

Se a Rua Beale Falasse foi adaptado para cinema pelo diretor Barry Jenkins (Moonlight) e concorreu nas categorias Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante, a qual Regina King levou o prêmio por interpretar a mãe de Tish.

site: https://www.oquetemnanossaestante.com.br/2019/05/se-rua-beale-falasse-resenha-literaria.html
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Na Nossa Estante 06/05/2019

Se a Rua Beale Falasse
Se a Rua Beale Falasse foi adaptado para o cinema no fim do ano passado. Situado na década de 70, a história é narrada por Tish, contando como seu namorado Fonny foi acusado de estuprar uma mulher e foi preso injustamente. Quarenta anos depois, eu lendo essa história e percebi que ela é tão atual que chega a assustar.

Falar sobre esse livro é um tanto complicado. Você se sente impotente diante as situações de injustiça e preconceito; a vontade de entrar no livro e sair defendendo Fonny prevalesse durante toda a história. E são nesses momentos que você percebe que nada mudou no espaço de tempo em que a história foi publicada e a sociedade atual.

Tish como narrador onipresente foi uma boa jogada do autor. A inocência e esperança da personagem te conquistam. Apesar desses detalhes, ela não é completamente alheia à sua realidade como mulher negra e nem os motivos pelos quais Fonny foi indiciado. Na sua condição de grávida, ela ainda tem esperança que seu amor consiga ser inocente.

Achei interessante como o autor também colocou a questão do racismo entre a própria comunidade negra. Por terem a pele mais clara, a mãe e irmãs de Fonny tratam seu pai e ele como pessoas inferiores, assim como a família de Tish.

O livro é dividido em duas partes e foi escrito com se fosse um diário em que Tish narra não somente sua vida, mas a dos outros personagens. Apesar do tema central da história, a escrita de Baldwin é bem fluída e tem um toque poético, e é por isso que os tapas que são dados em algumas passagens doem mais.

Um único detalhe que até agora não sei como me sentir em relação foi o final. Por estar tão envolvida na história, ele termina de uma forma abrupta e deixa em aberto o destino dos personagens, principalmente de Fonny. Creio que foi esse detalhe que me fez dar nota máxima ao livro e colocá-lo na lista de favoritos de 2019.

Se a Rua Beale Falasse foi adaptado para cinema pelo diretor Barry Jenkins (Moonlight) e concorreu nas categorias Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante, a qual Regina King levou o prêmio por interpretar a mãe de Tish.

Luiza Helena

site: https://www.oquetemnanossaestante.com.br/2019/05/se-rua-beale-falasse-resenha-literaria.html
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LuCoury 09/05/2019

Meu primeiro contato com o autor James Baldwin e a expectativa estava alta! O livro conta a história de Tish e Fonny, dois amigos de infância que se apaixonam. E o autor conseguiu superar minhas expectativas. Descreve com muita naturalidade, força e realismo o começo da paixão do casal, a descoberta da sexualidade e nos faz viver junto com os personagens todas as situações. Por serem negros, crescem tendo que conviver com estereótipos e preconceitos. Logo no começo do livro, Fonny é preso injustamente por um estupro que não cometeu acusado por um policial abusivo.
O principal problema apontado no livro é o racismo na década de 70, porém a tristeza maior é perceber que pouco mudou e os mesmo problemas permanecem: preconceitos, abuso policial, falhas no sistema de justiça e por aí vai. É difícil crer nos dias atuais que, por diferenças de tons de pele, algumas pessoas tem que temer estar no lugar errado na hora errada e serem acusadas de coisas que não fizeram, só por serem ‘mais pretos’ que outros, como dito por Tish em uma passagem do livro.
Recomendo a leitura, principalmente criarmos empatia com as pessoas negras que sofrem diariamente com preconceitos e abusos!
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