Jacques.Bourlegat 12/07/2020
O Fascismo Eterno
Entre suásticas nazistas, galhardetes fascistas, discursos racistas, armamentistas, misóginos e homofóbicos, a extrema direita têm conquistado terreno, principalmente nas mídias sociais. Umberto Eco em meados dos anos 90 já nos fazia a advertência sobre o Fascismo: esse mal não está superado!
Em o Fascismo Eterno ele apresenta as características típicas do "ur-fascismo" como o "culto da tradição", no qual um sincretismo permite uma nova combinação, de modo a tolerar contradições sobre verdades e interpretações obscuras. A ideologia baseada no "sangue" e na "terra" por exemplo. Esse tradicionalismo implica a "recusa da modernidade", há quem queira interpretar como movimento conservador, no entanto, não se pode ir além de movimento reacionário. Avessos ao iluminismo, propensos ao irracionalismo, cultuam a ação pela ação realizada sem reflexão. E, atribuem aos intelectuais e às universidades o retrocesso dos valores tradicionais. Os fatos não importam, a emoção e a tradição imperam. Além do mais, não aceitam o espírito crítico: o desacordo é traição. Ademais de ser sinal de diversidade de conhecimentos. O Ur-fascismo não compõe com o pluralismo e tenta o apelo primitivo do medo contra as diferenças. Portanto, por definição, será sempre racista. Os fascistas contam também com a frustração de classes médias desvalorizadas em tempos de crise econômica, que fortalece uma obsessão de conspiração intrínseca contra pseudos inimigos ou até mesmo inventados: judeus, comunistas, chineses, muçulmanos, nova ordem mundial. Assim como sustentam ações de negacionismo histórico, climático, sanitária ou qualquer outro delírio negacionista. Os inimigos são ao mesmo tempo fortes demais e fracos demais. E, isso os remete ao conflito constante, a vida é uma guerra permanente em que os mais "fortes" vencerão, criando um outro aspecto típico de qualquer ideologia reacionária: o elitismo. Desprezo pelos fracos e pelas minorias. Esse elitismo é característica do populismo, onde o líder tem o próprio culto do herói. E seus seguidores sustentam esse culto que chegava ser até um culto da morte heróica anunciada como recompensa, mas que na maioria das vezes se traduz com a morte dos outros. Além de todo esse imaginário machista, ainda é preponderante no fascismo, a intolerância para as demais questões sexuais, da castidade à homossexualidade. Talvez, as armas tão adoradas sirvam de substitutos fálicos. O líder populista se apresenta como intérprete da vontade do povo, e põe em dúvida a legitimidade do congresso, opondo assim como às instituições democráticas. Contrário e feroz oponente também à imprensa independente, alega que seus propósitos sempre são desvirtuados ou mal interpretados, atacando sistematicamente órgãos de imprensa que não são chapa branca. "O Ur-fascismo pode voltar sob as vestes mais inocentes. Nosso dever é desmascará-lo e apontar o dedo para uma de suas novas formas"