Abril Despedaçado

Abril Despedaçado Ismail Kadaré




Resenhas - Abril Despedaçado


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Matheus Redig 03/04/2024

Hamlet na Albânia
Nas montanhas do norte da Albânia, existe uma espécie de “estado paralelo”, onde vigora a mesma lei há séculos chamada “Kanun”. Esse código civil estabelece, dentre outras coisas, uma lei de vingança rigorosamente regulada por regras existentes até hoje. (No YouTube você pode encontrar documentários sobre o “Kanun”).

O personagem principal de “Abril Despedaçado” inicia a obra matando um cara e, pela lei da vendetta, ele só terá mais 30 dias de vida, prazo que durará até metade de Abril (daí o título do livro).

Esses elementos, no entanto, são apenas a premissa do romance e uma premissa pode ser destruída por uma péssima execução. Não é o caso aqui. Kadaré é um escritor muitíssimo habilidoso que consegue povoar o livro com pormenores altamente expressivos.

“Abril Despedaçado” é romance histórico que consegue ter amplitude filosófica sem ser sobrecarregado com intermináveis discursos filosóficos. Pertence à classe de obras literárias com teor fúnebre, feito Hamlet e A Morte Ivan Ilitch.

Um dos trechos mais belos (monólogo interior do protagonista encarando a certeza da morte iminente):

“Mas o principal não era isso. O principal era o que transcorria no seu íntimo e que era a um só tempo belo e terrível. Nem ele mesmo saberia descrevê-lo. Tinha a impressão de que o coração saíra de seu peito, expandindo-se em todos os sentidos, e, assim aberto, deixava-se ferir facilmente, alegrava-se e se entristecia por qualquer coisa, ofendia-se, doía, enchia-se de felicidade ou de pena por coisas grandes e miúdas, até por aquela borboleta, aquela folha, a neve sem fim ou a chuva aborrecida daquele dia. Tudo o atingia de frente, mas a tudo ele suportava, e poderia suportar até mais, ainda que os céus desabassem sobre ele.”
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AAnacruz 23/01/2024

É uma obra que se desenrola em uma vila rural albanesa, onde as tradições do "kanun" regem a vida dos habitantes. O enredo gira em torno da história da família Kryeqyqe, que, por tradição, é forçada a vingar a morte de um de seus membros. O protagonista se vê no dilema entre seguir o código de sangue ou romper com essa tradição.
A narrativa é rica em simbolismos, explorando a crueldade humana e a inevitabilidade do ciclo de vingança. Kadaré utiliza uma linguagem poética e melancólica para retratar a dureza da vida na aldeia e os conflitos morais enfrentados pelos personagens. O título "Abril Despedaçado" sugere não apenas o desmembramento físico, mas também o emocional, refletindo a devastação causada pela tradição de vingança.
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Mylenna1 08/11/2023

A morte pela morte
Um livro sobre vendeta e costumes da Albânia. Foi louco conhecer essa tradição da rixa de sangue, que como manda o costume deve-se matar um homem da família rival sem fundamento algum, simplesmente para manter os hábitos multisseculares. Não gostei do romance, deixou muito a desejar.
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Maria 02/10/2023

Meu deus?
Boy QUE FINAL É ESSE? estou sem reação preciso de uma semana pra digerir (é uma pena que eu não tenho)
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Maria 02/10/2023

Meu deus?
Boy QUE FINAL É ESSE? estou sem reação preciso de uma semana pra digerir (é uma pena que eu não tenho)
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Laura 17/09/2023

Lindas metáforas
O livro tem uma narrativa base muito interessante, onde explora a vivência em um povoado albanês que vive seus dias a base de um livro de códigos muito específicos, o livro do sangue, da vingança e da morte. o autor faz um ótimo trabalho ao descrever o funcionamento do kanun pela perspectiva de quem "sofre" com o código, de quem estuda os código com base em um interesse quase místico e na perspectiva de quem trabalha para o funcionamento do kanun. o autor constrói a narrativa e o psicológico dos personagens com lindas metáforas, mas devo comentar que capítulos muito técnicos acabam sendo um tanto tediosos, de modo geral é uma boa leitura com uma grande lição e reflexão para o leitor
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Otávio - @vendavaldelivros 05/06/2023

“Medir os dias da vida com o metro da morte é, antes de mais nada, um dom.”

É difícil imaginar como um livro que se passa nas montanhas da Albânia pode impactar tanto a nossa forma de enxergar a vida e a morte. Eu esperava uma boa experiência de leitura com Abril Despedaçado, porque já havia lido A Pirâmide, do mesmo autor, e tinha gostado, mas não imaginava encontrar um livro tão forte como este.

Publicado em 1982, Abril Despedaçado talvez seja o livro mais conhecido do albanês Ismail Kadaré aqui no Brasil, já que sua obra foi adaptada para o cinema pelo consagrado Walter Salles. Como nunca havia assistido ao filme, a história que me chegava era apenas a da sinopse e das indicações que acompanhei.

No mês de março de algum ano da década de 30, nos montes malditos no norte da Albânia, o jovem Gjorg cumpre o Kanun, o código moral que rege a vida e a morte dos moradores da região, e vinga a morte do irmão, assassinando aquele que havia retirado sua vida. Agora, ele está sob o regime do código e virará o alvo dessa vingança quase eterna, que segue ceifando vidas e famílias.

A violência, a morte e a vingança como motores sociais assustam. Como imaginar uma sociedade que “sobrevive” alimentando vendetas e assassinatos para recuperar dívidas de sangue que acabam nunca sendo pagas? Esse recorte real de uma região tão pequena faz refletir sobre como nós encaramos a vida e a morte. Como a violência virou um produto em nossa própria sociedade? A violência física, mas também a emocional, muitas vezes vendida em reality shows de grande sucesso, está tão presente em nosso cotidiano que, ao nos depararmos com uma roupagem diferente, tendemos a chamar a cultura do outro de bárbara. Mas quão bárbaros nós também não somos?

Quanto se lucra com a violência, com a fome, com a espetacularização do racismo e de todos os preconceitos? O quanto nossa sociedade violenta pessoas pobres em troca de entretenimento? Quantos jovens negros não são assassinados todos os dias em troca de uma falsa sensação de segurança para quem não vive na periferia? Abril Despedaçado é um livraço, daqueles que ficam e deixam marcas na nossa própria capacidade de enxergar o que, afinal, é o nosso mundo.
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Marcus 22/05/2023

?só construíra uma morte, sua única propriedade neste mundo?
?O seu abril despedaçado? Apesar de tudo, foi melhor assim, suspirou, sem querer saber o que fora melhor, a vingança pela morte do irmão ou a época em que se dera a vendeta?
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Julia Manjko 29/04/2023

Riqueza cultural para ampliar as visões de mundo
Passei a conhecer o Kanun a partir desse livro e fiquei muito curiosa para aprender mais, infelizmente não tem muito conteúdo sobre ele em português então vou ficar só na vontade mesmo.

Mas o livro já me apresentou bastante pontos de vistas diferentes sobre esse código de conduta e foi isso que eu mais gostei nele, você pode conhecer essa cultura de diversas maneiras.

No final senti que o livro já tinha me dito tudo o que queria e por isso as últimas páginas foram um pouco arrastadas.

Mas resumindo foi uma experiência muito rica e com uma escrita impressionantemente fluida.
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Lurdes 08/04/2023

"Como imaginara centenas de vezes, antes de atirar Gjorg avisou o homem, conforme mandava o costume."
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A Albânia e seus códigos de conduta explodiram minha cabeça.
Em minhas andanças literárias buscando conhecer outros povos e culturas, nada me impactou tanto quanto o Kanun.

Kanun é um conjunto de leis tradicionais albanesas, que a população foi passando oralmente, de geração a geração, sem nem mais identificar a sua origem. Estas regras só foram publicadas na forma escrita no século XX e, apesar das tentativas de extingui-lo, algumas comunidades rurais ao Norte do pais ainda o seguem.
Este código contém regras sobre absolutamente tudo, desde punições a crimes, disputas territoriais, casamentos, heranças e, uma das mais polêmicas (abordada no livro), a autorização para vingar a morte de um familiar, matando um membro da família do assassino, a chamada vendeta.
Não é nem autorização, é uma determinação para que a vingança ocorra para dar paz ao familiar morto.

O livro conta a triste estória de Gjorg, que precisa vingar a morte do irmão.
Ele não é um assassino e jamais pensaria em tirar a vida de alguém se esta não fosse a determinação do Kanun.
Se não o fizer estará desonrando a si mesmo e à sua familia.
E, assim que cumprir a vendeta, ele próprio se tornará alvo da outra família.
É muito angustiante acompanharmos o seu desconsolo por ter de abrir mão de seu futuro, de sua vida, em nome de uma tradição tão cruel.
O que fazer com o tempo que lhe resta?
Gjorg possui exatos 30 dias de vida, prazo concedido pela bessa, antes de se tornar um alvo.
É possível viver de verdade em tão curto período? Dará tempo de conhecer o amor?
Me emocionei demais com a leitura que me provocou sentimentos muito contraditórios.

O tom profético, dramático e heróico tem ares de tragédia grega ou shakespereana onde não é possível fugir ao próprio destino

Um livro lindo, delicado, sensivel.
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Vanessa.Benko 05/02/2023

Vivos não passam de mortos de licença
Despedaçado certamente é o melhor adjetivo para o livro. Pedaços de histórias, pedaços de famílias e principalmente pedaços de vidas.
Foi um convite para conhecer melhor sobre a Albânia e sua história. Culturas e leis não escritas. Um senso de justiça que está entrincheirado em cada cidadão. Um código de honra que é considerado mais importante do que qualquer governo.
Gjorg parece alguém conformado com todo o código de honra do Kanun. Entende sua importância e principalmente seu papel na vendeta já tão antiga e um pouco inexplicável entre duas famílias. Direitos pré-estabelecidos e a necessidade de fazer justiça a vidas (ou seriam a mortes?).
Diana houve relatos e explicações de como funciona esse complexo sistema de vendeta. Sua lua de mel, que poderia ser sublime e sentimental, é corrompida pelas palavras e perspectivas externas do seu marido, o escritor Bessian. Seu marido o leva para conhecer pessoalmente esse intrigante novo mundo, que a assusta ao mesmo tempo que desperta a curiosidade.
Alguns personagens secundários ainda nos presenteiam com ainda outros pontos de vistas totalmente fora dos nossos padrões ocidentais. Viajamos nos detalhes do Kanun e no respeito mútuo.
Gjorg e Diana são de mundos opostos, mas com a mente ligada pela vida e seus inconsequentes significados. Um fio frágil de ter pela última vez uma visão – sem conseguirem entender exatamente o que buscam.
O Estado não é mais forte do que uma nação decidida a manter tradições que consideram justas. Não somos capazes de julga-los. Dentro de cada decisão, é um enorme respeito intrínseco que jamais conseguiremos entender. Quem somos nós para decidir o que é avançado ou atrasado? Para dizer o que funciona melhor para cada sociedade? Assim, é um livro que nos traz conhecimentos – mas a verdadeira reflexão de como pode-se aprimorar a prática da justiça cabe somente aos ali envolvidos.
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Leila 04/02/2023

Ler Abril despedaçado é mergulhar em outra cultura, é passear pelas külles da Albânia e tentar entender esse sistema estranho de vendetas do Kanun, algo tão peculiar e próprio deles, tentar entender essa moral e ética, esse costume tão entranhado que supera até mesmo as leis constitucionais. Sei que é surreal pensar em tantas mortes por vingança e honra, mas quando você lê faz um certo sentido, rs. Gostei demais, achei a obra um livraço, uma leitura fora da caixinha. E é aquilo, posso não concordar, posso não compreender, mas entender e respeitar é possível. Tentar acessar a mente das personagens e todas suas questões existenciais é o que há de mais rico nessa experiência de leitura. Não é um livro fácil de explicar, tampouco de sentir, mas só sei que é bom de ler e é uma obra fenomenal. Então, só vai!
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caiocorrea_art 05/01/2023

O tiro na neve
Abril Despedac?ado, do escritor albane?s Ismail Kadare?.
O livro narra uma e?poca da de?cada de 1930 dos planaltos rurais da Alba?nia, onde a lei que rege a sociedade e? um regulamento secular a? parte das leis que regem o restante do pai?s, o Kanun.
O Kanun, ou a lei do sangue como tambe?m e? chamado, regulamentava como deveriam ser as relac?o?es entre as pessoas atrave?s da morte e de sua vinganc?a.
A lei era ta?o bem estruturada e ta?o bem aceita na comunidade local, que outros regimentos ja? tentaram entrar na regia?o do Rrafsh (planaltos) pore?m foram execrados pelos moradores.
A histo?ria do livro mostra a histo?ria de um jovem que estava vivendo a sua hora de exercer o papel de vingador do nome da fami?lia, sua saga e dilemas ao adentar nesse ci?rculo de vida e morte.
So? que o que e? mais interessante do livro, na minha opinia?o, e? como Ismail transcorre em paralelo a? vida desse jovem, a vida de outros personagens que na?o vivem e nem fazem parte da histo?ria daquele, pore?m mostra como e? a vida nesse cena?rio.
Um casal que veio da cidade grande e na?o para conhecer esse mundo desconhecido do Kanun, o responsa?vel pela coleta do imposto do sangue sa?o alguns dos personagens adjacentes do livro.
Foi um livro que comecei a ler sem muita expectativa, pore?m que me cativou absolutamente e eu amei a histo?ria e a leitura.
Recomendo demais mesmo.
Apesar do que foi dito acima, na?o e? um livro mo?rbido ou pesado.
E? incri?vel.
Esse livro tambe?m teve uma adaptac?a?o de 2002 em um filme brasileiro de Walter Salles e estrelado por Rodrigo Santoro. Ainda na?o vi mas estou com vontade.
Livre-se.
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@buenos_livros 17/12/2022

Abril Despedaçado - Ismail Kadaré ??
?Entretanto, assim como uma nova bandeira hasteada depois da retirada da velha, no andar superior da kulle dos Kryeqyq pendia a camisa ensangüentada do novo morto. As estações, o calor e o frio, haveriam de influir nas mudan-ças da cor do sangue seco, assim 🤬 #$%!& talvez o tipo de tecido. Mas ninguém levava isso em conta, e cada metamorfose era interpretada como uma misteriosa mensagem que não se poderia contestar.?
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. 94/2022
. Abril Despedaçado (1982)
. Ismail Kadaré ??
. Tradução: Bernardo Joffily
. Romance | 175p. | Livro
. @companhiadasletras
-
. Uma leitura densa que começa eletrizante e perde o fôlego, apesar de sua originalidade. O autor albanês Ismail Kadaré recria as montanhas do interior do seu país, onde as leis do Rei Zog são suplantadas por um código de honra, o Kanun, que rege a ordem moral e as dívidas de sangue. Dividindo a narrativa entre um jovem que tem os dias contados por uma vendetta é um casal que passa sua lua de mel estudando o impacto do Kanun na vida dos montanheses, o livro vai e volta, interlaça as vidas e retrata detalhadamente muito da cultura albanesa. Interessante para quem gosta de viajar e conhecer culturas através dos livros, mas cansativo apesar da bela escrita de Kadaré. Vale a pena, mas não agradará a todos os gostos.
. ??????
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