spoiler visualizarTata271 25/04/2020
Ricardo & Vânia (Vager) - Resenha
Ricardo & Vânia
O maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor
De Chico Felitti
Uma leitura fluida, rica de sentimentos eu diria que Felitti foi muito “feliz” ao transcrever essa história da vida real. O autor nem imagina que existem muitos Ricardos e Vagners por aí.
Falar de sexualidade atualmente em um mundo mais aberto. Onde as pessoas estão mais receptivas e o poder da mídia influencia bastante, tornou-se um assunto comum que não causa choque a ninguém.
Agora quando se mergulha na reportagem narrativa apresentada e contextualiza com as décadas de 80 a 90, a conjetura se torna dolorosa. Onde as famílias não apoiam, a sociedade descrimina, as portas se fecham e as oportunidade que já eram poucas, desaparecem. O que resta a um gay?
(Não usarei nomenclaturas, por não entender e não sei a quem aplicar)
A solidão, a carência e a necessidade de sentir-se aceito é um dos grandes inimigos na vida de um gay. Acredito que foi essa a causa da aproximação do casal. Vânia (Wagner) encontrou em Ricardo: proteção e carinho. Ricardo que por sua vez era uma pessoa afetuosa e carente, não resistiu e entregou-se ao fogo da paixão. E como o próprio nome diz “Paixão” foi esse sentimento tão intenso que uniu como também foi o responsável pelo término da relação. Nas palavras de Vânia: “_Te amo, mas não posso ficar, seu amor me aprisiona...” e foi o amor próprio que a salvou.
Ela um dia fugiu em busca de descobrir um novo destino para a sua vida, longe de tudo e de todos. Ele ficou e sozinho não conseguiu lutar, aos poucos foi definhando até tornar-se um desconhecido “conhecido” as pessoas sabiam quem era, mas não sabiam o nome. Alguns os respeitavam, outros o ignoravam e mais alguns os ridicularizavam. Porém ele, dono de uma elevada auto estima, não deixava abater-se. Sua derrocada foi a esquizofrenia que o tornou incapaz de gerir a própria vida e o que fazia vagar por pensões baratas e ganhar a vida distribuindo panfletos nas portas de teatro.
Se você conseguir imaginar essa junção: Efervescência da juventude, sentimentos reprimidos, carência, tesão, drogas, busca pela beleza...
Vai chegar ao cerne da obra de Chico Felitti. Que deu voz a um personagem que fez parte da história Paulistana o ícone “Fofão da Augusta”, ao mesmo tempo a história chama a atenção para a classe gay de hoje, apela para que seja valorizado o espaço conquistado bem como os direitos. Nem sempre foi assim, basta ler o livro e você conseguirá entender.
Boa leitura a Todos.
@letrastataarrasa
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