spoiler visualizarVal 06/05/2019
Amei, mas tiveram exageros desnecessários...
PODE CONTER SPOILERS
Eu, sinceramente, não sei como me sinto sobre esse livro. Mesmo sabendo que "amor proibido" é um dos plots favoritos para os casais da obra da Cassandra, mesmo reconhecendo o padrão, eu realmente gosto de Julian e Emma. Queria que o final da obra tivesse sido mais cuidadoso. Não foi ruim, mas foi rápido e muito desviado para tramas alternativas. Inclusive a forma dela colocar trechos de tramas simultâneas ficou muito desgastante. É um recurso interessante para marcar o tempo na obra, mas ela usou em excesso, deixou a leitura cansativa. Fato é que na seguda parte, em Thule, quando ela não usou esse recurso, a leitura fluiu mais.
Com relação as tramas alternativas, foi interessante ver o desfecho de todos os personagens, mas confesso que tiveram personagens demais, com muitos pontos de vista, que, mais uma vez, contribuíram para que a leitura ficasse desgastante. Personagens dos Instrumentos Mortais tiveram muita importância, não sei se foi bom revê-los ou se poluiu a trama. O arco de alguns personagens foi descuidado. Kieran passou de vilão a herói, depois de herói a rei, tudo isso de forma bem abrupta, ocupando uma posição que só desfavoreceu o triângulo amoroso. Não precisava ter sido assim. Além de outras histórias paralelas como a dos irmãos Diego e Jaime, Diana, Ragnor, a herdeira perdida, Ash, que as vezes eram bastante interessantes, mas por serem tantas, acabavam se atropelando.
Nesse sentido, ficaram muitas pontas soltas para dar continuidade nas próximas obras. O que poderia ser um epílogo, se tornou quase um livro dentro do outro. Personagens como Kit, Ty, Ash, o Evil Jace e até mesmo a tropa em Idris ficaram sem um final sólido. Eu gosto da ideia de deixar uma ou outra ponta solta, mas foram muitas. Mais uma vez, pecou pelo excesso.
Uma das coisas que mais gostei foi com relação à crítica social que ela conseguiu fazer, mesmo escrevendo fantasia. Todo o cenário político construído foi interessante e as questões levantadas foram muito pertinentes e servem para refletir nosso cenário político/moral/ideológico atual. Parabéns para ela!!
E para concluir, retorno a Emma e Jules. Se tem uma coisa que a Cassandra faz bem é a construção de personagens. Logo, eu estava desejando um desfecho bem maravilhoso para eles e para todos os Blackthorns. Me frustrei! Não achei a questão da maldição bem resolvida, aquele negócio deles virarem gigantes foi muito repentino, a forma como eles voltaram ao normal foi sem sentido, o modo como o vínculo se quebrou foi oportuno demais e a trama deles, que deveria ser a principal a se desenvolver, foi sufocada por mil narrativas secundárias. O Julian era um personagem muito forte e poderia ter sido trabalhado com mais carinho, achei as transformações pelas quais ele passou muito abruptas, como todo o restante do livro. Faltou suavidade, leveza, foi uma obra muito carregada e a leitura bastante pesada, bem diferente dos Artifícios das Trevas.