Maternidade

Maternidade Sheila Heti




Resenhas - Maternidade


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AnnaFernani (@maeefilhaqueleem) 05/05/2020

P/ a maioria das pessoas a maternidade é algo q vai acontecer na vida de uma mulher... ela foi criada e educada p/ isso, p/ se sentir completa com a chegada do filho. Acontece q p/ muitas mulheres, o se sentir completa chegou antes da maternidade e assim foi feita a decisão de não ter filhos.
P/ muitos pode parecer loucura, porém, não para quem tomou essa decisão e se sente bem e satisfeita com ela.
Sheila Heti nos trás uma personagem q passa por esses questionamentos ao chegar próximo dos 40, em um relacionamento estável. Ela é cobrada quanta a chegada de filhos, porém, ela se questiona, pois não quer filhos, já q se sente completa com a dedicação q dá a sua arte, e não se vê dividindo o seu tempo cuidando de uma criança.

"Viver de um jeito não é uma crítica a todos os outros jeitos de viver. Será que essa é a ameaça que a mulher sem filhos apresenta? Ainda assim, a mulher sem filhos não está dizendo que nenhuma mulher deveria ter filhos, ou que você - mulher empurrando um carrinho de bebê - fez a escolha errada. A decisão que ela toma para sua vida não é um discurso sobre a sua. A vida de uma pessoa não é um discurso político, ou geral, sobre como todas as vidas devem ser. Outras vidas deveriam correr paralelamente à nossa sem qualquer ameaça ou juízo."Pág.148.

O livro trás vários questionamentos q nos deixam em dúvida se é um romance ou auto-biográfico, já q vc encontra dúvidas tão reais. Cada mulher tem a liberdade de escolher o q fazer com a sua vida e cabe ao restante do mundo aceitar e respeitar a sua escolha. Mas nós, mulheres só temos uma certeza... qualquer escolha será julgada.
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Luiza - @oluniverso 18/04/2020

Resenha publicada originalmente no blog Livriajando
Em Maternidade, somos apresentados a uma mulher que está chegando perto dos quarenta anos, tem um companheiro chamado Miles e não gerou filhos. Apesar de passar a maior parte do tempo criando histórias e refletindo (a profissão da protagonista é ser escritora), ela não consegue tirar da cabeça a ideia de ter ou não ter um bebê. Afinal, parece que todas as suas amigas estão pensando em realmente ter uma criança ou já a tiveram. Mas, será que ela quer realmente passar por essa experiência?

Para tentar responder essa dúvida (e depois percebemos que talvez não para isso), a protagonista, com o apoio do marido, tem a ideia de escrever seus pensamentos sobre o assunto para, quando o livro acabar, ela realmente tomar sua decisão final. E é assim que nasce o livro Maternidade: ele é o resultado das experiências da protagonista.

O nome dela em nenhum momento é revelado, o que nos leva a pensar que talvez estejamos falando de parte da experiência da própria Sheila Heti. De qualquer forma, o livro começa com um jogo de perguntas e respostas feito com moedas, em que duas ou três caras significam sim e duas ou três coroas significam não. As perguntas são desde reflexivas a até comuns, como "Este livro é uma boa ideia?". "Sim". A autora garante que não influenciou as respostas e respeitou o uso das moedas.

Depois, ela vai acrescentando a isso suas próprias ideias, reflexões e acontecimentos diários, da sua rotina mesmo, para adentrar no assunto: como quando visita suas amigas grávidas ou que já têm filhos, quando assiste a um filme ou quando lê um livro. Essa obra me lembrou muito aquela situação curiosa que já deve ter acontecido com todo mundo: quando não sabemos de algo, não reparamos nesse algo. Mas, quando lidamos com ele pela primeira vez e percebemos que existe, ele começa a aparecer em todos os lugares e nos sentimos rodeados. É assim que vi a maternidade acontecer para a protagonista.

A não maternidade: o assunto chave da narrativa

Embora os relatos da protagonista não sejam expostos de forma cronológica, dá para perceber que ela passou vários anos refletindo sobre ser ou não ser mãe. Ou talvez adiando essa decisão.

Isso causa diversos níveis de reflexão na personagem, além de crises existenciais e, em uma parte do livro, conflitos muito grandes com o companheiro, que desde o início se posiciona como uma pessoa que não vai decidir sobre a questão, já que ele já tem uma filha e reconhece que essa deve ser uma escolha feminina. Apesar de ela às vezes não reconhecer, Miles a apoia e está do lado dela em qualquer situação.

"Eu via que outras pessoas já estavam cuidando deste assunto - da maternidade. Se os outros já estavam fazendo isso, então eu não precisava fazer" - Pág. 108.

Em alguns momentos, considerei as razões que a protagonista aponta para não ser mãe como exageradas demais e até um pouco simplistas, mas em outros, ela traz reflexões importantíssimas, como a das mulheres que não querem ser mães, mas adotam uma criança; as mulheres que não querem ser mães, mas contribuem com o mundo de alguma outra forma, como com a escrita e com a sua inteligência, as mulheres que não querem ser mães porque acham que nasceram apenas para terem o papel de filhas e cuidarem das suas próprias mães, etc.

Falar sobre a não maternidade leva inclusive a autora a refletir sobre o patriarcado, sobre a pressão social que as mulheres sofrem (quando, por exemplo, são instigadas demais a terem filhos, mas também não podem tomar a decisão de abortar, porque parece que isso já é demais - o ponto aqui é que de alguma forma sempre há a necessidade de controlar o corpo feminino, seja puxando a corda para um lado ou para o outro) e sobre nossos papéis como seres femininos.

"Viver de um jeito não é uma crítica a todos os outros jeitos de viver. Será que essa é a ameaça que a mulher sem filhos apresenta? Ainda assim, a mulher sem filhos não está dizendo que nenhuma mulher deveria ter filhos, ou que você - mulher empurrando o carrinho de bebê - fez a escolha errada. A decisão que ela toma para a sua vida não é um discurso sobre a sua. A vida de uma pessoa não é um discurso político, ou geral, sobre como todas as vidas devem ser. Outras vidas deveriam correr paralelamente à nossa sem qualquer ameaça ou juízo". - Pág. 148/149.

Enxerguei a reflexão da autora como importante, pela coragem de expor em uma obra um assunto delicado e que precisa sim ser discutido. Além disso, é muito importante que as mulheres reflitam sobre o fato de desejarem ou não ser mães, pois uma criança é uma responsabilidade e precisa de cuidados, atenção e outras necessidades que às vezes não queremos ou não podemos prover, e isso é normal.

Maternidade e a autoficção

Se você olhar a ficha catalográfica de Maternidade, vai perceber que o livro se enquadra em Ficção e/ou Ficção canadense. Ou seja, ele não necessariamente tem a obrigação de apresentar fatos da realidade e representar a vida de alguém que já existe. Porém, o formato do livro, a escrita e informações reveladas pela própria autora nos fazem crer que a obra poderia se encaixar facilmente no que é definido como autoficção.

Para entender melhor este termo, li o capítulo "A autoficção e os limites do eu", do livro Mutações da Literatura no século XXI, de Leyla Perrone Moisés, sobre o assunto. Descobri que o termo foi criado por Serge Doubrovsky, em 1977, na França. Segundo Leyla, os livros de autoficção da época costumavam apresentar as experiências de vida do autor, seus pensamentos e sentimentos.

"Não eram diários, porque não registravam os acontecimentos dia a dia, em ordem cronológica. Não eram autobiografias, porque não narravam a vida inteira do autor, mas apenas alguns momentos desta. Não eram confissões, porque não tinham nenhum objetivo de autojustificação e nenhum caráter purgativo" - 66% do livro no Kindle.

Além disso, mais para frente, Leyla expõe que a autoficção não é necessariamente egoísta ou descartável, por falar de uma pessoa específica. Ela pode ser uma forma do autor se assemelhar aos seus leitores e assim, ajudá-los a encontrar respostas que faltam neles mesmos. Há aqueles que defendem que a autoficção é totalmente verdadeira e todos os fatos narrados são reais; e também há os que acreditam que tudo o que é autoficção não passa de uma invenção fantasiosa.

A boa notícia (e a que eu, pessoalmente, estou mais propensa a acreditar) é que existe uma linha entre esses dois extremos que explica que, como a linguística é um sistema de significados que representam a realidade, a linguagem verbal se torna uma representação convencional do que quer que seja e, por tanto, é sempre infiel e não realista (o que não significa que não pode ter traços de realidade).

Vocês já viram aquela imagem que diz "isto não é um cachimbo", porque ele é a representação de alguém sobre o que é um cachimbo? Com os livros de autoficção aplicaria-se a mesma linha de raciocínio: como o real não é palpável, ele seria representado, neste caso, pelos livros de autoficção. Além disso, é notável que mesmo a narrativa de uma história real pode ter algum ou outro ponto de vista ressaltado de acordo com os interesses do autor. Ele pode maximizar um ângulo de visão, dar ênfase a fatos que para outras pessoas não seriam tão importantes e expor os acontecimentos em uma cronologia diferente para defender uma ideia.

Por fim, segundo o livro de Leyla, existem algumas características básicas para que um livro se enquadre dentro da autoficção, que são:

O narrador deve ter o mesmo nome do autor;
O eu da narrativa deve se buscar e se autoquestionar com honestidade;
O narrador deve revelar uma verdade interior em sua escrita;
Ele deve levar em conta a questão ética, pois não é possível falar de si mesmo sem citar aqueles que o cercam, como a família e o(a) companheiro(a).

Por mais que Sheila não tenha dito explicitamente que a história é sobre ela, também não é revelado em nenhum momento qual é o nome da personagem principal de Maternidade, o que nos deixa numa grande dúvida. Contudo, e apesar de Sheila ter dito que "essa história tem mais imaginação e invenção" que o seu primeiro livro, How Should a Person Be? (Como uma pessoa deveria ser?, em tradução livre), não há como não se questionar se muitas das indagações da personagem principal de Maternidade não são as mesmas de Sheila.

site: https://www.livriajando.com.br/2020/04/resenha-maternidade-de-sheila-heti.html
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Tainá 23/03/2020

Um bom livro na hora errada
Entendo que esse livro é bem escrito e interessante, mas não foi uma experiência tão boa assim pra mim nesse momento. Achei um pouco arrastado e tive dificuldades para chegar ao fim.
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Maíra Marques 19/02/2020

O livro apresenta inúmeros questionamentos sobre a maternidade, sobre a escolha de ser ou não mãe. Mas, por ficar tão centrado nisso, a leitura fica cansativa, monótona , pois não há elementos novos ou surpreendentes que tragam novos "caminhos" ao enredo. Para quem se interessa pelo tema maternidade, recomendo a leitura. Para os demais, acho que será uma leitura cansativa.
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Camila Faria 02/02/2020

Ter ou não ter filhos? Essa questão, aparentemente simples, é o que move a narradora desse livro incomum ~ uma mistura de ficção e ensaio retrorreflexivo. A discussão por si só já vale a leitura, mas a autora/personagem vai além do caminho tradicional, que questiona o quanto essa decisão é uma escolha real (e racional) da mulher e o quanto ela é uma atribuição social compulsória. Ela está interessada em saber se é possível sublimar esse desejo/dever, criando uma obra de arte definitiva (no caso, um romance), que supere a necessidade de um filho. O livro é, como a autora mesmo definiu, o diário de uma mente dividida, uma tentativa de esgotar o enigma da maternidade. Pessoalmente, achei que a narradora soa egoísta e, em alguns momentos, até infantil, mas acredito que tenha sido uma escolha consciente trabalhar um alto nível de honestidade, sem se preocupar com “parecer tolerante ou socialmente aceitável”. Importante demais colocar na roda textos de mulheres que NÃO encaram a maternidade como algo obrigatório, necessário ou imprescindível para uma vida feliz e completa.

site: http://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-26/
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marcioenrique 19/01/2020

personagem chata, superficial, quase sem profundidade.
sabe-se mais a um diário autobiográfico do que a um romance com questões relevantes.
as poucas passagens interessantes do livro quase sempre terminam com frases clichês bem ao estilo de auto-ajuda.
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Ana Beatriz.Alcantara 27/11/2019

Uma boa conversa feminina sobre a maternidade
A autora aborda o tema por meios de perguntas comuns, acredito, a todas às mulheres. Suas angústias em relação ao tema central do livro, e a representatividade da maternidade no seio familiar e também social. A vida da mulher é posta como ponto central, de modo que, a temática da maternidade venha a ser um dos aspectos naturais na vida das mulheres, seja qual for sua opção, adentrar este universo e esta relação ou não, que também é explicado no livro ser um modo de maternidade.
Claramente não se trata de uma "auto ajuda", mas parece uma conversa intimista com uma colega questionadora a cerca da vida e dos papeis femininos.
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Bete.Nogueira 09/10/2019

Numa dúvida atroz entre ser ou não ser mãe, a protagonista avalia posturas, brigas, a natureza, a história de sua família. Ela recorre até ao misticismo em busca da resposta.
"Na cidade, tem das as coisas são iguais em significâncias, pois tudo está igualmente próximo. A verdadeira perspectiva é praticamente impossível. Os prédios não oscilam com os vento, então é mais a difícil que nossas ideias oscilem. Você não pode passar horas olhando um prédio, enquanto, na natureza, você pode passar horas olhando qualquer coisa, porque a natureza está viva e sempre mudando."
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Toni 26/08/2019

Uma das razões para eu conseguir escrever comentários com certa prolixidade por aqui é porque durante as leituras mantenho um bloco de notas onde anoto quaisquer impressões, ideias ou sentimentos despertados pelos livros. Daí, quando chego à última página já tenho umas quantas linhas que “só” precisam de revisão e umas boas doses de coerência. Duas ou vinte leituras depois, textinho pronto para publicar no Instagram.
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“Maternidade” destruiu esse sistema, me deixou desamparado encarando o bloquinho em branco, chateados um e outro. Não porque o livro seja ruim ou não tenha despertado várias reflexões, mas muito mais pelo susto de estar diante de uma leitura inusitada, espécie de romance-ensaio sobre os sentidos da memória e da herança (ou seja, um olhar sobre o passado e sobre o futuro). Dentro dessa chave, o livro ganha muitos pontos: não apenas por seu conteúdo digressivo contra a cultura da gravidez compulsória, mas principalmente como possibilidade de encarar a forma do romance, sua gestação e absorção cultural como um “filho que não morrerá — um corpo que falará e continuará falando, que não pode ser baleado ou incinerado” (p.219). Heti descende de vítimas e sobreviventes do holocausto. À luz desse fato, o trecho acima e o romance como um todo adquirem matizes muito mais complexos.
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Vale deixar claro: se à altura da página 50 o leitor de “Maternidade” ainda não houver abandonado suas expectativas por tudo aquilo que caracteriza um romance de enredo—ação, reviravoltas, desenvolvimento de personagens etc—sairá frustrado e perderá uma boa leitura. Heti não constrói uma história com início meio e fim, mas uma longa reflexão sobre compulsoriedade cultural e o “destino biológico” das mulheres—destino que tradicionalmente associa a não-gravidez ao fracasso, à incompletude, à interrupção da linhagem.
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Tatitoth 16/07/2019

Provocador
Leitura fluida e repleta de questionamentos.
Me vi em muitos trechos, em várias perguntas.
O livro conta a história de uma mulher que está chegando aos 40 anos e se questionou sobre ser ou não mãe. Questiona se uma mulher é ou não completa se não viver a experiência da maternidade.
Uma história envolvente, possui trechos engraçados e outros profundos.
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Priscilla Akao 11/07/2019

Filhos melhor não tê-los
Chatíssimo. Fica tentando racionalizar uma decisão que não é racional. Melhor seria ler Vinícius de Morais :”Filhos, melhor não tê-los. Mas se não os temos como sabê-lo?”
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@retratodaleitora 19/06/2019

Sempre tive uma curiosidade enorme quando o assunto é maternidade. Não sou mãe e não sei se quero ser, mas não quero que seja um eterno "talvez", ou que seja ditado por terceiros ou pelo meu próprio corpo. Quero poder dizer "sim, quero ter filhos" ou "não, não quero ter filhos" sem dúvida, sem exitar, e com meus motivos na ponta da língua; menos pelos outros e mais por mim mesma. Mas pense em uma questão difícil, essa da maternidade! Enquanto fico nessa dúvida vou lendo tudo o que cai nas minhas mãos sobre o tema... "Maternidade" da escritora canadense Sheila Heti foi desses livros que aparecem de surpresa e, já pelo título (não li a sinopse) sabia que o leria.

Acontece que eu não sabia que era um romance. Ou seja, li 78% do livro acreditando se tratar de um não-ficção. Talvez por ser uma narrativa tão livre, tão pessoal, tão com cara de diário, e com uma protagonista escritora, canadense, na faixa dos quarenta anos, com outros livros publicados.... Só caí na real quando li umas coisas mais surreais e fui ler FINALMENTE a sinopse. E estava lá: romance. Fiquei surpresa, chateada comigo mesma e com o fato de que teria que diminuir a nota, pois avaliando um livro de romance, uma ficção de 300 páginas, não foi a mesma coisa.

"Nós direcionamos nosso amor para trás, para que a vida possa fazer sentido, para dar beleza e significado à vida de nossas mães"

Então aqui conhecemos uma ~personagem~ que não sabe se quer ter filhos e resolve escrever sobre essa dúvida, investigar lá no fundo os porquês, seus motivos, seus relacionamentos, sua relação com sua mãe, ancestralidade, corpo, alma, desejo, mitologia, questões hormonais. É um livro que realmente vai fundo, e gostei muito das reflexões que ele trouxe; acabei me fazendo várias perguntas também e, ao longo da leitura, me surpreendendo com as respostas.


"O tempo está sempre se esgotando para as mulheres. Os homens parecem viver em um universo sem tempo. Na dimensão dos homens, não há tempo - só espaço. Imagine viver no universo do espaço, não do tempo! (...) A vida de uma mulher dura mais ou menos trinta anos. Parece que, durante esses trinta anos - dos catorze até os quarenta e quatro - tudo precisa ser feito. Ela precisa achar um homem, fazer bebês, começar e impulsionar a sua carreira, evitar doenças e juntar dinheiro o bastante, em uma conta separada, para que seu marido não possa detonar as suas economias. Trinta anos não é tempo suficiente para viver uma vida toda! (...) Se eu fizer apenas uma coisa com o meu tempo, certamente essa coisa depois será o meu martírio."

É uma leitura muito fluída, interessante, com temas importantes. Abrange muita coisa, não é tão bem organizado, mas muito inteligente ao fazer o leitor pensar coisas que não são tão abordadas na literatura: menstruação, tpm (ou seria transtorno disfórico pré-menstrual?), feminilidade, relações conflituosas mãe&filha, carreira&maternidade e MUITO mais. É um livro sobre maternidade escrito por uma mulher branca sobre uma mulher branca escritora, seria uma autoficção? Até onde a atora é personagem e vice versa. Fiquei curiosa!

Como eu disse, é um livro que toca em diversos pontos interessantíssimos e sim, leitura muitíssimo válida para quem como eu tem essa curiosidade, se interessa pelo tema e entendam (querem, precisam entender) que existem mulheres que não querem ter filhos, e respeitem isso.

A escrita Sheila Heti vai estar presente na FLIP 2019 e gostaria MUITO de conhecê-la, saber mais sobre seu trabalho, entender melhor esse livro estranho, e muito bom (como não ficção rs) sobre um tema que adoro.

Recomendo a leitura? Se se interessa pelo tema, sim. Só recomendo que comecem tendo em vista que é um romance com toques de autobiografia... até onde entendi. Foi um livro confuso? Foi. Acho que ficou bem claro nessa resenha/desabafo, e o porquê de ser importante as vezes passar os olhos por sinopses e pegar umas palavras-chave que podem fazer total diferença.


"Eu sei que quanto mais eu trabalho neste livro, menor se torna a possibilidade de que eu tenha um filho. Talvez seja por isso que o escrevo - para conseguir atravessar até a outra margem, sozinha e sem filhos. Este é um livro profilático. Este livro é a fronteira que estou erguendo entre mim mesma e a realidade de um filho. Talvez o que eu esteja tentando fazer, ao escrever isso, seja construir um bote que me levará até certo ponto por certo tempo, até que as minhas perguntas não possam mais ser feitas. Este livro é um bote salva-vidas para me levar até lá. Por mim, isso é tudo que ele precisa ser - não um grande transatlântico, só uma balsa. Ele pode se despedaçar completamente depois que eu desembarcar na outra margem."

"A minha falta de experiência maternal não é uma experiência da maternidade. Ou é? Posso chamá-la de maternidade também?"

"Viver de um jeito não é uma crítica a todos os outros jeitos de viver. Será que essa é a ameaça que a mulher sem filhos apresenta? Ainda assim, a mulher sem filhos não está dizendo que nenhuma mulher deveria ter filhos, ou que você - mulher empurrando carrinho de bebê - fez a escolha errada. A decisão que ela toma para sua vida não é um discurso sobre a sua. A vida de uma pessoa não é um discurso político, ou geral, sobre como todas as vidas devem ser. Outras vidas deveriam correr paralelamente à nossa sem qualquer ameaça ou juízo."

site: https://www.instagram.com/mydearvangogh/
Ana 19/06/2019minha estante
também gostei de vários trechos, mas no geral achei a "personagem" basicamente chata. rs. As reflexões sao relevantes, mas a "personagem" ... nao morri de amores pelo livro, enfim.


@retratodaleitora 19/06/2019minha estante
Também não morri de amores, Ana. Mas as questões são bem pertinentes e valeu a leitura. Acho que ia aproveitar bem mais se fosse um não ficção confesso, e não um romance...


Monique 15/07/2019minha estante
Também fiquei em dúvida sobre essa questão de ser um romance. Parece muito ser um diário autobiográfico... Vou pesquisar


Cleide 09/09/2019minha estante
Nossa, ainda bem que não sou a única a achar a personagem chata. Chatíssima.


Olaf 02/03/2020minha estante
Estou quase terminando e confesso que as metáforas com o lançamento de moedas ao longo do livro me confunde muito.




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