Queria Estar Lendo 04/02/2022
Resenha: Sadie
Sadie é um dos livros mais recentes de Courtney Summers. Publicado no Brasil pela editora Plataforma21, e se divide em dois tempo: a busca de um podcaster por Sadie e a busca de Sadie pelo assassino da irmã, Mattie.
Quando Mattie desaparece, Sadie procura por ela dia e noite. Mas quando a garota aparece morta, não demora muito para que Sadie se convença a ir atrás do assassino da irmã - custe o que custar.
Criadas em uma pequena cidade, na parte mais pobre, Sadie sempre teve cuidar de si mesma. Com uma mãe viciada, um gênio difícil e uma gagueira que a afasta ainda mais das pessoas, Sadie só tinha espaço no coração para Mattie. E depois da morte da irmã, percebeu que não tinha mais nada a perder.
A partir dessa premissa, o livro se divide entre o "tempo atual", com transcrições do podcast As Garotas, que investiga a morte de Mattie e o desaparecimento de Sadie, em uma busca por encontrar a garota e evitar que ela venha a dividir o mesmo destino da irmã.
E outro pelo ponto de vista da própria Sadie, a partir do momento em que coloca em prática seu plano pela encontrar o culpado pela morte da irmã.
Acho um pouco difícil falar de Sadie porque quando penso nele objetivamente, não acho uma história UAU, original e inesperada. Na verdade, quanto mais aprendemos sobre a vida das irmãs, mais percebemos que é o que muita gente vive - estatisticamente falando.
Então parece que qualquer coisa que eu possa dizer, que não seja spoiler, vai empalidecer a história. Fazer parecer como se ela fosse menos do que é na verdade.
Porque Sadie é uma história cheia de sentimentos. Um livro que mexeu muito comigo, partiu meu coração e me deixou muito triste quando terminei de ler. Me passou um sentimento semelhante aquele de quando terminei A Cor Púrpura: como se todos os personagens fossem reais e amigos meus, mesmo que eu tenha passado basicamente um dia lendo ele.
As personagens foram bem construídas. Mesmo que Courtney Summers use alguns estereótipos para construir as personagens, eles acertam. Não são usados para dar uma unilateralidade para eles ou colocá-los em uma caixa e não olhar mais. Sadie é o grande destaque, claro, deixando a mostra os sentimentos complexos, os anseios e as condições que a tornaram a pessoa que é.
Eu tinha uma vaga ideia do que esperar do livro, pelos comentários que via dele no twitter. Mas ninguém realmente me preparou para o que eu encontraria ali. Apesar da premissa - garota vai em busca do assassino da irmã - eu ainda esperava que ele tivesse mais cara de YA. Todo mundo me vendeu ele como uma história muito mais leve do realmente foi.
Quando terminei o livro - que, inclusive, era um presente para a Denise - não conseguia encaixar ele na minha imagem mental de um YA. Pra mim, faltou a qualidade positiva na resolução da história que é tão comum em YA.
No entanto, isso não muda em nada o quão boa é a história - só uma observação, porque foi um choque real quando a expectativa que eu tinha criado, baseada nas experiências de outras pessoas, se mostraram tão fora.
Acho que a minha parte preferida da narrativa de Sadie é a forma como Courtney Summers não precisou ser gráfica com a violência para nos fazer entender exatamente o que estava acontecendo. Muito das violências são subentendidas, o que, pra mim, fez com que a história se tornasse ainda mais forte.
Fazia tempo que eu queria ler esse livro e fui recebida com um baita surpresa. E, apesar de todo o coração partido, recomendo demais!
Levei praticamente um dia para ler ele e simplesmente não queria parar! A forma como ele foi escrito, dividido entre as transcrições e o ponto de vista de Sadie fazem com que a leitura flua muito fácil. É instigante, você não quer parar de ler porque cada capítulo puxa um pouquinho mais o pano de cima do clímax. E você quer muito chegar lá!
Mesmo que lá pela metade do livro você já tenha entendido o que aconteceu e como tudo, provavelmente, vai acabar, é bem aquele meme: eu só acredito vendo. Eu vendo sem acreditar.
Sadie é uma história forte sobre poder e a ideia de pessoas descartáveis. Pessoas invisíveis que só chegam ao nosso conhecimento como parte de uma estatística triste que nem fica gravada na nossa memória.
site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2022/02/resenha-sadie-courtney-summers.html