Amanda Hryniewicz 24/07/2020No primeiro livro, em meio ao caos social e econômico provocado por crises ambientais, surgiram problemas como uso de drogas que dão prazer ao queimar as coisas, gangues e uma doença chamada síndrome de hiperempatia. Lauren Olamina é uma adolescente que vive em um bairro murado, um pequeno local com um falso sentimento de segurança. Filha de um pastor, Lauren acredita que ?descobriu? uma nova religião, a Semente da Terra, a qual ela acredita ser o propósito da sua vida.
Em A parábola dos Talentos, com o pretexto do caos social, um líder que tem o discurso com apelo autoritário, que a gente conhece bem na vida real, é eleito e novas ameaças acontecem.
Eu acredito que essa é uma série que deve ser lida inteira. O primeiro livro nos introduz a esse mundo distópico e vai crescendo até que em A parábola dos Talentos se torna a obra mais grandiosa que eu já li.
Eu fiquei muito tempo pensando em porque esse livro mexeu tanto comigo. Durante a minha vida eu acabei adquirindo esse pensamento fatalista de que não adianta fazer mais nada, já que o mundo provavelmente vai acabar em uns 50 anos por causa do aquecimento global de qualquer jeito. No livro, a sociedade que a Lauren vive é muito parecida com a nossa atual, de um jeito quase profético. O discurso do novo presidente é o mesmo que a gente escuta todo dia do Bolsonaro, por exemplo, e eles também estão vivendo uma crise humanitária que não é causada pelo coronavírus, mas poderia ser.
Nessa situação, a Octavia Butler conseguiu mostrar que, apesar que parece que não tem mais nada pra gente fazer, ainda existem caminhos e, enquanto a Lauren trilha o dela, deixa muita coisa pra gente aprender.
Esses livros confrontam diretamente as nossas noções sobre o que a gente quer no futuro como sociedade e, para mim, a Semente da Terra mostrou muitas verdades. Eu gostei muito de A parábola do semeador e A parábola dos Talentos é o meu livro favorito da vida, que com certeza deveria estar entre os clássicos da literatura.