Resenhas - A Retornada

Andreia Santana 26/03/2024

Um romance italiano cheio de força e delicadeza
Uma adolescente de 13 anos é devolvida à família biológica, que ela nunca soube que existia, porque a mulher a quem chamou de mãe a vida inteira está doente e não pode mais cuidar da 'filha'. Essa é a premissa de A retornada, romance de estreia da autora italiana Donatella Di Pietrantonio, publicado no Brasil em 2019 pela Faro Editorial em parceria com o clube TAG Experiências Literárias.

O livro é uma comovente história sobre rejeição e amadurecimento, a importância e a força da herança familiar na nossa infância e o efeito disso na trajetória adulta; é sobre os caminhos tortos que percorremos no cultivo de nossos afetos.

No início da história, que se passa nos anos 1970, a protagonista, que nunca se identifica - o livro é narrado em primeira pessoa com a protagonista já adulta relembrando seu retorno ao lar de origem -, se sente uma estranha no ninho na casa da família biológica, um apartamento humilde em uma cidade interiorana.

Os pais biológicos da adolescente pertencem à classe trabalhadora e vivem apertados com outras cinco crianças, seus irmãos e irmãs de idades variadas, do mais velho com quase 18 anos ao bebê de colo. Criada na cidade grande, a adolescente estranha tanto a pobreza de sua nova vida quanto a promiscuidade de viver amontoada com a família numerosa e de modos rudes, que ferem a sua educação privilegiada de filha única em uma casa confortável, já que os outros pais pertenciam à classe média alta.

Maltrapilhos, esfomeados e incultos, esses 'novos' parentes não conseguem entender a 'pequena senhorita de fina educação' que lhes foi entregue, da mesma forma que a garota devolvida não entende porque sua mãe a está punindo ao deixá-la com pessoas tão diferentes daquelas que ela costumava frequentar quando vivia na cidade.

Hostilizada por parte dos irmãos e cobiçada pelo mais velho, com quem inicia uma relação limítrofe entre o abuso e o incesto, a protagonista encontra conforto na outra única menina da casa, Adriana, a irmã de 10 anos.

Com a mãe biológica, ela têm um relacionamento construído sobre silêncios, mágoas e ressentimentos. E, somente aos poucos, vai entendendo aquela mulher calejada e sem instrução, embrutecida na lida diária e incapaz de afagos e carinhos.

O livro apresenta as duas mães e a filha 'retornada' em conflito pelo duplo abandono. No decorrer da história, os motivos dessas duas mulheres para entregar a criança, devolvê-la e recebê-la de volta, como se a filha fosse uma boneca, vão surgindo e a adolescente inicia sua difícil jornada para acolher as dores e perdoar suas mães.

As personagens femininas - a mãe biológica, nunca nomeada, Adalgisa (a mãe adotiva), Adriana e a própria protagonista - ditam o ritmo da história, que é toda centrada no feminino. Os dois pais, o biológico e o adotivo, bem como os irmãos adolescentes e, principalmente, Vincenzo, o mais velho, são atores coadjuvantes nesse drama escrito com a resiliência, as lágrimas, o riso e a coragem das mulheres.

A prosa de Donatella é envolvente e cálida, como um dia ensolarado em uma praia do Mediterrâneo. Visualmente, o livro também é bastante rico, tanto que L´arminuta, no idioma original a palavra arminuta significa retornada, foi levado ao cinema em 2021 pelo diretor Giuseppe Bonito (Manual de sobrevivência para pais, 2020), com roteiro da própria autora, em parceria com a roteirista Monica Zapelli.

O filme explora com bastante acerto as sensibilidades feridas das personagens do romance, trabalhando mais olhares, gestos e silêncios do que diálogos. No próprio livro, Donatella é bastante econômica na forma de expor as dores de sua protagonista e o livro também cresce muito mais nas entrelinhas, no que é insinuado.

A protagonista cativa o leitor com sua forma peculiar de encarar a nova vida e inspira ternura e admiração por tudo o que consegue realizar, mesmo sendo tão jovem. Para quem gosta de leituras sensíveis e profundas, vale investir nesse romance...

Ficha Técnica:
A retornada
Autora: Donatella Di Pietrantonio
Tradução: Mario Bresighello
Editora: Faro Editorial/TAG Experiências Literárias, 2019
176 páginas
R$ 29,90 + frete (livro físico, usado, na Shopee), R$ 15,00 + frete (livro físico, usado, Sebo Estação Cultural, na Amazon)

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*Livro lido para o desafio #50livrosate50anos, brincadeira que criei para comemorar meu aniversário. Em abril de 2024 eu faço 50 anos. A ideia é ler 50 livros até lá e, se possível, resenhar ou fazer algum breve comentário aqui no Skoob e no Instagram, sobre cada um deles. A retornada é o livro 29 do desafio. No total, até agora, 35 já foram lidos, tem outros 15 na fila de leitura e seis dos lidos aguardam postagem.

site: https://mardehistorias.wordpress.com/

Adriana1161 12/03/2024

Invisível
O livro é escrito em primeira pessoa, uma visão adulta contando coisas do passado.
Tem pitadas de Elena Ferrante, ou seria característica de escritores italianos contemporâneos?
Relação com as duas mães e os irmãos.
Não parecia ser íntima da mãe adotiva, ou ela como narradora não demonstrava isso deliberadamente. E também não se apegava à mãe biológica.
Família imposta. Solitária e invisível, era assim que a personagem se sentia.
Personagens: Arminuta "a Retornada", Adriana, Vincenzo, Sergio, Adalgisa, Patrizia, Vanda, Nicola, Sandra, Bice, Giorgio, Lorella, Guido, Francesco, Lidia, Giuseppe, Professora Perilli
Local: Abruzos/Agosto - 1975
@driperini

Lenir 08/03/2024

Um livro sensível pelo olhar de uma criança impactada pela irresponsabilidade dos adultos e pelas questões sociais.

crfbroflovski 29/02/2024

Eu era filha das separações.
Eu era filha de separações, de laços parentescos falsos ou omitidos, de distância.

Como que eu 175 páginas o livro consegue me fazer viajar durante toda a leitura até o momento que termina? É de partir o coração. E de pensar que tem crianças que passam por isso mesmo, me dá um frio na espinha.

Com a protagonista sem nome, sendo apenas a retornados ou então a devolvida, nesse novo ?lar? pude ver a suas inseguranças e aqueles que ela se obrigou a câmara de família. Tenho pena por ela e pelo tempo em que ela perdeu chorando por alguém que q abandonou, eu entendo a mãe dela mas ao mesmo tempo não. Eu entendo que olhar para ela deve ser devastador principalmente para ela que não conseguia ter filhos com seus ex marido, porém ela a acolheu, a amou e simplesmente a abandonou como se fosse nada.

Tive medo por um tempo porque eu achei que haveria um relacionamento entre ela e o eu irmão que agora está morto, do tipo que eles ficariam juntos.

O ponto forte desse livro foi a narrativa e com o passar dos anos a protagonista que foi abandonada que usava uma narrativa se menosprezando, se viu como alguém melhor e melhorou essa narrativa, se viu melhor.

Ivania 21/02/2024

A retornada
Excelente proposta literária. O livro é curto porém consegue alcançar profundidade. A trama e os personagens me fizeram ter sentimentos conflitantes, raiva? pena? desespero?
E acima de tudo abandono, sinto muito pela retornada, a menina que tem como nome sua jornada.

lenal 26/11/2023

Legal
Uma leitura rápida eu diria, eu demorei no caso mas é pq eu sou lerda mesmo.
Eu esperava mais,esperava muito mais drama do que realmente tem,mas o livro não é ruim não.A escrita dele é muito boa, é beeem facinho de ler apesar da língua formal.
Resumiendo,é um bom livro, não é ruim, não é ótimo, é bom.

Oliveira297 16/11/2023

"Eu era filha de separações, de laços de parentescos falsos ou omitidos, de distâncias. Não sabia mais de quem eu provinha. No fundo, até hoje não sei."

Essa é uma das minhas partes favoritas do livro. Que onda de emoções ele me proporcionou. Fiquei apaixonada pela relação dela com a irmã, juntas formaram uma família com afeto e amor.

Giu 16/10/2023

Para quem ama livros, sabe que as vezes podemos escolher a história em momentos errados e por conta disso abandoná-la.
Eu já havia comrpado este livro a um tempo atrás (capa comercial) e ao começar a lê-lo eu percebi que não era uma história que poderia me encantar e abandoneio sometne com 5 páginas lidas.
Um belo dia, troco alguns livro sno sebo e pego o memso livro na edição da TAG e por incrível que pareça eu consumi a história rapido e fulgaz.
Não sei se realmente era a edição ou somente minha perspectiva havia mudado.
Sensibilidade marca o livro.
Alta sensibilidade e sentimento palpaveis; a espera pela aceitação, o ambiente ocre, a ocnturbada família e o inocência de uma crianças trasmitem a lucidez que trata o livro como uma crítica a n[os mesmo e a nossa criação.
Recomendo, memso que possa ser um livro pesado e dificil, não percam a fé em lê-lo, não o abandonem, somente leiam sem preconceitos.

Amo literatura estrangeira.

estela 14/09/2023

Odiei. muito chato a autora só colocava coisas no livro e não desenvolvia nada. fiquei de ressaca literária depois q li

Simonne.Ferrer 28/08/2023

Retornada
Sim a personagem principal não tinha nome, acho que a autora queria passar exatamente isso que ela era a Retornada e ponto final.
Achei Adriana uma gracinha que no caso era sua irmã mais nova, apesar de ser ainda uma criança era forte e destemida.

Gessy 18/07/2023

Intenso
Ainda to tentando processar o que eu sinto em relação ao livro. Tenho tantas perguntas, as mesmas que talvez a protagonistas tenha mas que nunca perguntou.
O Pai policial resolveu devolver a criança como algum tipo de punição? Porque por mais que a mãe esposa dele tenha feito aquilo com ele, ele aceitar devolver a criança para pessoas que ela não conhecia, para uma família que os dois ali sabia que passava por dificuldades e sua filha iria passar também? Não lutou por ela? E se lutou pq simplesmente sumir? Não é crueldade demais jogar alguém fora pq foi praticamente o que fizeram com ela, sem explicação, deixando ela pensar que a mãe estava morrendo/morta?
Queria colocar aquelas meninas e o bebê Giuseppe no colo e dizer que ficaria tudo bem, sentia o que elas sentiam, entendia a protagonista, seus medos, raiva, tudo.
Mas a explicação da Mãe da cidade, foi tão "QUE?" Me deixou completamente sem chão, como assim ela larga a filha adotiva agora que ela tem um biológico? Me deixou P da vida. E sem entender meus sentimentos com a história com tudo.
Acredito que nem o que to escrevendo faz algum sentindo.

GIZ 14/04/2023

Gostei muito da leitura desse livro. Ele trata de uma garota que foi "retornada" para o seio familiar depois de anos como filha adotada de uma família. Ela vai traçando sua trajetória, reconhecendo sua família biológica e descobrindo as causas de ter sido devolvida a ela.

Keyla.Christie 15/02/2023

Arminuta
"Eu era a Arminuta, a devolvida. Falava uma outra língua e não sabia mais a quem eu pertencia."

Só queria destacar o fato de não aparecer o nome da protagonista em nenhum momento do livro, o que acredito ser proposital. Uma criança tão renegada que nem é chamada pelo nome!

Gostei muito da leitura, fazia tempos que eu não lia um livro sem obrigação nenhuma.

Kecia.Viana 02/02/2023

A RETORNADA Livro 8 de 2022
Antes de indicar, eu queria fazer um alerta de que o livro tem muitos, mas muitos gatilhos de abandono familiar.

Um dos livros mais perfeitos que eu já li.

Senti um impacto tão grande que só consegui fazer uma anotação. Eu simplesmente fiquei paralisada.

O livro fala de uma menina de 13 anos que foi adotada por uma família e simplesmente sem entender o pq foi devolvida para família biológica.

Tem tanta coisa em poucas páginas. Um amor sincero de crianças, o abandono de adultos, relacionamentos abusivos.

O abandono da mãe adotiva me doeu de forma que não sei se conseguirei cicatrizar.

mari | @marisbookshelf 08/01/2023

Decepção
Não tenho 1 coisa positiva para dizer sobre esse livro. Tinha tudo para ser um livro interessante, mas nada (personagens rasos, enredo com muitas coisas e pouco desenvolvimento, escrita superficial com algumas frases de efeito jogadas no meio) foi bom. Não vou nem entrar no mérito daquele relacionamento entre a protagonista (13 anos) e o próprio irmão mais velho (e não me interessa se eles não se consideravam parentes). Enfim, início do ano e duvido que algum livro consiga ser pior que esse. Unhaul.