spoiler visualizarBeatriz3576 13/01/2024
A mulher que se tornou mais forte do que um deus
A escrita da autora chega a ser poética, porém, simples e firme em todas as suas afirmações. Durante a leitura me senti muitas vezes como a melhor amiga de Circe ou até mesmo como ela própria. Circe antes de ser temida e respeitada como deusa e feiticeira, foi julgada, desprezada, traída e abandonada diversas vezes como filha, irmã, companheira e como mulher, teve que se reerguer sozinha todas as vezes se apoiando do apenas na sua determização e perseverança, assim como a maioria das mulheres.
Ler as coisas que a fizeram se tornar a grande bruxa de Enea foi uma experiência e tanto, senti a sua solidão, culpa, desconfiança, furía e também a sua força nos momentos em que ela precisava provar o seu valor e defender aquilo que acreditava.
A imortalidade não a poupou de ser em muitos momentos ingênua e de cometer falhas em certos momentos, para mim seu pior defeito era justamente achar que os outros teriam a mesma consideração por ela assim como ela para com eles. Mesmo sendo traída diversas vezes por sua própria família, pelos mortais e e pelos deuses, ela demorou para cair na real e aprender a tratar os outros da maneira que eles a tratavam, ela aprendeu a olhar para eles nos olhos ao invés de abaixar a cabeça(quem nunca né, algo muito humano da parte dela).
Ao contrário da maioria eu gostei do final, não acho que ela tenha aberto mão da irmotalidade por causa de um macho e sim porque ela quis, Telêmaco havia dito que iria acompanhá-la onde quer que ela fosse, o momento apenas foi propício, o filho se havia saído em busca de novas aventuras e descobertas e estava sendo protegido por Atena, sua ilha iria ser cuidada e zelada por Penélope que também nutria o dom e a afinidade pela bruxaria, e o mais importante seu exílio havia terminado. Finalmente ela seria livre para fazer o que quisesse, ao meu ver ela escolheu se tornar uma mortal porque já não concordava e não via sentido na imortalidade dos deuses, não se via como um deles sendo egoísta e ignorante ao sofrimento alheio, ela queria viver uma vida, um pequeno espaço de tempo como a vida de qualquer mortal em que ela aproveitasse inteiramente, assim ela poderia ver o filho crescer, ter outros filhos com Telêmaco, viajar para lugares que durante seus séculos de exílio lhe foram tirados, envelhecer com eles e manter a esperança que no final de tudo poderia se reencontrar com eles no submundo, coisa que jamais seria possível sendo uma deusa imortal.