Thaisa 20/07/2019
Por Thaisa Lima no blog Minha Contracapa
Somos tão carentes de livros de ficção científica que quando vejo o lançamento de um, fico louca para ler. Quando li a sinopse de Artemis, a vontade só aumentou e fiz correndo o meu pedido para a editora Arqueiro. A premissa era tão boa… Era, porque, infelizmente, o autor errou feio em alguns pontos que me incomodaram bastante.
Artemis é a única cidade na lua. Jazz, a protagonista (que até agora não consegui enxergar como uma mulher), é uma contrabandista que acaba se envolvendo em uma conspiração para dominar a cidade. Ela foi para Artemis quando tinha 6 anos de idade e é árabe. Duas coisas que me chamaram muito a atenção e me motivaram a ler: uma protagonista mulher e de nacionalidade árabe, coisa difícil de achar. Foi uma decepção…
Antes de falar sobre a personagem, deixa eu falar sobre minha experiência de leitura. Até metade do livro a leitura se arrastou miseravelmente. História tediosa, personagem chata, nada de interessante acontecendo. Quase larguei o livro, mas como não gosto de desistir de leituras, continuei. Foi bom ter feito isso porque, depois da página 160, a leitura fluiu muito rápido. Levei 20 dias para chegar na metade e 1 dia para concluir. Vocês tem noção do que seja isso? O motivo dessa mudança brusca é que quando a coisa começa a acontecer, ela fica intensa e é difícil largar a leitura. Ponto pro autor.
Vamos ao que me incomodou MUITO. Jasmine Bashara, a Jazz… eu não sei o que o autor quis passar com essa personagem, mas se ele queria criar uma mulher empoderada, decidida, livre… ele falhou miseravelmente. Estou até agora tentando achar a mulher em Jazz. O livro é em primeira pessoa e, não consegui me identificar com ela. Eu me assustei (até voltei folhas para ver se não tinha lido errado) quando a personagem se identifica como mulher. Eu jurava e ainda juro que a protagonista era um homem. Jazz tem trejeitos masculinos, falas masculinas, atitudes masculinas. Andy agradece no final do livro às mulheres que o ajudaram a construir a Jazz. Querido autor, não. Você não conseguiu criar uma personagem que tenha jeito de mulher. Aliás, eu achei muito machista a forma como ela foi apresentada.
Outra coisa que me incomodou foi ver o Brasil sendo retratado como o país mafioso. Bom, nem vou entrar muito em detalhe sobre isso…
Enfim, da metade do livro para frente a leitura é cheia de ação, interessante de ler (por causa da trama e não pela personagem) e vale a pena ser lido. Foi por causa disso que dei 3,5 estrelas para ele. Não espere uma identificação com a protagonista (Se você for mulher. Notei que a maioria que se identificou com ela é homem. Por que será, né?), mas espere uma boa dose de aventura e ação.
Quero deixar registrado aqui que o melhor personagem da trama é o Svoboda.
Apesar dos pesares, recomendo a leitura. Ela é ótima para ser lida entre uma leitura mais pesada e outra. E o autor dá um show no cenário lunar!
site: http://minhacontracapa.com.br/2019/07/resenha-artemis-de-andy-weir/