Luíza 18/10/2023
? A vida não é justa, de Andréa Pachá
Eu tenho mania de escolher livro pela capa. Sim, julgo mesmo. Principalmente quando vou na livraria, que consigo ver aquele montão de livros um perto do outro, e aí, de repente, um deles me chama mais a atenção, seja por causa das cores na capa, do desenho ou imagem, ou mesmo do título
Foi o que aconteceu com A vida não é justa. Esse título me pegou, porque, convenhamos, não é mesmo? Coloquei, então, o livro no meu carrinho de compras online (porque nem sempre dá para comprar tudo na livraria ? essa é uma discussão para outro momento) e deixei ali de molho, até poder comprar, mas aconteceu que um colega de curso, que viu meu Instagram de leitura iniciando seus primeiros passos, falou comigo e me doou alguns livros, e esse estava entre eles. Pense como fiquei feliz!
Andréa Pachá é, atualmente, desembargadora no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas foi, por muitos anos, juíza em uma das varas de família da cidade, e foi de lá que ela retirou as histórias de A vida não é justa. O livro é basicamente um ?casos de família?, só que cheio de poesia, filosofia e existencialismo, tudo isso com linguagem simples, do dia a dia mesmo, e histórias reais
Trabalhar com pessoas é, realmente, um desafio, e trabalhar com pessoas no ambiente do judiciário é mais desafiante ainda, pois é, geralmente, um momento delicado, repleto de incertezas, dúvidas, é também muito desconfortável para todos os envolvidos, seja em uma vara de família, em uma criminal, em uma cível... as pessoas vão na justiça simplesmente para resolver problemas, então nada é tranquilo. E Andréa soube bem transmitir essa sensação
O livro é uma coletânea de crônicas onde a autora reflete sobre os mais diversos términos ou quase términos que passaram no seu gabinete durante os anos como juíza de vara de família. Cada crônica narra não o começo de alguma história feliz, não o meio de alguma situação, que depois irá terminar com uma boa reviravolta, mas narra, apenas, o fim.
Acredite ou não, mas essa é, justamente, a beleza do livro, as mais diferentes formas de se narrar um fim, de se vivenciar um fim, que nem sempre é um ponto final seguido de nada mais ? na maioria das vezes, na verdade, há bastante espaço para escrever outras coisas depois do ponto
Como escreveu Alcione Araújo, sobre A vida não é justa: ?embora escrito com leveza, às vezes com sutil ironia, mas sempre com compaixão, é possível que algum leitor sinta densidade na leitura pela sucessão de rompimentos. Mas vale lembrar que todos esses fins tiveram inícios felizes. Paixões e amores, correspondidos ou não, são o que de melhor e pior pode acontecer na nossa vida. Eis a verdade metafísica da qual não podemos escapar: a vida é ruim, mas é boa?