spoiler visualizarLaís 08/01/2023
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Tal conceito é uma sensibilidade analítica , pensada por feministas negras cujas experiências e reivindicações intelectuais eram inobservadas tanto pelo feminismo branco quanto pelos movimentos antirracistas, a rigor, focado nos homens negros.
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A interseccionalidade visa dar instrumentalidade teórico- metodológica á inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado- produtores de avenidas indenitárias em que mulheres negras são repetidas vezes atingidas pelo cruzamento e sobreposição de gênero, raça e classe, modernos aparatos coloniais.
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Movida por escrevivências, como Conceição Evaristo, proponho cantiga decolonial por razões psíquicas, intelectuais, espirituais, em nome d?aguas atlânticas. Mulheres negras infiltradas na Academia engajadas em desfazerem rotas hegemônicas da teoria feminista e maternarem-se a-feto, de si, em prol de quem sangra, porque o racismo estruturado pelo colonialismo insiste em dar cargas pesadas a mulheres negras e homens negros. Lavouras indetitárias plantam negritudes onde não existem e impõem para nossos úteros significados ocos e ocidentais do feminismo branco em detrimento da matripotência urbana.
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Contrariando o que está posto, o projeto feminista negro, desde sua fundação, trabalha o marcador racial para superar estereótipos de gênero, privilégios de classe e heteronomartividades articuladas em nível global. Indistintamente, seus movimentos vão, desde onde estejam as populações de cor acidentadas pela modernidade colonialista até a encruzilhada, buscar alimento analítico para a fome histórica de justiça.
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É fetiche epistemicida omitirmos clivagens racistas, sexistas e cisheteronormativas estruturadas pelo Ocidente cristão.
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De pronto, a interseccionalidade sugere que raça traga subsídios de classe-gênero e esteja em um patamar de igualdade analítica.
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não existe hierarquia de opressão, já aprendemos. Identidades sobressaltam aos olhos ocidentais, mas a interseccionalidade se refere ao que faremos politicamente com a matriz de opressão responsável por produzir diferenças, depois de enxerga-las como identidades. Uma vez no fluxo das estruturas, o dinamismo identitário produz novas formas de viver, pensar e sentir, podendo ficar subsumidas a certas identidades insurgentes, ressignificadas pelas opressões.
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pelas critica africana, as epistemologias feministas difundiam conceitos, ideias e emoções de maneira hegemônica, transpondo significados mal traduzidos.