Ana 29/06/2021
Um dos grandes de King
Relançado recentemente pela Suma de Letras, cobicei esse livro desde o início.
Oras, é um dos antigos do rei, e estava esgotado há tempos na nossa terrinha. Estava reticente em adquirir o novo exemplar pelo preço vendido na Amazon (quase 100zinho). Meu namorado, então, resolveu meu problema, me dando como presente. E que presente!! :)
Senhores, para aqueles que gostam da escrita e modo de conduzir histórias do rei, aqui vocês irão encontrar um prato cheíssimo. Aos que não curtem muito - alerta! O desenvolvimento dos personagens é lento, não há acontecimentos mirabolantes a cada capítulo. Ele vai construindo o clima do livro com pequenas pitadas de horror cotidiano, que vai numa crescente incessante, porém cadenciada.
O desenvolvimento desse livro me lembrou, e muito, Insônia, outro livro dele. Embora muito controverso, devido ao fato de muitos não gostarem justamente do ritmo empregado na narrativa, eu adorei. Em Trocas Macabras, o ritmo é o mesmo, e a construção dos personagens é magistral. Nos importamos com eles, nos interessamos por suas histórias. Em dados momentos, me peguei pensando que queria que aquele livro não acabasse jamais, para que eu pudesse seguir acompanhando o desenvolvimento daqueles personagens.
Um deles, talvez o mais importante, e que se valeu de pequenas histórias de outros personagens menores para compor seu panorama, é a cidadezinha, Castle Rock. É fictícia, mas de tão bem construída, imagino ela real em algum lugar da costa do Maine.
Aqui, encontramos a fórmula do sucesso já utilizada algumas vezes por King. Cidadezinha, xerife, personagens cativantes, e um mal ameaçador. E que mal! Na minha opinião, o trunfo desse livro é seu vilão, um dos melhores do mestre: Leland Gaunt, que confere um clima um tanto soturno à narrativa, é a encarnação do mal em uma cidadezinha do Maine, que brinca com os medos e desejos mais profundos dos seres humanos, e nos faz refletir muitas vezes se não somos nós mesmos os demônios a quem tememos. Parece familiar? Pois é.
Escrito em 1991, tem aquele clima old school que tanto aprecio nas obras de Stephen King. Não quero desmerecer nenhuma de suas obras mais recentes. Li várias, e de fato me diverti com muitas delas. Porém, os livros dos anos 90 para trás, amigos, esses não tem comparação.
Ah! Com relação ao final, é King, né? Espere situações inusitadas, toscas, pouco críveis, com deus ex-machina, e etc. Mesmo assim, gostei. Um livro para se lembrar.