Do que estamos falando quando falamos de estupro

Do que estamos falando quando falamos de estupro Sohaila Abdulali




Resenhas -


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Riva 01/10/2019

Livro visceral... livro que te faz pensar e ficar revoltada, pensar e a ficar mais revoltada, pensar e ficar ainda mais revoltada.
Não há uma única justificativa válida para o estupro. Não, não há!
É uma ?cultura? na qual em 99,999999% dos casos a vítima é a única culpada e duplamente penalizada (com o ato em si e com o ?julgamento? da sociedade).
Só há uma maneira de acabar com essa ?cultura?, que é conversando abertamente com seus filhos (filhas e filhos).
Com as filhas para que elas tenham a consciência de que o seu ?não? tem que ser ouvido; e que, se infelizmente não for, que terão todo o apoio para lidar com o fato dentro de casa.
Com os filhos, para que eles parem de subjugar a mulher (gays, trans e qualquer outro tipo de sexo) e entendam que o respeito é essencial em tudo na vida, e também no momento do sexo!
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Emily.fonseca 25/06/2019

chocante
Do Que Estamos Falando Quando Falamos De Estupro é o novo lançamento da editora Vestígio, onde trata de temas como a cultura do estupro, assédios, e conta com diversos relatos de vítimas. Sohaila Abdulali é a escritora e narradora do livro, estuprada aos 17 anos por três homens fica indignada com o silêncio que o tema "estupro" trás, assim resolve falar sobre ele.
Sohaila Abdulali, nasceu na Índia, onde as "regras" sobre a pureza e honra das mulheres é um fator importante, aos dezessete anos enquanto passeava com seu amigo no alto de uma montanha, os dois foram abordados por três "homens" que agrediram o rapaz e estupraram Sohaila. Porém a autora teve todo o apoio de sua família, ao contrário do que teve com os policiais da cidade, que a fizeram escrever que não foi estuprada, apenas para não mancharem sua reputação. Indignada Sohaila usa sua voz para falar sobre o assunto, escrevendo uma matéria que teve pouca repercussão, desde esse dia o tema "estupro" criou vez na sua casa, e assim ela começou a ajudar várias vítimas do mesmo.
O livro possui diversos capítulos que irão relatar não só o que a autora viveu, como falar sobre o tema de fato, usando discursos de outras vítimas para fundamentá-lo
No primeiro capítulo Sohaila intitula de "Quem sou eu para falar?" e fala com uma tranquilidade sobre o que aconteceu com ela, como se não fosse nada demais, fiquei um tanto abismada, e cheguei a pensar que ela iria "naturalizar" o estupro, como se fosse algo normal. Mas não, a autora trás o estupro como algo cruel, horrível e salienta sempre que a culpada nunca será a vítima, mas ao falar com tranquilidade, ela quer passar que as mulheres não devem ser rotuladas por terem sido estupradas, e muito menos devem ficar caladas, pois é preciso acabar com a cultura do estupro.
Apesar de assuntos como estupro terem ganhado uma grande evidência nas últimas décadas, ainda há algumas pessoas que culpam a vítima, sempre desconfiam que ela está falando a verdade, existe muita burocracia para registra B.O. Além de ter seu corpo violado, sua privacidade negada e suas vontades ignoradas, a vítima tem que ouvir discursos sobre o porquê estava naquele local, porque não estava em casa. Sobre qual roupa estava usando ou se havia bebido, como se o fato de ela ser estuprada fosse única exclusivamente sua culpa. Este é um assunto que me indigna muito, pois é algo cruel, e ao mesmo tempo que estamos avançando, continuamos parados no mesmo lugar.
A autora também traz relatos de estupro sobre profissionais do sexo, como se pelo simples fato de os homens estarem pagando, criam acesso livre ao corpo da mulher, sem se importar com as vontades dela. Outra vertente relatada no livro são as agressões sexuais ocorridas dentro do lar. "Ela é minha mulher" é uma das desculpas mais usadas, mas quando a mulher assina para se casar, ela não está dando liberdade e entrada 24 horas para seu corpo.
Algo que me deixou chocada é a realidade do Kuwait, estes tempos estava lendo um livro de fantasia, onde uma menina foi estuprada, e a pena para o agressor seria a morte, a menos que ele se casasse com a vítima, pois assim a honra dela seria mantida e ele absolvido, juro pra vocês que pensei que isso só poderia ser ficção, fiquei apavorada quando li isso em um livro ficcional, imaginem a minha cara quando descobri que isso é a realidade do Kuwait?
Deste modo o livro vai trazer diversos relatos de vítimas, de como aconteceu com elas e o que fizeram para sobreviver. Se falaram sobre ou guardaram para si, para quebrar o rótulo de “ah, mas você pediu" ela traz relatos de crianças que foram abusadas por parentes, por estranhos, algo chocante, dolorido, mas necessário ser falado.
Assim, Do Que Estamos Falando Quando Falamos De Estupro é um livro composto por temas pesados, relatos doloridos, mas com uma narrativa leve e rápida, o que faz o leitor compreender melhor o tema, descobrir estatísticas alarmantes.
A editora Vestígio acertou em cheio ao trazer esse lançamento para o Brasil, principalmente na realidade que estamos vivendo agora, e esta leitura se torna crucial a todos.


site: https://livrosrabiscando.blogspot.com.br
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Gramatura Alta 23/06/2019

http://gettub.com.br/2019/06/23/do-que-estamos-falando-quando-falamos-de-estupro/
DO QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO FALAMOS DE ESTUPRO é um lançamento da editora Vestígio, escrito por Sohaila Abdulali, pesquisadora e sobrevivente de um estupro coletivo que sofreu aos 17 anos, que trata de uma realidade tão polêmica e velada: a cultura do estupro!

No primeiro capítulo, intitulado “Quem sou eu para falar?“, a autora conta sua história e como sofreu um estupro coletivo pouco tempo após se mudar para os Estados Unidos com a família . E, por incrível que pareça, ela fala sobre isso de modo tão simples, que nos causa estranhamento. Como assim ela quase morreu após ser violentada por quatro homens e fala como se não fosse nada demais? Esse foi meu primeiro pensamento, mas, aos poucos, compreendemos suas ideias e sua história de superação.

Claro que ela passou por momentos terríveis, mas o estupro não a define como mulher e não altera seu valor. O mais interessante é que, ao longo do livro, o foco não é mantido na violência sofrida pelas vítimas, e sim no que acontece com essa pessoa depois: o trauma, o apoio (ou falta dele) de pessoas próximas, modos de enfrentamento…

Após a eleição presidencial dos Estados Unidos que elegeu Donald Trump, muitas mulheres com histórico de violência reagiram fortemente à ideia de serem representadas por um homem que disse publicamente: “Agarre-as pela buceta“. E por que essa revolta? Mais uma vez em suas vidas, alguém que deveria protegê-las e representa-las, usava do poder para abusar delas. Apesar da triste eleição de um candidato extremamente machista, isso colaborou com o projeto #MeToo, criado em 2016 nas redes sociais para denunciar assédios, e essa hashtag é compartilhada por homens e mulheres que já sofreram algum tipo de agressão sexual.

Confesso que, para mim, a violência sexual é o pior dos crimes, me causa náuseas ver no noticiário incontáveis mulheres sendo machucadas por familiares, maridos, estranhos… E por quê? Por raiva da crueldade do estuprador, seu desprezo com os sentimentos da vítima; eles seguem suas vidas normalmente e não dão a mínima. O estupro é o único crime que causa tanta revolta na sociedade ao ponto das pessoas acharem que os homens devam ser castigados de maneira cruel e torturante e que a prisão não é suficiente. Sempre me indignou ouvir opiniões que culpavam as vítimas por sua vestimenta, por estarem fora de casa à noite, por beberem numa balada ou por estarem em local indevido, por exemplo; se alguém é roubado na rua, ninguém culpa o pobre coitado que perdeu o celular e o relógio caro, mas quando se trata de uma mulher violentada, eles julgam e tratam-na como se ela tivesse merecido. Culpar a vítima vai contra todo o conceito de colocar a responsabilidade no agressor!

Agressões sexuais de profissionais do sexo são bastante comuns, por serem vistas como promíscuas e não merecedoras de respeito, já que são pagas para fazer “coisas sujas“, o que é uma ideia extremamente preconceituosa da sociedade do século XXI.

Outro extremo, são os casos de mulheres violentadas pelos próprios maridos, e pior ainda, homens que se casam com a pessoa que estupraram a fim de não serem penalizados, o que é muito comum no Kuwait. Uma vítima enfrenta tantas dificuldades para seguir sua vida após o trauma, imagine ter que viver sob o mesmo teto que seu estuprador…

A narrativa evidencia a forma como as vítimas se sentem após a violência, principalmente quanto a forma que são desacreditadas por profissionais pagos para ajuda-las. Um dos fatores que colaboram para que essas pessoas escondam o ocorrido, é a ideia de vitimização que muitos têm, como se a mulher quisesse apenas chamar atenção e fingir fragilidade; elas enfrentam grande descrédito, escárnio ou até excitação sexual. Mas quando você conta a alguém a sua história para denunciar seu estuprador, você reassume o controle, deixando de ser “somente” a vítima. Assim, consegue apoio físico e psicológico para se recuperar e seguir em frente!

Segundo Abdulali, a mulher não tem nenhuma obrigação, após o evento, a não ser sobreviver a ele… Mas esse relato vai contra a impunidade e pode trazer uma mudança real. Porém, existem duas vertentes: se você denuncia, é uma vítima indefesa que deseja compaixão; e caso você se mostre forte, significa que não foi tão ruim assim, então, para quê falar sobre isso e arruinar a vida daquele pobre homem?

Muitas vezes nos questionamos sobre o motivo do silêncio dessas pessoas após o crime. Por que não denunciam? Todos possuem algum trauma, alguma situação difícil de expor por diversos motivos; a escritora expressou de forma tão clara isso nesse parágrafo que acho primordial compartilhar: “Por que calamos? A resposta fácil é ‘por vergonha’, e com frequência a razão é essa mesmo. Acabamos achando que a falha foi nossa, por estarmos disponíveis ou vulneráveis, ou pela ingenuidade de não ter percebido a tempo. Em todo o mundo, nos culpamos, incapazes de considerar que foi outro ser humano que cometeu o crime. É mais fácil sentir-se envergonhada do que aceitar que alguém violou nossa intimidade da maneira mais perversa, e que não fomos capazes de fazer nada.“. Ler esse trecho me doeu, pois verbaliza de forma direta o que tantas pessoas enfrentam diariamente.

Como podemos ajudar uma vítima? Oferecendo apoio incondicional, sem julgamentos e rejeições. Dessa forma, o indivíduo não se sentirá culpado, terá com quem conversar abertamente, além de se sentir aceito por alguém que ama. Existem pessoas maravilhosas nesse mundo, e várias delas se sensibilizam com as vítimas e oferecem ajuda a fim de melhorar suas vidas. Ajude seu próximo e tenha empatia! Seja uma pessoa incrível!

A escrita de Sohaila é leve e descontraída, mas não se deixe enganar. Os temas abordados são pesados e merecem reflexão, principalmente por serem a realidade atual e porque o estupro é perturbador. A leitura é bem tranquila devido ao tipo de narrativa, porém é permeada por fatos asquerosos que geram incômodo e aflição; nos faz pensar sobre a crueldade do ser humano, até onde ele é capaz de chegar para conseguir o que quer.

Essa obra é tão valiosa, preenchida por informações muito importantes e provocadora de reflexões valiosas! Todo mundo deveria ler e pensar um pouco sobre o mundo ao seu redor e a cultura do estupro. E para finalizar esta resenha, deixo um trecho do livro: “Como espécie, somos impressionantes. Então, por que é tão difícil descobrir onde é que você deve e onde não deve pôr o seu pênis? Ou compreender que ninguém pede para ser estuprado?“.

site: http://gettub.com.br/2019/06/23/do-que-estamos-falando-quando-falamos-de-estupro/
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Guynaciria 02/06/2019

Vocês sabem aquele tipo de leitura que acaba sendo um soco no estomago? Pois é, ao escrever "Do Que Estamos Falando Quando Falamos de Estupro", Sohaila Abdulali conseguiu esse tipo de reação de seus leitores.

Sohaila é uma mulher indiana, que foi violentada aos 17 anos de idade por um grupo de 4 homens drogados, que renderam ela e seu amigo, os fazendo cativos por algumas horas enquanto praticavam o mais vil dos atos.

Sohaila usou sua voz para garantir a sua sobrevivência e a de seu amigo. Ela teve o apoio de sua família e assim conseguiu trabalhar seu trauma, superando a dor física e emocional da qual foi vítima. 

Essa mulher incrível, dedicou a sua vida a estudar e lutar contra a violência sexual, ainda aos 17 anos ela escreveu um artigo que foi publicado em uma revista feminista indiana, 30 anos depois esse artigo foi resgatado e tomou o mundo, viralizando nos mais diversos meios de comunicação. 

A autora decidiu escrever um livro que aborda esse tema polêmico e que geralmente e posto de lado nos debates acadêmicos e mesmo nas conversas em família, mas ela viu a necessidade de não nos calarmos mais diante de tamanha atrocidade.

 Esse livro é o resultado da inquietação que acompanhou Sohaila  ao longo das décadas, aqui ela apresentada alguns casos reais, pensamentos, movimentos que existem em prol das vítimas e no combate ao estupro, além de trazer alguns dados estatísticos,  leis e processos que ocorreram em alguns países.

A autora também fala sobre o processo de cura, dos traumas que sempre vão fazer parte da vida das sobreviventes, como é o caso da culpa que elas sentem por terem sido abusadas, como se de alguma forma elas fossem as culpadas pelo ocorrido. 

Esse livro é importante e extremamente necessário. Recomendo à leitura. 
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