Coisas de Mineira 06/05/2020
Ano Um é o primeiro volume da trilogia Crônicas da Escolhida, publicada pela editora Arqueiro, da autora Nora Roberts, que flerta pela primeira vez com um emaranhado de gêneros – alguns dizem se tratar de distopia, ficção científica, além de fantasia.
A historia é dividida em três partes, sendo A catástrofe, Fuga, Sobrevivência e Da escuridão à luz.
Na primeira parte, vamos encontrar Ross MacLeod, que estava de férias com sua família na Escócia para comemorar a chegada do ano novo. Ele e os amigos vão caçar aves para o jantar e, durante a caçada, acabam esbarrando com um círculo de pedras – chamado pelos moradores locais de Escudo de luz, onde Ross havia se acidentado há anos. Quando ele acerta um faisão, um grupo de corvos está próximo, e um deles parece intencionalmente ‘empurrar’ o faisão alvejado para dentro desse mesmo círculo, encharcando o solo de sangue. Os irmãos pegam o faisão e levam para casa. Comemoram o ano novo, e cada um, com sua respectiva família, toma o rumo de casa.
“O ano velho morreu ao último toque, e o ano novo foi recebido com vivas, beijos e vozes erguidas em canções típicas. Ross viveu tudo isso com a emoção de estar abraçado a Angie e de braços dados com o irmão.”
Ross estava febril mas não viu problemas. E assim começa a disseminar o vírus – primeiro em uma escala em Londres, em seguida, no vôo para Nova York, onde tem um acesso de tosse. Evidentemente todos que tem contato com ele ou o irmão vão levar o vírus para suas cidades – Tóquio, Moscou, Los Angeles, bem como taxistas, a recepcionista do hotel… enfim, um vírus que causou o que seria chamado mais tarde de Catástrofe.
E é acompanhando o efeito do vírus que vamos conhecer uma série de personagens, alguns imunes, outros que ainda não se contaminaram, e aqueles que desenvolvem poderes os mais diversos, até mesmo alguns que se tornam fadas, elfos… Os hospitais ficam lotados, a quantidade de mortos torna impossível o cuidado de um enterro digno, o sistema entra em colapso…
O foco está nos sobreviventes de Manhattan, que percebem que devem deixar a ilha, já que muitos despertaram um lado negro da magia, e outros imunes se transformaram nos chamados rapinantes – seres humanos meio psicopatas, que se deliciam matando outras pessoas.
“A Catástrofe espalhava seu veneno com extrema rapidez, enquanto as magias, tanto a luz quanto a escuridão, se levantavam para preencher o vazio deixado pela morte”
Ano Um vai nos mostrar o caminho de Lana Bingham e seu marido Max Fallon, ambos desenvolvendo magia; Eddie Clawson e seu cachorrinho Joe, imune; Arlys Reid e Fredinha, que são repórteres; Chuck, um hacker; Rachel Hopman e Jonah Vorhies, médicos; Katie MacLeod, filha do paciente zero, imune que dá a luz gêmeos; entre outros. Em algum lugar da fuga acabam se encontrando e dando forças um ao outro.
Ano Um foi minha primeira experiência com a Nora Roberts, e traz um cenário apocalíptico recheado de seres fantásticos, e que tem sido bem elogiado. Já os primeiros capítulos trazem o que será construído, pois de cara ela fala da morte de milhões. No início fiquei um pouco perdida, afinal trata-se de um livro de apresentação, mas rapidamente consegui entender cada um dos personagens.
A forma como é abordada a questão da morte de tanta gente foi bem descrita. Parei para imaginar o que seria o mundo sem internet… as pessoas ficam sem referência, e tem de aprender a confiar uns nos outros – afinal, agora esses desconhecidos dependem uns dos outros. Quem vai plantar, quem vai cozinhar, como será organizar algum nível de estrutura quando se vive, nesse primeiro momento ao menos, distante de tudo o que possa estar acontecendo no mundo? No início as pessoas estão confiantes que uma vacina será criada, mas esse ‘vírus’ é fruto de magia, então sabemos que muitos morrerão mesmo.
“Na minha maneira de ver, o maior problema que tivemos, desde o início, foram pessoas que apontavam o dedo, e armas, para os que simplesmente não eram como elas. Devíamos tentar melhorar desta vez.”
Os capítulos são longos, o que às vezes deixava a leitura arrastada, mas quando a ação começou, os capítulos até pareceram curtos! Quando os personagens começam a se encontrar, a trama parece mais fluida.
Ano Um traz como premissa básica o que torna um ser Humano, pois fala de perdas, luta pela sobrevivência, solidariedade, amor… termina com um quê de esperança, e acredito que o próximo livro avance um pouco no tempo. O segundo volume – De sangue e ossos, já foi publicado, e o terceiro deve ser lançado no segundo semestre de 2020.
Por: Maisa Gonçalves
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