Tempo Estranho

Tempo Estranho Joe Hill




Resenhas - Tempo Estranho


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Francisco 23/04/2021

Quatro novelas para mergulhar em uma atmosfera estranha
Esse livro de Joe Hill é constituído de quatro pequenas novelas (coisa comum em muitos livros de seu pai Stephen King). Dentre tais novelas:

INSTANTÂNEO (Snapshot)
Em 1988, na pequena cidade de Cupertino, na Califórnia, o garoto de 13 anos Michael Figlione vive sozinho com seu pai enquanto sua mãe realiza missões na África. Ele escutou algo sobre o Homem da Polaroid pela primeira vez de Shelly Beukes, a faxineira de sua família de tempos em tempos e também amiga da família com seu esposo Larry. Quando o Homem da Polaroid tira uma fotografia de alguém com sua Polaroid, a mesma perde a memória acerca de alguns aspectos e Shelly também já fôra uma de suas vítimas. Contudo, Michael vê o Homem da Polaroid nesse mesmo dia. Ele possui uma tatuagem em fenício no braço e está abastecendo seu velho Cadillac em um posto de gasolina Mobil. Nesse posto, ocorre um acidente onde Michael molha a Polaroid do homem misterioso e esse o ameaça. Quando Larry pede a Michael para fazer companhia à sua esposa enquanto ele precisa se ausentar de casa, Michael deverá enfrentar seu medo do seu perseguidor e enfrenta-lo.

CARREGADO (Loaded)
Em St. Possenti, na Flórida, Randall Kellaway é um ex-fuzileiro da Guerra do Iraque (afastado com desonra) e trabalha como segurança em um shopping. A guarda de seu filho George está com sua esposa Holly e há uma medida cautelar para que ele não se aproxime dos dois. Quando uma amante rejeitada atira em seu amante na joalheria Devotion Diamonds, Kellaway recebe a falsa informação de que uma muçulmana atirou no proprietário da joalheria. Então Kellaway comete um erro e atira em uma cliente muçulmana que estava com um bebê dentro da joalheria. Então, antes da polícia chegar, Kellaway assassina uma testemunha e retira um dos projéteis da cena do crime. A partir daqui ele é tido por todos como um herói, mas a jornalista Aisha Lanternglass do jornal local "St. Possenti Digest" passa a investigar o tiroteio ocorrido no shopping Miracle Falls e Kellaway se vê confrontado e decide tomar uma atitude violenta.

NAS ALTURAS (Aloft)
Aubrey Griffin e sua amiga Harriet estão próximos de um salto de paraquedas a quatro quilômetros com seus respectivos mestres de salto quando avistam uma nuvem com forma de um OVNI que dirige-se em uma direção oposta às demais nuvens. Inicialmente Aubrey quer desistir do salto de paraquedas, mas o avião Cessna apresenta uma falha no motor e ele é incentivado por Harriet a pular. Ao pular, Aubrey cai, juntamente com seu mestre de salto Axe sob a superfície da nuvem com formato de OVNI e fica confinado. Quando Axe desce e Aubrey fica sozinho ele percebe que aparelhos eletrônicos não funcionam e após passar por uma situação incomum nessa nuvem ao perceber que ela lhe oferece uma vida nas alturas e tem um centro de controle, deve desenvolver um método para descer ao solo.

CHUVA (Rain)
Em Boulder, no Colorado, Honeysuckle Speck leva uma vida tranquila cuidando do filho doente de sua vizinha e aguardando a chegada de sua namorada Yolanda Rusted e sua sogra. Contudo, o que deveria ser uma chuva comum sobre Denver e Boulder se torna uma verdadeira catástrofe: uma chuva de alfinetes cristalinos que lhe tira um pouco de sua tranquilidade. As autoridades pensam que o fenômeno consiste em um ataque terrorista. Honeysuckle decide ir a Denver percorrendo uma distância de 50 km, mas seus planos são frustrados por uma seita de adoradores cósmicos que aguardam o fim do mundo. Mas um estranho que ela conheceu recentemente lhe salva. Posteriormente ela vai a Denver afim de informar a morte de Yolanda e sua mãe ao dr. Rusted, pai de Yolanda. Nessa cidade o clima apocalíptico é mesmo de Boulder. Ao retornar a sua cidade, Honeysuckle deverá desvendar os mistérios por trás dessa chuva mortal.

A organização do livro é semelhante à organização de muitos livros de Stephen King, como "Depois da Meia Noite" e "Quatro Estações", do S. King. A escrita de Hill é bastante atrativa e cativante, o que muito me agradou. No entanto, os desfechos de algumas histórias deixam um pouco a desejar. A primeira história é boa, mas não excelente. A segunda e a última com certeza são as melhores de todo o livro e as que mais gostei. A terceira sem dúvida é a mais ruim de todo o livro. Eis uma leitura mais que recomendada!
Clio0 23/04/2021minha estante
Tá na lista.


Francisco 23/04/2021minha estante
O livro é bom, mas a terceira história é bem entediante. As demais histórias são bem interessantes.


Clio0 23/04/2021minha estante
Você sabe se tem alguma referência a Torre Negra?


Francisco 23/04/2021minha estante
Particularmente não consegui ver nenhuma.




Gustavo | @guh_santtoos 01/05/2021

Criatividade é o que não falta!
Um homem com uma máquina fotográfica Polaroid, um segurança de shopping que é fascinado por armas, nuvens capaz de moldar objetos e pessoas e uma chuva de agulhas! Essas quatro estórias compõem o livro Tempo Estranho, de Joe Hill.

É claro que como se trata de um livro de contos, nem todos serão perfeitos. Mas uma coisa eu já lhes adianto, os quatro contos tem temáticas bem interessantes.


Instantâneo (?)

No primeiro somos apresentados a Michael, em que o próprio relembra um caso ocorrido em sua adolescência, quando tinha a idade de 13 anos, e sua antiga babá, Shelly Beukes sofria de Alzheimer. Ao que tudo indica essa grave doença começou quando ela foi fotografada por um homem estranho com uma máquina Polaroid em mãos. Após a foto ser tirada, a pessoa nunca mais era a mesma.

O conto em si tem uma ótima premissa, e a execução de Hill deixa tudo mais melancólico com um toque do Sobrenatural, mas eu ainda acho que ele poderia ter ido além...

Carregado (?)

Um segurança de shopping se vê obrigado a abrir mão de suas armas após receber um pedido de divórcio de sua esposa, que alega ter sido ameaçada por ele, quando colocou uma arma na cabeça do filho caso ela resolvesse abandonar o casamento.

Sem dúvidas o melhor conto do livro... Hill coloca uma carga dramática bem pesada nessa estória, o conto também traz algumas reflexões e críticas persistentes sobre o porte de armas. Quase me esqueci, o final vai te fazer de bobo (?)

Nas alturas (??)

Um rapaz tenta saltar de paraquedas de um avião, para homenagear sua ex-namorada. Mas o que ele não esperava era acabar caindo em uma ilha misteriosa de nuvens, que é capaz de moldar objetos e pessoas, conforme sua vontade e de acordo com o que ele pensa.

Estranho, Estranho, Estranho. Apesar de ser um conto interessante, quanto mais o narrativa avançava a estória ficava mais absurda, no nível hard mesmo, que acaba ficando difícil de imaginar.

Chuva (?)

Uma jovem recebe a visita de sua namorada, Yolanda, e da sogra, quando uma estranha chuva cai no estado do Colorado. Mas ao invés de água, chovem agulhas e pregos dourados e prateados, dizimando a população de inúmeras cidades do estado.

O conto mais ousado e criativo dos quatro na minha opinião. O conto começa super bem, nos deixa investidos na estória e pensando o como aquilo poderia ser irreal, mas possível. O problema é que lá para o meio o autor parece que se perdeu, alguns diálogos ficaram sem nexo e o final deu a impressão de corrido. Aliás, esse conto deveria carregar o título do livro, invés de ?chuva" poderia se chamar: Tempo Estranho.
@ka_and_books 01/05/2021minha estante
Eu pensei em dar nota 4 também hein...??
Descreveu muito bem os 4 contos! Se eu já não tivesse lido, depois dessa resenha leria.
??


Gustavo | @guh_santtoos 01/05/2021minha estante
Mas as notas que vc deu para os contos foram menores, então acho que um 3,5 tá ótimo ?




Fenrir 29/05/2023

Valeu a pena só pela 2ª história
Aqui temos um romance com 4 histórias de suspense mas, que para meu gosto somente a 2ª valeu a pena , ?Carregado? , nunca fiquei com tanta repulsa de uma personagem que nem o Kellway! Para quem é fã do autor vale a pena a leitura
Fabianna1 18/03/2024minha estante
Terminei agora o segundo conto. Cara é doente demais


Fenrir 20/03/2024minha estante
Muito! Tá loco que raiva eu tive




Anabel.Carolina 28/05/2020

Louco
4 romances (contos) curtos! Um melhor que o outro (mesmo!!! Pq amei os dois últimos).
Como uma câmera fotográfica rouba e memória de alguém?
Como o ser humano pode fazer as cosias na melhor das boas intenções e acabar estragando tudo?
Como uma nuvem pode ser sólida e ?se comunicar? ?
Como uma catástrofe de chuva de alfinetes pode acontecer?
São ideias loucas mas que deram suporte certo! A escrita e o desenrolar das histórias são perfeitos!! Recomento!
David 28/05/2020minha estante
O menino puxou ao pai mesmo com essas premissas esquisitas. Tô doido pra ler!


Anabel.Carolina 28/05/2020minha estante
Leia sim! Vale a pena!!




Ju Ragni 09/05/2023

Bons contos do filho de Stephen King
Achei os quatro contos bons. Não são contos de terror, estão mais para suspense. A maioria do pessoal que comentou diz que gostou do primeiro, segundo e quarto contos. O terceiro ficou na lanterna. Para mim também, achei o terceiro mais fraco. Não desgostei dele, mas se tem de ter um ranking tem de haver o último colocado, e para mim é ele. É muito abstrato, enquanto os outros três são mais plausíveis. Até quase no final do último conto eu estava achando que o primeiro era ligado com o segundo (porque são mesmo) e o terceiro era ligado com o quarto (o que não se confirmou). De qualquer forma, achei que são bons contos e Joe Hill não decepcionou.
Ju Ragni 10/05/2023minha estante
O quarto conto me lembrou um pouco o livro do Stephen King A DANÇA DA MORTE,em que uma epidemia dizima o planeta... Mas o SK também tem um conto em que chovem sapos numa cidadezinha do interior, que cá entre nós, é muito mais legal que esse do filho dele, kkkk




Sumotinho 10/09/2021

?
Eu amo o Joe Hill, mas esse livro deixou bastante a desejar... A primeira e a última histórias são legais, mas não gostei das outras duas e isso deixou minha leitura ser bem arrastada...
Me sinto uma guerreira por ter terminado esse livro. ?
Priscila 13/09/2021minha estante
Eita nem vou ler então




Brenda 26/08/2019

Adorei a leitura
Joe Hill nos trouxe neste livro 4 Romances curtos como o próprio nomeia, sendo um misto de horror psicológico, thriller, suspense e fantasia.

-Instantâneo
É o primeiro conto do livro, nos leva direto para a infância do nosso protagonista.
Sua baba sofreu de Alzheimer, mas durante alguns momento de lucidez ela revelou a ele que um estranho tirava fotos dela e roubava sua memórias com uma câmera Polaroid.
O que lhe foi tirado jamais será devolvido, só restava descobrir o mistério que envolvia os devaneios desta mulher.

-Carregado
Uma história mais voltada para o Thriller, onde um segurança de shopping perde o porte de suas armas durante um processo de divórcio. Mas como seu vício por armar era grande, não ter uma consigo era uma coisa fora de cogitação. Ele consegue uma com um amigo e acaba se envolvendo em um tiroteio dentro de seu local de trabalho.
Muitas pessoas morreram e ele foi dado como herói depois de ser o último sobrevivente e contar a sua versão do caso.
Esse conto levanta muitas questões importantes como porte de arma para cidadãos, o preconceito racial e abuso de autoridade, tem um desfecho incrível e muito bem amarrado, não foi um dos meus favoritos mas com certeza um dos mais bem escritos entre eles.

-Nas Alturas
Esse conto não me prendeu, achei cansativo e uma fantasia sem fim.
Um rapaz resolve saltar de paraquedas para impressionar seu amor improvável, mas durante o salto ele não cai em terra firma, mas sim em uma nuvem sólida, uma espécie de ilha no céu.
Essa nuvem tinha o poder de realizar todos os seus desejos, era só imaginar e se tornava realidade, mas o único desejo que não podia ser atendido era ir embora dali.

-Chuva
Amo histórias com cenários pós apocalípticos por isso adorei esse conto.
O que você faria se estivesse vivendo em um lugar onde a chuva deixasse de ser de água e passasse a ser de agulhas?
Algo bem bizarro e assustador.
Chuvas de agulhas de cristais começaram a cair e muitas pessoas nas ruas foram pegas de surpresa. Não era possível descobrir o que causou a mudança climática mas ela tinha vindo para ficar e a tendência era se tornar cada vez pior.

Gostei muito desta leitura, não conhecia ainda a escrita do Joe Hill e fiquei apaixonada.
Agradeço muito a editora pela oportunidade de conhecer essa obra incrível.

@aceita.cafe
Fernando Sousa 25/09/2019minha estante
Comprei esse livro e O chalé no fim do mundo, que estou lendo, tenho dos os livros do Joe Hill, estou olhando para eles agora, pretendo lê-los em sequência e entender o mundo que o autor criou, já li A estrada da noite e achei bem legal.




Livros e Ivaílton 19/03/2022

Uma aventura e tanto!
De início já digo que minha experiência nesse livro foi 50/50.

Como disse a minha amiga Taka "o autor não põe filtro nas histórias" e de fato é verdade!

Mas foi uma ótima experiência. Conheci a escrita do filho do King e sua imaginação é incrível.
Taka 19/03/2022minha estante
Aahh ?




João Luiz Ramos 06/04/2020

NAS ALTURAS do céu CARREGADO de nuvens, há um CHUVA que causa um efeito INSTANTÂNEO: a morte.
Falar de Joe Hill é sempre imparcial pra mim. Não é segredo pra ninguém que ele é o meu autor favorito. Esse livro me provocou um misto de sensações: medo, angústia, empatia, raiva, risos... Bom, vamos falar um pouco das minhas opiniões sobre os romances curtos.

INSTANTÂNEO: um bom conto, mas com um final que deixa a desejar. O conto em si me prendeu, mas ele meio que se soluciona bem antes dos últimos dois capítulos finais, que me passou a sensação de: "poxa, mas é só isso?"

CARREGADO: o melhor conto do livro, disparado (perdão pelo trocadilho). O conto tem um ritmo bem bacana, sem nenhuma parte que enrola. O final é de tirar o fôlego e a última frase... Meu Deus!!

NAS ALTURAS: achei muito interessante a ideia. Esse conto ele e bem peculiar: ele me prendeu mais pelos flash-backs do que pelo o conflito do personagem em si. Achei criativa a ideia, mas a conclusão dele... Eu ainda não aceitei muito bem.

CHUVA: outro conto que tem uma ideia bacana, mas que tem uma solução meio que WTF?? Mas no geral, gostei bastante.

No geral, achei um bom livro de contos / novelas. O autor sabe conduzir muito bem suas histórias (mas peca um pouco ao finalizá-las). Recomendo demais!!
Gabriel 04/07/2020minha estante
Realmente a última frase de Carregado é densa. Pqp!




maria10705 09/10/2023

A redenção
Confesso aqui que não era grande fã do Joe Hill. Desde o final de NOVEMBRO DE 63 peguei ranço da maneira fofa com que ele encerrava suas histórias, quase como se tivesse criado vínculos com seus personagens e não quisesse deixá-los mal. Não neste livro.
São quatro contos de suspense muito bem trabalhados, com cenários e personagens bem definidos, fazendo com que a gente sinta o cheiro da história e escute a respiração do narrador.
INSTANTÂNEO foi o conto que mais me agradou. Frenético e insólito, traz o resgate de uma época (os anos 80) em que ele poderia ter acontecido de verdade. CARREGADO é uma crítica ácida à cultura armamentista estadunidense, mas pode apresentar gatilhos aos leitores mais sensíveis. NAS ALTURAS eu achei um pouco distante, difícil de acompanhar, então não recomendo com o mesmo entusiasmo. CHUVA traz uma história tensa de alguém que poderia ser eu ou você, ou qualquer um que perceba o quanto o mundo está mudando e o quanto não conseguimos absorver essas mudanças de forma racional.
Enfim, leiam!
Gabriel801 24/11/2023minha estante
novembro de 63 é do pai




agatamagno 13/05/2020

Mais um geração com King's.
Já li algumas coisas do Joe Hill, e todas eu gostei muito (Mestre das Chamas e Nosferatu, amo.).
As vezes ele tem a escrita muito parecida com a do pai dele (Stephen King), o que eu não considero ruim, pq quanto mais King melhor! Esse livro é um dos casos.
O livro é formado por 4 contos, cada um com uma média de 100 páginas.

O primeiro se chama Instantâneo. É a história de uma máquina de fotografia palaroid e o que a falta de memória pode fazer com as pessoas. Esse foi o que eu menos gostei, mas não é ruim! Longe disso.

O segundo, Carregado, é exatamente isso. Carregado, pesado, denso. Pra mim foi o melhor dos 4 contos, eu fiquei completamente paralisada no final! E até demorei uns dias pra voltar e ler os que faltavam (aquela ressaca). Incrível.

O terceiro, e pra mim o mais doido, chamado Nas Alturas. É a história de um músico, com medo de altura e sérios problemas de autoconfiança que fez uma promessa de saltar de paraquedas. O mais incrível é o que acontece com ele entre o avião e o chão.

E o último, mas não menos importante, Chuva. Esse conto não tem nada de bonito ou legal, vc fica bem triste com algumas coisas e com raiva de outras. Eu amei a protagonista e quero levar ela pra casa comigo! Apesar de tudo o que acontece, eu fiquei com o coração quentinho.

Resumindo, adorei o livro, vale a pena pegar pra ler principalmente se a ideia é conhecer a escrita do Joe. Uma coisa que eu gostei muito tmb foram os agradecimentos, que tmb me lembrou o King e que é uma parte que eu realmente gosto dele. Não é só sobre sair colocando um monte de nomes listados. Mas explicar como foi a criação, da onde a ideia surgiu, e como aquelas pessoas ajudaram nisso!
Gabriel 04/07/2020minha estante
Também tive ressaca após Carregado. Kkkk




Fernando Lafaiete 30/07/2019

Tempo Estranho: O terror pode estar em qualquer lugar!
******************************NÃO contém spoiler******************************

Joe Hill, um autor, uma decepção. Ou pelo menos é assim que eu o via; tudo graças minha desastrosa experiência com A Estrada da Noite e com o conto A Tribo escrito em conjunto com seu pai, o famoso Stephen King. Mas eis que ao longo dos anos venho me deparando com elogios significativos a suas obras como Nosferatus e Mestre das Chamas, o que aguçou minha curiosidade e me fez repensar se valeria a pena dar mais uma chance ao escritor.  Oportunidade esta, que surgiu com o lançamento de Tempo Estranho, uma coletânea de quatro novelas, onde o surreal e as diversas faces do terror é que são os grandes protagonistas. Devo salientar primeiramente, que sim, me surpreendi com o que encontrei e me vi bem imerso nas histórias e em seus estranhos desenvolvimentos. Me deparei com uma escrita mais madura e com ideias pra lá de curiosas. O que não significa que eu tenha achado tudo espetacular.

Escritas ao longo de quatro anos, as novelas aqui reunidas exploram caminhos insanos, onde a loucura está bastante presente e onde o estranho não é apenas uma nomenclatura gravada na capa. Instantâneo, a novela que abre o livro, já nos prepara para as ideias obscuras nascidas da cabeça de Hill, e que iremos encontrar ao longo das mais de 400 páginas. Mas do que se trata esta primeira narrativa? Uma senhora perdida na rua sem saber quem é, para onde está indo e quem é o garoto que a aborda lhe oferecendo ajuda. Não seria uma situação inexplicável e deslocada da realidade, se no dia anterior ela estivesse normal, com suas memórias em dia; e se o garoto que a está abordando não fosse alguém que ela conhecesse mais do que bem, já que foi sua babá e é sua vizinha desde sempre. Tudo piora quando ela afirma estar tendo suas memórias sugadas por um rapaz, dono de uma polaroide e que está tirando fotografias suas, as quais a estão deixando assim, perdida e desmemoriada. O início é interessante, tem momentos tensos e uma estrutura capaz de nos deixar apreensivos. Mas o autor parece se perder um pouco no desenvolvimento (da metade pro final) e nos entrega um desfecho não tão satisfatório assim... o que no meu caso, se repetiu nas demais novelas, infelizmente. A história é boa, apesar de ser cheia de altos e baixos. Os aspectos sobrenaturais são intrigantes e os personagens são bem desenvolvidos. Não supriu minhas expectativas, mas serviu para me impulsionar para as próximas narrativas, me deixando curioso acerca do que mais eu iria encontrar.

Carregado, a segunda novela, já é mais pé no chão, com uma trama mais próxima do real e repleta de críticas sobre racismo, negligência parental, injustiças e falhas sociais e legislativas. Logo nas primeiras páginas nos deparamos com o assassinato de um jovem negro por um policial branco, que atirou afirmando que ele estava segurando uma faca, e que o ameaçou. Mas a questão é que tal objeto ameaçador não passava de um CD. Logo após esta introdução narrativa, temos um salto no tempo e nos deparamos com um crime que levanta um alarde midiático, até que bastante sensacionalista e oportunista para alguns asquerosos personagens. Me reterei nessa breve sinopse para não correr o risco de esbarrar nos temidos e detestáveis spoilers. Mas tal novela é mais que interessante, bem desenvolvida, revoltante e assustadora. Ela é sim mais real, não possuindo nada de tão sobrenatural. Mas como citado no segundo parágrafo, a loucura está presente, mais forte do que em qualquer das outras novelas (pelo menos no que tange a verossimilhança). Ela é macabra por explorar a loucura proveniente do elemento mais assustador que existe no mundo; o ser-humano. Relações familiares, a busca por justiça em um mundo injusto e manipulações criminais. Uma novela que vai fundo na maldade e insanidade humana, através das ações de um personagem que me deu asco enquanto lia e que ainda me desperta sentimentos adversos enquanto tenho o desprazer de lembrar dele enquanto escrevo esta resenha. O desfecho parece agradar a maioria dos leitores, mas sinceramente? Reitero o que já mencionei anteriormente, não gostei tanto assim do final. Terminei a leitura ainda com mais ódio do que senti enquanto lia. Mas independentemente disso; Carregado é em minha humilde opinião a melhor das quatro novelas de Tempo Estranho.

A terceira novela, Nas Alturas, deve ter sido escrita enquanto o autor estava chapado, tamanho sua esquisitice. Brincadeiras à parte, o romance curto da vez traz a interação de alguns personagens momentos antes de saltarem de paraquedas. Enquanto dialogam e vão nos entregando os primeiros vislumbres de suas relações, se deparam com algo estranho flutuando próximo ao avião que estão. Parece ser uma nuvem, mas aparentemente é uma com comportamentos fora do normal, já que se movimenta em direção contrária as demais, contrariando lógicas climáticas; além de possuir um tamanho anormal e parecer e muito com uma nave alienígena. Tudo alcança uma esquisitice ainda maior quando o protagonista se vê em uma situação absurda, tendo a oportunidade de descobrir o que tal OVNI de fato é. É tudo bastante interessante, mas o desenvolvimento é tão weird-fiction (no significado bruto do termo), que me vi curioso ao mesmo tendo que revirava os olhos enquanto lia. Eu gostei (até porque gosto de narrativas absurdas), mas não sei se este meu “gostar” é válido, até por que ainda me questiono se ele é bom, mediano ou ruim. Estranho gostar de algo que não sei muito bem como avaliar. A esquisitice parece não ter propósito, nenhuma metáfora e nem simbolismos que possa explicá-la. Parece ser apenas uma narrativa esquisita, nada além disso. Enfim, é um estranho que vale a pena. Mas não espere respostas lógicas e nem nada excepcional, está bem longe disso.

E a última novela, o grande gran-finale da coletânea, intitulada de Chuva, sofre do mesmo problema da primeira. Começa muito bem, nos instiga, para logo em seguida parecer que o autor se perdeu (do meio pro final). Trata-se de um plot apocalíptico, o que muitos afirmam ser onde reside o grande talento do escritor. Como lidar com uma chuva letal? Como escapar e sobreviver quando no lugar de água começa a chover agulhas? A protagonista, mulher e lésbica (viva a representativa na literatura!), testemunha a morte da namorada e da sogra, vítimas deste estranho fenômeno meteorológico, e por isto decide embarcar em uma viagem para avisar o sogro de tal tragédia. Sua caminhada (meio sem sentido) é repleta de perigos que vão além da sanguinária chuva. O problema pra mim, é que o autor pesa a mão. Temos em excesso personagens lunáticos, diálogos esquisitos e ações que me soaram deslocadas. Eu gostei da história e me vi mais que instigado a chegar ao final. Criei teorias, fui enganado pelo autor e gostei da personagem central. Mas os excessos de Joe Hill me incomodaram; sem contar o clímax que não me convenceu. Achei os momentos finais um pouco corridos e algumas situações muito além do aceitável (me refiro ao final de alguns personagens, muito mal contextualizados). Gostei, mas certamente foi a que mais me decepcionou e o que ao meu ver poderia ter sido a melhor.

No geral, Tempo Estranho é uma leitura válida, repleta de boas narrativas, estranhas em seus cernes mais profundos e bem escritas. Prova que Joe Hill é um autor para se acompanhar e que cresceu como escritor em todos os quesitos. É uma coletânea de romances curtos que fala por si mesma... desde o título até as histórias que a compõe. A estranheza nos encanta, nos instiga e nos alimenta. Talvez seja por isso que o sucesso de tal livro (bastante premiado) não seja exatamente uma surpresa. Como dito magistralmente na sinopse, o terror pode estar em qualquer lugar, e Joe Hill explora com maestria esta afirmação. No caso do livro aqui resenhado, está em suas estranhas narrativas, capazes de despertar os mais estranhos de nossos pesadelos.
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Jeff.Rodrigues 08/09/2019

Resenha publicada no Leitor Compulsivo
Definitivamente o terror pode estar em qualquer lugar. E neste caso não estou falando do senso comum que traduz terror para algo assustador que geralmente envolve o sobrenatural ou entidades macabras. Falo de terror no sentido de algo que causa pânico, que está além de nosso alcance compreender ou modificar, que mexe com nosso sistema nervoso provocando uma paralisia de ações. É o terror de se ver impotente diante de algo que vai mudar terrivelmente os rumos da nossa vida.

O terror pode nascer a partir do momento em que um cidadão aparentemente de bem sente-se acuado naquilo que considera como direito seu. Pegue um homem com senso de superioridade, macho e destemido e coloque-o sob o jugo da lei. Diga a ele que pessoas não podem andar armadas ou que maridos não podem ameaçar esposas ou filhos. Depois, deixo-o enfrentar uma situação de tensão e, tcharam, saiba que ele está armado. Pronto! Temos um terror. Essa é a premissa de “Carregado”, na minha opinião a melhor história da coletânea Tempo Estranho, de Joe Hill. Escrito pouco antes da sanha armamentista voltar ao debate público, “Carregado” disseca visceralmente o que armas e pessoas despreparadas, juntas, podem causar na sociedade. A história tem uma construção terrivelmente verídica, palpável e impossível de não associarmos a conhecidos nossos que certamente teriam as mesmas reações do protagonista. O final traz um toque de ironia que causa incômodo. É magistral em todos os sentidos e serve de reflexão. Alô Brasil… A trama aqui cai como uma luva ilustrativa daquilo que corremos o risco de vivenciar.

“Instantâneo” traz uma fantasia metafórica, com toques bem dramáticos, do processo de envelhecimento, da perda de memória, talvez do Alzheimer. Aqui, o terror esbarra levemente no sobrenatural para falar de algo triste que nos coloca impotentes. A fotografia que captura lembranças e vai apagando a memória é, perdoem o trocadilho, um retrato de como o passar do tempo é implacável com o homem. Em “Chuva”, as possibilidades que o caos ambiental pode trazer ao planeta são levadas a consequências extremas a partir de cristais afiados que caem dos céus e lançam destruição e morte por onde passam. A briga de nações, os segredos científicos e uma galeria de personagens que mescla fanáticos religiosos, intolerância sexual, russos e opiniões pra lá de polêmicas dão um tom terrivelmente real para uma trama tão fictícia. Por fim, “Nas Alturas”, a mais fraca das histórias, apresenta um sujeito preso em uma nuvem sólida capaz de realizar seus desejos.

O talento de Joe Hill demonstrado em romances longos como Nosferatu, meu preferido, se mantém vigoroso nas narrativas curtas que compõe Tempo Estranho. Curioso notar que esse tempo tanto pode ser interpretado como climaticamente, como no sentido de uma época. Falo isso porque, na minha visão, as quatro histórias são uma pintura cruel e real de momentos estranhos que nós estamos vivendo no mundo. Por mais bizarras que sejam as situações descritas, há cenas e passagens que exploram o lado perverso de uma humanidade que vem perdendo o senso de harmonia entre os iguais. Aliás, vivemos em um mundo onde o conceito de iguais vem sendo combatido com unhas, discursos e dentes. “O que aconteceu ontem já aconteceu antes… com Sodoma e Gomorra. Nós deixamos a sua laia se misturar conosco”, diz um “exemplar” pai de família para a garota lésbica em “Chuva”.

Embora em alguns casos as histórias pequem um pouco pelo excesso de detalhes, Tempo Estranho é um livro poderoso. Os vislumbres dessas cenas corriqueiras, meio fantásticas, mas com pequenos pés na realidade, provocam incômodo e reflexão. A narrativa de Hill é envolvente e ele sabe conduzir o leitor pelos caminhos mais naturais até o momento de dar o golpe de misericórdia. A paisagem ensolarada se vê, do nada, em frangalhos de tempestade e é aí que percebemos que, de verdade, o terror está escondido em absolutamente qualquer situação. Basta termos seres humanos envolvidos.

site: http://leitorcompulsivo.com.br/2019/08/11/resenha-tempo-estranho-joe-hill/
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Teffa 14/04/2024

Histórias notadas.
Gostei das histórias n° 1 e n° 2, não gostei das outras histórias, mas achei meio sem sal e açúcar, mas realmente vale a pena sim dar uma lida, pena que as histórias 1 e 2 acabaram rápidos, mas da uma curiosidade grande pra saber mais e mais sobre o desenrolar dessas histórias..
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Kléver 27/02/2020

Tempo estranho, contos estranhos
Amo Joe Hill.

Comecei o livro com expectativas altas, uma vez que não procurei nada sobre o livro antes de iniciá-lo. Apenas a paixão pelo autor.

O primeiro conto "Instantâneo" é simplesmente incrível, desde a construção da narrativa quanto dos personagens. Gosto de como esse conto teve todas as suas bordas bem delimitadas. Nesse ponto, super empolgado e ansioso pelo resto.

"Carregado" traz grandes reflexões acerca de temas sensíveis. Foi de longe o melhor conto do livro, não conseguia parar de ler.

Foi em "Nas Alturas" que o trem começou a descarrilhar para mim. Não senti conexão com o personagem e a história não foi se desenvolvendo bem. Foi um conto que eu tive que realmente me forçar para terminar, apenas pela obrigação mesmo.

Posso dizer que não prestei muita atenção em "Chuva" justamente pelo esfriamento que o conto anterior me passou.

De todo modo, Joe é um escritor incrível e de uma genialidade ímpar e, mesmo sem querer compará-lo, a fruta nunca cai longe do pé.
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