Bê. 29/10/2021
Grande obra, mas cansativa?
Eu, com certeza, me impressionei com os pontos positivos dessa obra: o questionamento de tantos pontos absurdos e revoltantes da sociedade, como o porquê da necessidade de certos contratos sociais, da liberdade do indivíduo para viver e expressar seus sentimentos, da dificuldade de ascensão social, da mulher encarada como propriedade e não um sujeito de direitos? tudo isso, levando-se em consideração o contexto histórico do autor, é digno de aplausos.
Questionamentos necessários, devidamente ilustrados e personagens que dão voz a essa angústia de não se encaixarem em uma sociedade tão estagnada.
Mas - preciso dizer O Mas! - como foi difícil me conectar com os personagens! São tão exageradamente e desnecessariamente melindrosos, a Susana chega a irritar.
Acho que o intuito de constitui-los dessa forma foi, além de deixar claro o tanto que as questões problematizadas na obra traziam aflições aos verdadeiros sujeitos sociais da época, também visavam contagiar os leitores, que constituíam essa sociedade retrógrada, a fazerem suas reflexões e contribuírem para a mudança do status quo.
Talvez, à época, o objetivo tenha sido atingido, com certeza deve ter sido chocante ler algo assim e impossível de se ignorar a reflexão. E por isso, não nego o valor gigante dessa leitura.
Infelizmente, lendo-o hoje, por pouco não o abandonei devido a tantos melindres, que eu, na minha humilde OPINIÃO, acho pouco suportável e pouco verossímil também, que todos os personagens se colocassem sempre como grandes vítimas, incapazes de refletirem sobre suas próprias contribuições àquela sociedade que os oprimia.
Ao final, fiquei feliz por ter insistido, é uma obra revolucionária de toda forma, e deve ter sido mais fácil de ler à época de sua publicação, em formato de folhetim.