FellipeFFCardoso 07/09/2023
Eu fui um criança no interior de Goiás e me lembro muito bem de cheiros, vozes, situações que, de certa forma, são muito universais entre nós, os brasileiros. Talvez seja esse o fio identitário o que nos alinhava a todos: nós, tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão comungados de algo que nos marca como povo. O livro da Jarid é sobre esse fio, essa linha invisível que está no Cariri, em Goianésia, em Catas Altas, em Matosinhos, qualquer cidade desse imenso lugar que chamamos de país. São contos narrados com voz de alpendre, com cheiro de café, com vento quente no rosto, um passarinho ou outro chilreando ao longe, casco de cavalo batendo no asfalto, criança correndo na rua. É tudo tão próximo, ainda que em seu devido lugar, que cada conto parece criar uma biografia não de nós mesmos em nossa individualidade, mas desse lugar brasileiro feito palco onde, mesmo sem grandiloquências, brilhamos todos. Meus contos favoritos são: Boca do Povo; Marrom-escuto, Marrom-claro; Telhado quebrado com gente morando dentro; Gesso: e Olhos de Cacimba. Um livro para todos e por todos. Excelente.