spoiler visualizarelaflorencio 17/10/2021
Livro que devia ter mais reconhecimento para estudo.
Minha vida de Menina é o diário de Helena Morley,uma garotinha de 13 anos que viveu em Diamantina, Mina gerais. Helena escreve o diário até seus 15 anos, 1895.
Mãe brasileira, pai inglês. A garota recebe uma educação dividida mas sempre acaba pendendo para o lado brasileiro. Aventureira, rebelde, de riso frouxo, só queria saber de brincar, correr e trabalhar. Odiava estudar e também não comentou sobre garotos uma só vez em seu diário.
Muitas vezes achei nos costumes da família de Helena as tradições de minha própria família, por serem ambas famílias católicas e levarem tão fervorosamente os feriados santos, o bacalhau aos domingos, as procissões. Também achei as expressões que sempre ouvi da boca de meus avós e bisavós, até mesmo meu sobrenome achei no nome de um dos padres da época, e isso divertiu-me muito.
Mas falemos sobre o peso histórico desse livro.
Quando comecei a ler, o racismo evidente das falas e ações da família de Helena me incomodou muito. Já a garota era muito ingênua, e apesar de saber que faziam diferença de preto e brancos, ela não levava muito a sério como os adultos. Um cenário tão pouco tempo depois da lei Aurea de 1888 deixa bem claro coisas que não são ditas nos livros de história. Nada mudou.
Helena conta que sua vó tinha escravos, e quando a lei fora assinada todos eles saíram para dançar e pular no terreiro, cantando que estavam livres agora. Porém, horas depois os mesmo voltam, pedindo á senhora que ficassem para trabalhar. Achei o trecho muito pesado, pois mostra a falta de apoio, sem oferta de empregos e o preconceito eminente.
Foi um assunto muito comentado no livro, e que tem mais a ser destrinchado do que o limite de palavras deste post me permite.
De qualquer forma, gostei muito do livro e o achei muito divertido para ser um diário com coisas cotidianas.