isadora.borsato 18/02/2023
Dom Pedro Dinis Quaderna era descendente do que ele dizia ser a verdadeira família real brasileira, provindo diretamente do Sertão, da Pedra do Reino, símbolo da grandeza dos Quadernas.
Reino este que passou por divergências como todo reinado que se preze, com muito fanatismo e sangue derramado.
Na sua lógica, o Brasil já tinha seus Reis, e esses eram Sertanejos, nascidos do Cangaço, de pele morena, chapéu de couro e cavalos com selas adornadas de estrelas de prata.
Os verdadeiros guerreiros da nossa terra.
A prosa parece de outro mundo, linguagem nordestina, semelhante a poesia, quando se sente, mas não se entende completamente.
É por essa via que Quaderna resolve dar vida novamente a sua linhagem Real: pela escrita de uma epopéia, obra grandiosa que o garantirá o título de Gênio da Raça Brasileira e a vitaliciedade de suas origens.
Dinis, por vezes, parece lunático, sonhador, mascarando a realidade árida e difícil do Sertão, da sua própria vida, com a fantasia de uma revolução principesca em que estaria envolvido.
[...] Quaderna, na sua condição de autor cria, pela imaginação, um mundo ilusório que compensa da penúria do mundo real [...] (Pag.824 - Carlos Newton Junior)
Não é uma obra linear, pelo contrário, é subversiva, até mesmo agressiva, mas também encantadora.
É um tributo atemporal para a nossa própria raça, o que há de belo e o que há de feio, ao passo que, somos feitos de ambos.
"Neste livro, homens, feras, a beleza e a miséria, o sonho e a realidade, o mito e a descrença, o ódio e o amor, nos envolvem e povoam a solidão da nossa leitura. E ninguém sairá impune dessa leitura porque nela encontrará a farsa do mundo a ser representada." (Pag 766 - Maximiano Campos).
Uma história indecifrável, divertida, difícil e admirável, rica de características que é impossível definir, limitar e rotular.
É canção, é poesia, é tragédia, é romance, é revolução.
Seja realidade disfarçada ou seja sonho contado, Quaderna é tudo, menos doido varrido, como disse o Sr.Corregedor, ele é um verdadeiro nacionalista, mas não do tipo que luta com penicos, não, é do tipo que glorifica nossa nação como deve ser, com a elevação da cultura, sem se deixar enganar, reconhecendo nossas falhas sim, mas acima de tudo, reconhecendo também nossa maior qualidade: a perseverança ante a adversidade sem perder a fé de dias melhores.
"Ave Musa incandescente
do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue,
o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas
e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!"