Vitoria.Milliole 24/10/2021
Capa linda, sinopse incrível, história péssima.
Li esse livro há cerca de um ano e só agora, vendo tanta gente empolgada para ler nesse mês de halloween, me deu vontade de escrever uma resenha. Nem tenho mais o livro, recentemente troquei num sebo porque realmente me frustrava ver entre a minha coleção aquela capa tão linda e lembrar que fui enganada por ela.
Aliás, essa é boa parte do problema: a capa maravilhosa e a sinopse incrível, juntas, vendem uma história inesquecível. Por que não ler? Ainda por cima é tão baratinho!
Bom, ele é inesquecível, mas pelo motivo errado.
Ember é uma bruxinha de 17 anos com mentalidade de 12; mais burra, impossível. Jack é um lanterna responsável por proteger o portal para o Outro Mundo ? que, por sinal, é bem mal explicado. Ele acompanha o crescimento de Ember sem ela poder vê-lo, apesar de sentir sua presença, mas denunciar uma bruxa acarretaria nela sendo levada para nunca mais ser vista, e ele não quer isso, pois criou afeição por ela. Do nada.
Quando ela finalmente o vê, também sente certa afeição por ele e uma sensação inexplicável de que deve ir para o Outro Mundo, mas Jack nega. Até que chega um vampiro que quer justamente levá-la para lá.
A coisa começa a me incomodar quando Jack, um cara de centenas de anos, se mostra apaixonado por Ember que, repito, tem 17, a quem ele viu crescer por alguns anos e, na minha opinião, o único sentimento possível nesse caso seria um sentimento paternal. Piora quando ela retribui. Mas piora ainda mais quando o vampiro, sem explicação nenhuma, também está apaixonado por ela (adendo: como vampiro, ele também tem algumas centenas de anos). Triângulo amoroso? Que nada! O amigo humano de Ember, que cresceu com ela, também é apaixonado por ela. O único cuja paixão seria justificável e o único que é completamente deixado de lado por ela.
Ember é uma protagonista inconsequente e um ímã pra homens, assim, sem nenhuma explicação, além de ser burra como uma porta e não ter consciência da atração que todo mundo sente por ela. Ela só faz burrada e constantemente precisa ser salva por Jack. Os detalhes do mundo criado pela autora são ignorados, nada é muito explorado e parece que o foco é o quarteto amoroso ridículo e completamente desnecessário. Ela não colocou o mínimo de carisma na protagonista e na maioria dos personagens, só saiu jogando informações e elementos do halloween pra dizer que o livro é sobre isso enquanto nos apresenta, na verdade, uma história idiota de uma menina mais idiota ainda. A personalidade dos personagens masculinos se resume a disputar o amor de Ember; a dela, se resume a não perceber isso.
Os acontecimentos, até os mais interessantes, parecem não ter um porquê. A narração fala, fala e não diz nada. Ninguém se questiona, ninguém tem medo, ninguém se assusta, por piores que as coisas pareçam pra quem está lendo. É como se você passasse numa rua, presenciasse um acidente e continuasse andando como se nada tivesse acontecido, e ainda repetisse a ação que acarretou no acidente, sem temer ou se questionar, como se realmente não fosse nada, sabe? Muita coisa é apresentada e quase nada é desenvolvido, tudo é tratado com tanta naturalidade que fica tudo, menos natural. É como se fosse suposto que o leitor já conhece o mundo criado e que os próprios personagens já sabem o que vai acontecer, nada é assustador ou novo o bastante pra eles.
A Chama de Ember foi o livro que me fez começar a ler resenhas, e não só a sinopse, antes de comprar qualquer livro. Se tivesse lido as avaliações, com certeza não teria comprado. O final é o que salva, porque foi a única parte que não me deu sono ao ler. E é por ele essas poucas estrelas.