Letícia 03/07/2021
Pedagogia da Autonomia foi o último livro de Paulo Freire publicado em vida, em 1996. Neste livro, o patrono da educação brasileira apresenta, com base em suas experiências, um conjunto de conhecimentos que julga necessários ao educador progressista em formação.
Tendo como premissas o “inacabamento” do ser humano e sua vocação ontológica para “ser mais”, Freire argumenta que a educação é uma atividade permanente e que quanto mais nos tornamos sujeitos do processo de aprendizagem, mais e melhor aprendemos.
Nesse sentido, a função do educador não pode ser “depositar” conhecimento em um educando passivo, mas sim construir sua autonomia, estimulando-o a produzir ativamente sua própria compreensão do que foi comunicado em sala de aula. Cabe, assim, ao educador não apenas comunicar, mas também saber escutar, respeitando o educando sem se colocar em posição de superioridade.
Contra o conformismo alienante, a burocratização da mente e a desumanização promovidos pela era neoliberal, o autor defende a liberdade de assumirmos a responsabilidade pelos nossos próprios atos.
Seguindo essa linha de pensamento, Freire aponta a importância de aliar o conhecimento de vida do educando ao conteúdo disciplinar a ser ensinado. Dessa forma, o educador auxilia o educando a transformar sua curiosidade espontânea - isto é, a inquietação indagadora inerente ao ser humano - em curiosidade epistemológica, pautada na criticidade e no rigor dos métodos de apreensão da realidade.
Reconhecendo a impossibilidade de uma educação não ideológica ou neutra, o educador deve fornecer ao educando as ferramentas de avaliação da sua condição social, para que esse seja capaz de resistir e superar as violências às quais é subjugado.
Se é certo que todo educador dito progressista deveria ler Paulo Freire, sua obra não se restringe àqueles que se dedicam ao magistério. Ao contrário, esta é uma leitura válida para quem quer refletir sobre como lemos, como aprendemos e como enxergamos o mundo. É, principalmente, para todos que acreditam na capacidade transformadora da educação.
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