Vitória 09/08/2022
Esse foi um livro que já tava anunciado que eu não ia gostar, mas o problema é que eu sou teimosa e não queria aceitar isso. Meu primeiro contato com essa história aconteceu quando eu tinha uns 15 anos, quando assisti o filme na estrada, baseado nesse livro, que é dirigido pelo Walter Salles. Walter é, de longe, o meu diretor brasileiro favorito, e na época eu inventei de maratonar todos os filmes do cara, e esse foi o único que eu odiei com todas as minhas forças. Pensei que só era uma história que não conversava com a Vitória de 15 anos, e que talvez mais pra frente ele viesse a me agradar mais, talvez se eu lesse o livro antes o negócio desse certo. Mas aqui está a Vitória de 22 pra dizer que esse negócio não deu nada certo.
Não sei se o livro é muito louco ou se eu tava muito louca quando li, mas tem poucos dias que concluí a leitura e já não me lembro de quase nada. A história inteira se resume ao Sal andando pelos Estados Unidos com uma galera maluca e contando pequenos causos que acontecem com eles (todos muito loucos). Isso até poderia ser interessante, se o autor tivesse gasto um tempinho desenvolvendo os personagens e fazendo com que eu me apegasse a eles, mas isso não acontece, eles só são jogados lá na minha frente. Claro que, durante o livro, descobrimos algumas coisas sobre eles, mas são tão poucas que não fizeram a mínima diferença pra mim.
A narrativa é muito cansativa, do meio pro final eu só queria que o negócio acabasse ou que os persoangens se lascassem bonito, porque o desenvolvimento deles foi tão fraco que em certo momento eu só sabia sentir ódio por cada um. Li os textos de apoio que estão presentes nessa edição, e entendo o que o cara fala sobre esse livro ter definido uma geração e o Jack ter quebrado completamente com um estilo de escrita mais formal e europeu que estava em voga e era considerado o certo até então. Mas também não me sai da cabeça que essa escrita mais informal já tinha sido colocada em prática aqui no Brasil décadas antes durante o modernismo. Mais uma vez é aquila coisa: quando o brasileiro faz é mais do mesmo, mas quando o estadunidense faz o mesmo é revolução.
Tinha planos de rever o filme do Walter depois de concluir a leitura, mas não consegui. Fiquei com tanto ódio desse negócio que, nos 15 minutos de filme, quando os protagonistas começam as sessões de drogas e loucura, eu só desliguei. Sempre que trago um livro que não gostei pra cá eu tento dizer que ele talvez fizesse sentido pra mim se eu o tivesse lido em outra época, mas acho que isso não aconteceria com esse. Não deve ter nenhuma versão minha que teria gostado desse negócio. Já me disseram que essa não é a melhor obra do Jack Kerouac, mas eu sinceramente não tenho mais interesse em ler nada dele depois disso aqui.