lissandra 30/11/2022
Sensível e inquietante
O livro inicia em forma de confissão, quase como um diário, Bernardo Soares trás suas concepções sobre o mundo, detalha a monotonia do seu cotidiano e o cotidiano do ser humano em si. Ao aprofundar a minha leitura, senti a necessidade de Bernardo Soares de retratar a verdadeira essência humana, a sua alma desnuda, sem idealizações e com uma certa ironia.
?uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma. É o sentimento súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo??
Além de deslumbrar a condição crua da alma humana, há também um deslumbramento da sua própria alma, talvez até uma busca pela sua identidade, que gera uma aflição, não possui apenas uma mas várias e devido a isso consegue escrever com tanta maestria sobre o que propôs.
Em cada página um novo pensamento, uma nova reflexão aflora, deixando o livro sem ordem cronológica e ao meu ver ainda mais sensível.
É uma viagem pelo inconsciente do semi heterônimo e me ponho em risco ao dizer que, uma viagem pelo inconsciente de Fernando Pessoa.
Sensível, forte, reflexivo e extremamente inquietante é o livro desassossego, um relato da vida e do que se percebe sobre ela.
?Porque eu não sou nada, eu posso imaginar-me a ser qualquer coisa.?