Henrique Pontes 24/04/2011
Todo jovem poeta de nossa língua sonha com Fernando Pessoa. O sonhador se tornou o sonho, o ideal, o impossível Fernando Pessoa.
Aqui Pessoa reflete com tal profundidade e perfeição seu ensimesmar anímico que acabou retratando a própria condição da alma humana de seu século, de modo a não poder haver um único homem que, ao abrir este livro soberbo, não se identifique ao menos com uma das confissões tocantes guardador de livros Bernardo Soares.
A estrutura de anti-romance do livro, concebida de modo a narrar a trajetória interior do personagem, de sorte que o resultado final não poderia ser senão reflexões e sensações indistintas e sem ligações aparentes entre si, mas formando uma unidade raramente conquistada na obra de um escritor.
Este livro é mais que um marco na história da literatura universal, é uma tremenda descoberta da alma humana. Incomparável. Com esta obra Pessoa sobe à classe dos mestres inatingíveis. Uma vez íntimo desta literatura, difícilmente se consegue deixar o livro na estante e quer-se tê-lo sempre na cabeceira.