Christiane 05/05/2022
Ainda estou digerindo minha raiva e indignação ao ler este livro. Raiva não da autora, mas do que ela relata. Ela começa com a questão do cercamento de terras na Inglaterra na época da Revolução Industrial, pois a caça às bruxas não se deu na Idade Média como muitos pensam, mas no começo da Idade Moderna. As pessoas pobres plantavam em terras comunais e de repente perderam este direito, as terras foram cercadas. As fábricas precisavam de mão de obra, e com isto se forçou os homens a irem trabalhar nas fábricas. Porém as mulheres reagiram, arrancavam as cercas, contiuavam a plantar, e faziam isto de forma coletiva, respeitando a natureza. Além disto há um capítulo onde ela explica o que significava gossip, que traduzido é fococa. Só que naquele tempo gossip significava a amizade entre as mulheres, a sororidade, e isto foi disvirtuado para fazer com que as mulheres se separassem. Como elas eram independentes, até se reuniam nas tavernas para beber e conversar, isto tinha que acabar. Também temiam sua sedução, afinal ela podia levar o homem para onde quisessem. A solução? acusar de bruxaria e matá-las na fogueira, para com isto intimidar, aterrorizar as mulheres e fazer com que fossem para casa, procriar mão de obra e manter o trabalhador com comida e roupas.
Mas o pior, isto não acabou como muitos pensam. Atualmente em vários lugares, principalmente na Índia e África se mantém a caça às bruxas. Na Índia por causa do dote do casamento, e na África pelas terras. São principalmente as mulheres idosas que ainda mantém seu pedaço de terra e plantam de acordo com seus conhecimentos ancestrais. São perseguidas e mortas, principalmente pelos jovens que querem a terra. Em Gana há inclusive um campo de bruxas, ou seja, um campo para onde as mulheres vão em busca de alguma proteção. E o pior, há pouca reação contra isto. Por isto minha raiva e indignação.