Amanda3607 02/12/2023
Melancia aguada, há quem goste...
Melancia é um romance que promete humor, mas só me despertou tédio. A protagonista, Claire, 29 anos, imediatamente após sua gestação ganha uma linda filha e a dolorosa notícia de que seu amado marido James decidiu deixá-la para continuar um relacionamento, que já existia há cerca de 6 meses, com sua vizinha.
Como é de se esperar, associando o trauma do abandono, o turbilhão de hormônios pós-parto e todas as mudanças físicas, psicológicas e cotidianas que envolvem colocar uma criança no mundo, Claire, por longas páginas, sente-se sem nenhuma auto estima, apresenta uma visão deturpada de si e descreve-se como uma melancia por sua aparecia duante o puerpério. De volta a casa dos pais ela sofre para adaptar-se a dinâmica familiar, chora, cria ilusões com o marido que a deixou, projeta suas frustrações principalmente na mãe e nas irmãs, e sem julgamentos, apenas um fato, pouco cuida de sua pequena recém-nascida.
Os capítulos são longos e exaustivos, não encontrei graça, resiliência ou emponderamento. Li sobre uma mulher que para superar um relacionamento fracassado precisa apaixonar-se em menos de 3 meses, ainda fragilizada e mentalmente adoecida, nutrindo novas expectativas com outro parceiro, obviamente lindo, gentil, inteligente, como ela bem o descreve, mas me pergunto se sua percepção é mesmo confiável no momento em que se encontra.
As estrelas, ainda que poucas, se devem a abordagem da autora sobre a tentativa de reconciliação por parte do marido, James, que apesar de arrependido, não demonstra esse sentimento a Claire, mas opta por um jogo psicológico vergonhoso, insistindo em convencê-la que o interesse por outra mulher, a traição, o abandono e o fim do casamento, foram motivados por ela, pois ela era insuficiente, ela não havia cuidado do relacionamento e apenas ela poderia transformar-se, abrindo mão de si, para restaurar aquele relacionamento. A realidade que nos cerca não é tão diferente assim, tal comportamento ridículo, infelizmente, é muito comum entre os homens e na sociedade, de forma geral, consequentemente inúmeras mulheres acreditam e assumem a total responsabilidade por seus relacionamentos fracassados, apagando-se e deprimindo-se, até não se reconhecerem mais. É preciso de terapia e rede de apoio para que a mulher também, ainda que de maneira involuntária, não traia a si mesmo ou se abandone.
Não é um livro que eu leria novamente, a leitura não foi fluida e prazerosa, mas ainda não achei possível não absorver algo positivo em um livro! ? ????