Márcia 15/02/2011É sushi, né?
Sabe aquele tipo de livro que te conta o final logo no início mas que mesmo assim consegue te segurar até lá? Aquele livro que você se pega lembrando no ônibus ou na escola como se de fato conhecesse as pessoas nele? É o caso do Sushi.
Como o nome sugere, Sushi é um livro leve, prazerosamente exótico e delicioso.
Minha segunda chance com Marian Keyes se mostrou muito válida. Depois de Melancia devo dizer que não esperava grande coisa, apesar da comoção que os lançamentos da Marian sempre causam aqui, eu ainda queria entender o motivo, já que, para mim, Melancia é bastante mediano. Com Sushi abri meus horizontes para a autora tão desejada pelas fãs de chick lit.
A Marian tem aquele estilo franco de escrever; a mim não parece que suas piadas são forçadas ou que algo no texto desse livro tenha sido verdadeiramente planejado. A impressão é que de ela começou a escrever e as coisas foram acontecendo... Até mesmo os palavrões ou expressões mais vulgares que enventualmente aparecem – extremamente perigosas para um livro amador – estão ai como parte dos próprios personagens.
Tão bem contruídos e orquestrados, uma gama de personagens hilários e particulares fazem paralelismo numa confusão de histórias envoltas nas três histórias principais. Não adianta eu aqui dissertar sobre todos eles, ou até mesmo sobre as três personagens principais – até por que, para mim todos os personagens contrubuíram de um jeito ou de outro para o resultado final.
Basta apenas dizer como me apaixonei pela doce, ingênua e submissa Ashling; senti pena, raiva e pena de novo da infeliz Clodagh; e, por fim, dei a volta por cima – por onde podia – com a determinada Lisa.
Os mais variados sentimentos femininos são desnudados pela Marian – desde a submissão à crueldade do mundo selvagem empresarial.
Interessante como a Marian puxa novamente para o lado da depressão feminina, uma grave doença que, ao meu ver, não é tratada com a seriedade que precisaria pela autora. O tema da depressão é usado como uma consequência de uma série de motivos superficiais demais. Me faltam conhecimentos mais apurados sobre o assunto, mas acredito que a depressão seja de uma profundidade muito maior que a tratada pelo livro. As razões apresentadas são válidas, no entanto talvez o modo de tratamento da doença – a facilidade – tenha me incomodado um pouco.
Enfim, um chick lit de primeira. Daqueles de saborear com Sushis ao lado.