Marcos 28/04/2022
"Sou filha da natureza, noiva do infinito!"
A Rainha do Ignoto discorre fundamentalmente sobre a força feminina e a sua resistência na sociedade patriarcal.
A história retrata a trajetória de uma figura feminina forte, imponente e misteriosa, a Rainha do Ignoto. Uma mulher fantástica (nos dois sentidos da palavra) líder de uma sociedade secreta de mulheres, hierarquicamente organizada em uma ilha, a Ilha do Nevoeiro, que é protegida por uma força mágica contra os olhos atrevidos de invasores. A Rainha do Ignoto é uma mulher mística, uma camaleoa. Consegue ser diversas personalidades e assume vários nomes em prol do seu propósito maior: o recrutamento de mulheres que sofreram absurdos na vida, auxiliando-as a um recomeço e tornando-as fortes e confiantes para fazer o bem.
A Rainha do Ignoto causa essa sensação de estar lendo uma lenda, um mito com traços nordestinos e com a sutileza dos contos de fadas da Europa.
O romance pinta uma utopia, uma comunidade de mulheres empoderadas, chamadas de paladinas que buscam ajudar aos perseguidos pelo sistema opressor da época.
A parte inicial da história (que traz a Funesta) é muito envolvente. No entanto, ao decorrer da trama, o fantástico fica de lado, e o real pesa mais, deixando a narrativa mais lenta e arrastada (ruptura no equilíbrio do real com o mágico). A escrita da autora é agradável e ágil (lembrando que esse é meu primeiro contato com essa autora), porém, como dito anteriormente, o enredo se perde um pouco, podendo vir a decepcionar alguns leitores, que esperam por um realismo fantástico (pleno e único no conceito). A grande verdade é que o elemento que sustenta a aventura mágica é a própria Rainha, que na maior parte das vezes resolve suas adversidades com truques e atos envoltos por um poder místico. É contado sobre a origem da personagem, mas nada tão evidente a ponto de sair do campo do mistério.
Enfim, A Rainha do Ignoto foi uma aventura satisfatória, todavia, acompanhar a história em si não é tão incrível quanto saber mais sobre essa figura feminina de poder e de alma humana.